Capítulo 3

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AMARA

— Você deveria tomar mais cuidado. —disse ele ao me soltar.

Balancei a cabeça para os lados para voltar a realidade e parei de encarar aqueles olhos.

— Perdão, senhor. —pedi e voltei a andar.

— Espera!

Paralisei no mesmo instante ao ouvir a sua voz, me virei então para encará-lo. O loiro continha uma feição confusa em seu belo rosto.

— Já nos vimos antes? —questionou com a testa franzida enquanto dava alguns passos em minha direção.

Novamente me sinto nervosa, por isso acabo desviando o olhar noto quando a governanta vem se aproximando.

— No restaurante. —respondo. — Sou a garçonete que te atendeu.

Ele abre a boca para falar, mas a governanta é mais rápida.

— Senhor, o quê está fazendo em casa há essa hora? —pergunta curiosa.

— Esqueci uma pasta importante. —respondeu-lhe e me encarou novamente. — O quê você veio fazer aqui?

— Vim para a entrevista. —informo. — Mas a vaga já está ocupada.

— Magna, quero que contrate essa moça. —ordenou me surpreendendo.

— Sim, senhor.

— Ótimo. —disse ele ao olhar para mim. — Seja bem vinda, senhorita.

Não pude nem mesmo lhe agradecer já que o mesmo vai embora rapidamente passando pela porta da sala com pressa.

— Bom, você ouviu o chefe. —voltei a a olhar para a governanta. — Amanhã mesmo você começa, tenha um bom dia.

Apenas assinto ainda de boca aberta. Eu realmente havia conseguido a vaga?

Mas por quê de fato aquele homem me ajudou? Não fico pensando nisso por tanto tempo e resolvo voltar para a minha casa, tento dormir um pouco já que eu estava exausta.

Durante a tarde vou até o restaurante e peço demissão. Como hoje é o dia de folga da Jane saímos para jantar em uma pizzaria.

— Então você vai mesmo trabalhar na tal mansão? —pergunta enquanto mastiga uma fatia de pizza.

— Sim. —assinto. — Na verdade eu já estava voltando derrotada para casa mas o próprio dono da casa mandou que eu fosse contratada.

Jane arregala os olhos imediatamente.

— Sério? Mas por quê?

— Também não sei. —dou de ombros. — O importante é que eu consegui o emprego.

— Tem razão. —concordou a loira e em seguida sorriu. — Só é uma pena que não iremos trabalhar mais juntos.

— Realmente, mas daremos um jeito de sairmos juntas assim que tivemos tempo.

— Promete?

Promessas.

Promessas deveriam ser feitas para serem cumpridas não é mesmo?

— Amiga, qual a real intenção de uma promessa? —questiono com curiosidade.

Jane franze a testa.

— Como assim?

— Por exemplo, as promessas só deveriam ser feitas se a pessoa tiver a  intenção de cumpri-la você não acha?

— Acho, mas por quê essa pergunta de repente?

"Nunca me esqueça, Amara".

Martin me fez prometer que eu não o esqueceria, eu cumpri a minha promessa. Quinze anos se passaram mas mesmo assim nunca consegui esquecer do único amigo que tive.

Mas por quê ele mentiu para mim?

Ele me prometeu que voltaria, mas Martin não passa de um mentiroso. Ele mentiu para mim, e sem dúvidas nem lembra mim.

— Terra chamando, Amara. —encaro Jante que estala os dedos na minha frente. — Nossa você estava no mundo da lua? Agora me diz, por quê fez essa pergunta?

— Hum, por nada. Vamos voltar a comer.

Martin é um assunto que nunca compartilhei com ninguém, nem mesmo com a minha melhor amiga. Acho que ele deveria continuar apenas como uma lembrança.

A minha melhor lembrança.

Depois de comermos, volto para a minha casa me surpreendo ao não ouvir o barulho de música, quase solto fogos de artifício.

No dia seguinte acordo bem cedo, preparo o meu café da manhã e pego o ônibus até a mansão. Assim que chego, sou recebida por uma empregada que me explica quais serão as minhas funções.

— Você entendeu querida?

A senhora Mary, tem aparentemente quarenta anos seus cabelos são ruivos a mesma tem olhos verdes encantadores.

— Ficarei responsável por limpar a parte de cima da casa e você a de baixo, você cozinha e eu sirvo a refeição. —repito, recebendo o seu sorriso orgulhoso.

— Muito bem, menina, ainda é muito cedo os patrões devem estar dormindo, porque você não aproveita e vai guardar as roupas que você trouxe no seu quarto?

— Está bem.

— Vem eu vou te mostrar onde fica o seu quarto. —ela me guia até um quarto no final de um dos corredores. — Você irá ficar aqui de segunda à sexta, terá folga nos finais de semana, alguma dúvida?

— Não.

— Ótimo. —ela sorri. — Seja bem vinda.

— Obrigada.

— Vou te deixar sozinha agora, não demore muito.

Apenas assinto e arrumo as poucas coisas que eu trouxe no guarda roupa. O quarto não era tão grande, mas é bem arrumado. Havia uma cama, um guarda roupa e um criado mudo.

Depois de arrumar tudo, coloco o uniforme que a senhora Mary deixou em meu quarto. Sorrio ao ler a mensagem da Jane me desejando boa sorte.

Suspiro fundo e beijo a minha correntinha em meu pescoço.

Martin e mamãe seja lá onde vocês estiveram, me desejem boa sorte.

Apesar de ambos terem mentido para mim, eu não os odiava por isso, pelo contrário o grande sentimento que sinto por ambos ainda permanece em meu coração independente de todos os anos que se passaram.

Mesmo sabendo que nenhum dos dois voltaram por mim, sei que eles foram as únicas pessoas que já se importaram comigo uma vez na vida.

E por isso os amo, independente de qualquer coisa.

— Escuta senhora Mary. —olho curiosa para ela, enquanto à ajudo a preparar o café da manhã. — Quem tanto mora nessa casa?

— O senhor Luther, a tia dele e o marido. —responde. — Quer um conselho? Às vezes a noiva do chefe vem pra cá, fique longe dela.

Penso em perguntar o porque até que ouço novamente aquela voz.

— Bom dia. —me viro surpresa e avisto o senhor Luther adentrar a cozinha vindo em minha direção. — Vim me certificar de que você veio.

— Sim, eu vim. —acabo sorrindo, mas trato de me recompor.

— Ótimo. —ele sorri e encara Mary. — Bom dia, Mary.

— Bom dia, senhor.

Sem dizer mais nada, ele se retira mas não sem antes acenar com a cabeça para mim.

— Escuta, mocinha vocês já se conheciam antes?

— Sim e não. —sorrio olhando na direção em que ele havia saído.

— Como assim?

Encaro a mulher ruiva e sorrio outra vez.

— Ele não conheço, mas aqueles olhos eu já os vi, tenho que certeza que já os vi.

Não Me Esqueça [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora