AMARA
Depois de mais um longo dia de trabalho jogo a minha bolsa de qualquer maneira em cima do sofá, e tomo o meu tão sonhado banho, exausta me jogo na cama.
Mas quase choro quando ouço o barulho de música eletrônica invadir os meus tímpanos.
— Deus me ajuda... —resmungo cansada e coloco o travesseiro sobre a minha cabeça.
Mais uma noite em claro e sem dúvidas eu não vou conseguir me manter em pé amanhã. Penso por diversas vezes em ligar para polícia, mas logo desisto.
Não quero correr o risco dele descobrir que fui eu que liguei, não quero me meter em problemas.
Por sorte ou a ajuda de Deus, às uma da manhã todo o barulho simplesmente sumiu, suspiro aliviada e não demoro a pegar no sono.
[...]
— Você está horrível. —Jane me olha preocupada assim que entro no restaurante. — Não vai me dizer que foi o seu vizinho de novo?
— O barulho só parou de uma da madrugada. —faço uma careta. — Aquele homem só pode ter algum super poder, será que ele não dorme?
A minha amiga gargalha mas logo me olha séria.
— Acho que você deveria denunciá-lo.
— Eu não quero me meter em encrenca, eu já te falei que ele não meche com coisa boa.
— Então se você quiser eu denuncio.
— Claro que não. —rapidamente nego. — Eu também não quero te envolver nisso.
— E você pretende viver o resto da vida assim? —questiona.
— Não se preocupe, estou fazendo um esforço para juntar dinheiro para comprar uma casa em breve. —informo.
— Por falar nisso acho que eu posso te dar uma ajudinha. —confessa me deixando curiosa, ela pega o seu celular e me entrega. — Talvez essa seja a solução para o seu problema.
Pego e franzo a minha testa ao ver um anúncio de emprego.
— Empregada doméstica? —questiono lhe entregando o celular.
— Sim, mas você por acaso viu o salário? —se empolga. — É quase o dobro do que ganhamos aqui, eu estava pensando em ir mas acho que você precisa mais do que eu, e sem contar que você vai ter uma obra de arte como chefe.
Ela sorri maliciosa virando a tela do celular na minha frente, me surpreendo ao ver a foto do mesmo homem que jantou aqui nesse restaurante noite passada.
Pego o celular na minha mão e fico encarando aquela imagem, por alguma motivo aqueles olhos ainda me pareciam familiares, mas não lembro de ter visto esse homem alguma vez antes.
E a minha amiga não mentiu, ele de fato era lindo.
— Conversando em horário de trabalho? —sobressalto assustada quase deixando o celular cair da minha mão quando ouço a voz do senhor Enrico. — Ao trabalho!
Com rapidez entrego o telefone a Jane e voltamos a trabalhar, mas a proposta de Jane nesse momento era a minha única preocupação.
Eu precisava urgentemente me mudar da minha casa se eu quisesse paz, mas com o salário que ganho aqui esse meu sonho irá demorar mais do que o esperado.
Talvez me demitir e tentar esse emprego seja a minha única solução. Assim que percebo que o meu chefe não está por aqui me aproximo de Jane ao vê-la sair da cozinha segurando uma bandeija.
— Jane será que você pode me mandar o endereço da casa?
— Tudo bem, ontem eu liguei pra lá pois tinha o número de telefone do anúncio e a mulher que me atendeu me mandou o endereço, daqui a pouco eu te mando por mensagem.
Apenas assinto e logo ela vai entregar o pedido, não demora para que a mensagem chegue no meu celular.
No dia seguinte acordo bem cedo por sorte ontem o meu vizinho teve piedade de mim e não ligou o som, o que me fez ter uma noite de sono maravilhosa.
Ligo para o meu chefe avisando que eu não poderia ir hoje pois surgiu um imprevisto, o mesmo avisou que descontaria no meu salário.
Eu não podia me dar ao luxo de pedir demissão sem saber se irei mesmo conseguir o emprego como empregada, se tudo der certo ainda hoje peço demissão.
Às nove horas pego um ônibus já que o táxi custaria bem mais caro e não estou em condições de gastar mais que o necessário.
Desço em meu ponto e ando o restante do caminho à pé até o endereço que foi me passado.
Fico boquiaberta ao avistar uma mansão igual a dos filmes bem diante dos meus olhos.
— Bom dia. —cumprimento os dois seguranças. — Eu vim para entrevista.
Depois de me revistarem finalmente a minha entrada é liberada, não consigo esconder meu espanto a medida que ando até a entrada da casa.
Toco a campainha, surpresa demais com tanto luxo.
— Bom dia. —uma senhora de meia idade me cumprimenta ao abrir a porta. — Eu sou a governanta da casa, você veio para e entrevista?
— Na verdade sim. —respondo um pouco tímida.
A mulher a minha frente tem cabelo loiros bem curtos.
— Pode entrar. —disse ela me dando espaço. — Ainda hoje já vieram três moças antes de você.
— Então a vaga já foi preenchida? —questiono preocupada.
— Na realidade eu estava quase escolhendo uma das moças, mas vou dar um oportunidade a você de falar.
Assinto enquanto sou guiada até um escritório, ambas nos sentamos em um sofá.
— Quero que me fale sobre você, suas experiências e porque quer trabalhar aqui.
Coloco as minhas suadas em cima da minha perna e encara a mulher.
— Primeiramente o meu nome é Amara, tenho vinte três anos vivi em um orfato durante dez anos o único trabalho que tive foi como garçonete em um restaurante. —suspiro fundo e continuo. — Quero trabalhar aqui porque como todo mundo eu preciso de dinheiro, e eu dou conta de qualquer coisa contanto que seja honesto nunca tive medo de trabalhar.
A mulher fica em silêncio, e suspira fundo.
— Realmente eu gostei de você, mas entre todas as canditadas teve uma que me chamou a atenção pois ela tinha bastante experiência. —ela se levanta e faço o mesmo. — Sinto muito, quem sabe em uma outra oportunidade você consiga.
Me senti totalmente decepcionada.
— Eu compreendo, mesmo assim obrigada.
Saio do escritório de cabeça baixa, eu estava com tanta expectativa sobre esse trabalho. Pelo visto continuarei tendo várias noites mal dormidas.
Eu estava tão perdida em pensamentos que acabo trombando em alguém, quase caio mas a pessoa é mais rápida e me segura.
Assustada levanto a minha cabeça e meus olhos se encontram com aqueles olhos azuis novamente fazendo o meu coração bater um pouco acelerado em meu peito, e cada vez eu tinha mais certeza de que eu já conhecia esses olhos antes.
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Não Me Esqueça [COMPLETO]
RomanceAmara Lindsay foi abandonada pela sua mãe em um orfanato com apenas oito anos de idade. No orfanato ela acaba conhecendo Martin Luther, um garotinho de apenas onze anos que acabara de perder os pais em um terrível acidente. Uma forte amizade cresce...