AMARA
— Mamãe?
As palavras mal saíram da minha boca quando corri para os braços da minha mãe. Os seus braços magros rodearam o meu corpo e me apertou com força.
Tantos e tantos anos eu esperei por esse momento, estar nos braços dela novamente, sentir o seu cheiro e estar no seu calor.
O meu rosto já estava completamente molhado pelas lágrimas, enquanto eu apertava ela com medo de que aquilo fosse um sonho.
— É a senhora mesmo? —perguntei me afastando aos poucos, em seguida seguro o seu rosto com as minhas mãos. — Eu não estou sonhando?
A minha mãe estava mais velha, mas ainda sim ela era um linda mulher apesar do seu rosto denunciar o quanto sofreu nos últimos anos, seus cabelos tinham alguns fios embraquiçados e no seu olhar havia doçura.
— Sou eu meu amor, sou eu. —respondeu começando a chorar. — Me perdoa, me perdoa por eu nunca ter voltado.
— Não precisa pedir perdão, mãe. —a abracei novamente sem conter os meus soluços. — Estar com você novamente é uma alegria que não consigo explicar.
Ficamos durante algum tempo abraçadas, até que me separei dela e me virei para olhar para o meu noivo que me olhava com ternura fui até ele e o abracei.
— Obrigada, obrigada! —agredeci e me afasto para olhar em seus olhos. — Obrigada por trazê-la de volta.
— Não precisa me agradecer, eu faço qualquer coisa para te ver feliz. —disse e beijou a minha testa, em seguida olhou entre a minha mãe e eu. — Vou deixar vocês à sós, qualquer coisa é só me chamar, com licença senhora Nelly.
Ele me deu um beijo rápido e subiu a escada desaparecendo das nossas vistas, me virei outra vez para a minha mãe e segurei as suas mãos e juntas nos sentamos no sofá.
— Você deve ter muitas perguntas. —disse ela enquanto apertava a minha mão de leve. — Prometo responder cada uma delas.
Suspirei fundo, e me preparei para falar.
— Antes de tudo eu preciso saber por quê você nunca voltou para me buscar naquele orfanato? —questionei abismada.
A minha mãe soltou um alto suspiro e me observou atentamente.
— Sabe meu bem, o seu pai quando nos casamos era bom comigo até que depois que você nasceu, inicialmente ele era o pai perfeito até que as coisas mudaram. —explicou e me olhou de maneira triste. — Cuidar de uma criança nem sempre é fácil, principalmente quando não se tem dinheiro suficiente, o seu pai começou a trabalhar em dobro para nos sustentar até que ele começou a beber.
Um silêncio se formou enquanto a minha mãe fechava os olhos parecendo lembrar de cada cena.
— Foi então que ele começou a ficar agressivo. —continuou ao abrir os olhos. — E a medida que você foi crescendo ele começou a se envolver com coisas ilegais, e ele acabava descontando em mim todas as frustrações do dia.
Eu lembrava das vezes que eu encontrava a minha mãe chorando, o meu pai às vezes quando chegava de bom humor me tratava bem, mas quando era o contrário ele gritava comigo e me colocava de castigo.
— Enquanto ele me batia eu até aguentava, mas quando ele bateu em você eu tinha que fazer algo. —ela soltou as minhas mãos e acariciou o meu rosto. — Te deixei naquele orfanato para te proteger, no mesmo dia recebi a notícia de que o Armando enquanto tentava assaltar uma casa, a casa pegou fogo e ele acabou morrendo no incêndio, nunca encontram o corpo já que a casa inteira ficou em chamas e não restou nada.
Pensar que o meu pai havia tido esse final tão trágico chegava a me entristecer.
— Pensei em voltar para te buscar, mas o que faríamos? A realidade é mais dura do que podemos imaginar minha filha, eu não tinha emprego muito menos família como eu iria conseguir te dar tudo o que você mereceria? —ela enxugou as suas lágrimas e continuou. — Ao menos no orfanato você estava segura, e além do mais o seu pai ficou devendo a alguns criminosos, eu nem sequer pude voltar para a minha própria casa ou eu morreria se eu não pagasse as suas dívidas.
Pensar que a minha mãe havia passado por tudo aquilo partia o meu coração.
— Eu sinto muito por tudo o que a senhora teve que passar. —admito e beijo rapidamente o seu rosto.
— Fiquei morando em um abrigo por todos esses anos, me mantive como pude eu jamais iria te arrastar para essa vida, Amara. —seus olhos marejaram. — Te deixar lá foi a minha única opção, mas saiba que não houve um momento sequer que eu não tenha pensado em você.
— Eu sei que sim minha mãe. —à abraço mais uma vez. — Mas agora as coisas serão diferentes, eu vou cuidar de você assim como você cuidou de mim.
Ela se afastou e me encarou com gratidão.
— Você teve sorte de encontrar aquele rapaz, foi o detetive que ele contratou que me encontrou, e a propósito foi ele quem me deu esse lindo vestido que estou usando. —ela sorriu orgulhosa. — Dá para ver que ele te ama muito.
— E eu também o amo muito. —confessei enquanto me lembrava o quanto Martin era especial para mim. — Vou te contar tudo sobre a minha vida, e te falar como eu sou a mulher mais sortuda desse mundo por ter o Martin ao meu lado.
— E eu vou ouvir tudo com muita atenção, minha querida. —garantiu sem disfarçar a empolgação. — Eu não posso recuperar todo esse tempo que perdi longe de você, mas a partir de agora quero fazer parte da sua vida novamente e criar novas lembranças, lembranças boas.
Sorri para ela e assenti.
— Não se preocupe, ninguém irá nos separar novamente.
A partir dali falei tudo sobre mim a minha mãe, contei sobre a minha vida no orfanato falei também como conheci Martin e resumi um pouco da nossa história juntos.
Ela ficou encantada com cada detalhe que contei, o seu sorriso aumentou mais ainda quando soube que conheci o México aproveitei e lhe prometi que qualquer dia nós duas iremos lá.
Claro que também falei sobre a minha melhor amiga, ela me exigiu que eu às apresentasse em breve.
Sinceramente eu estava tão feliz, tudo aquilo parecia surreal. Eu havia encontrado a minha mãe, tudo graças ao Martin cada dia mais eu me sinto agraciada por Deus, por ter recebido um presente tão especial como ele.
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Não Me Esqueça [COMPLETO]
RomansaAmara Lindsay foi abandonada pela sua mãe em um orfanato com apenas oito anos de idade. No orfanato ela acaba conhecendo Martin Luther, um garotinho de apenas onze anos que acabara de perder os pais em um terrível acidente. Uma forte amizade cresce...