13- Trato II

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Miya já sabia que Shoyo e Kageyama estavam atrás do objeto para conseguir a posse do felino novamente, também imaginava que para conseguir isso iriam fazer qualquer coisa. Entretanto não se reconhecia o suficiente para saber que aquilo  iria o fazer ficar preocupado com Sakusa.

Aquele pivete era um verdadeiro insuportavel quando queria, mas também tinha seus lados agradaveis e sinceramente, como Miya pensava, ele até parecia ser ''gente'' quando queria.

Já teve dias em que Sakusa demonstrava se importar com aquele gato em pequenos detalhes sem necessidade de palavras, era bem simples, acordando ele para comer, fazendo a refeição de ambos com cuidado para não colocar nada que o bichano já mostrou não se agradar. Quando Miya adoeceu, Sakusa não saiu de seu lado em momento algum. De acordo com o garoto, era para garantir que o gato não iria sair espirrando em cima das suas coisas e as contaminando, mas aquele olhar preocupado não enganava e mesmo quando ele estava dormindo, Kiyoo o olhava do mesmo jeitinho. No fundo e pelo que conseguia tirar para si, acreditava que Sakusa tinha aquele jeitinho chato, mas no fundo...era somente um rapaz que sentia falta de ter uma companhia que o acompanhasse em seu ritmo. Veja, gatos não são como humanos, humanos tem mil e um deveres e obrigações que até os causam um estresse, já os gatos? eles são calmos, caladinhos e mesmo assim parecem entender o que o outro sente. 

De noite quando ficava sentado para escrever naquele diario, Miya sempre ficava sentado ao lado, mas de costas para Kiyoomi e isso estranhamente fazia o moreno sentir que aquele felino confiava nele. Ok que aquele caderno era doidinho das ideias, nunca viu tantos conselhos absurdos, alguns até chegava a concordar, mas o gato sempre se metia e o fazia colocar a cabeça no lugar.

— Se seguir tudo que um caderno fala, você vai acabar sendo influênciado muito fácil. 

— As vezes ele parece me entender melhor que os outros, além disso, volto a dizer que o caderno é seu e VOCÊ quem me fez usar!—Sakusa estava deitado na cama com aquele gato ao lado, de costas para ele, abaixando as orelhas que conhecendo o humor do dono, sabia que tinha o aborrecido.

— Ele só fala o que você quer ouvir, ele tem esse poderzinho, qualquer idiota cai...—Uma pena ser um dos idiotas inclusos.—Ele não vive o que vocÊ vive, logo, nem sempre está certo. Você deveria abrir os olhos para além do muro, é para isso que ele serve.

—Além do muro? como assim ele serve para isso?

— Você não notou? pensei que fosse inteligente.

—Quer me chamar de burro quando você é quem virou um gato? —Kiyoo riu, Miya balançou o rabo antes de se virar na direção do dono.

— Descubra sozinho, desisto de você, espero que ele te transforme numa ratazana.

É, ele se magoava fácil as vezes. Sakusa riu mais, se sentando na cama e puxando aquele gato para o meio de suas pernas o dando direito de ficar um pouco mais perto do dono do quarto.

— Não vai começar a ser ranzinza comigo, vai?

— Antes ranzinza, minha vontade verdadeira é meter minha pata na sua cara de sonso.

— Miya, você sabe perfeitamente que se ousar fazer uma besteira dessas, vai ficar sem casa.

— Se tu me expulsar, quem fica sem casa é você. Experimenta me colocar pra fora para ver se sua mãe não te quebra no meio, pivete.

— Vai me contar como o diário funciona ou não?

—Depende, vai tirar as mãozinhas da minha barriga ou não?— Um verdadeiro exagero, Sakusa nem estava de fato com as mãos na barriga de Miya, pelo menos não mais.—  Veja o diário como um terceiro, quando você briga com algum amigo, se é que você tem isso por aqui...e quer desabafar sobre a briga para uma terceira pessoa que não conhece o seu amigo. A pessoa tende a entender o seu lado que é o que ela vai ver, ouvir, sentir, ou seja, conhecer. Já o outro ela só sabe pelo que ouviu de você e sua verdade NUNCA vai ser uma verdade, vai ser a sua verdade apenas. O que quero dizer com isso é bem simples, vocÊ sempre vai entender apenas 6% de 100% de qualquer situação se não correr atrás de uma conversa calma, respeitosa e sincera de ambos lados. Isso se aplica ao outro lado também. É natural ele falar o que você quer ouvir, ele não sabe o que seus pais sentem, o que eles vivem, pensam, como são e quem são. Nem vocÊ sabe, assim como seu pai não conhece totalmente sua mãe e ela não conhece totalmente o seu pai, quem é você para sair falando algo negativo deles como se fosse uma verdade TOTAL?um fato? você não passa de um humano magoado.

Sete Vidas - SakuatsuOnde histórias criam vida. Descubra agora