Capítulo 17

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AMARA

— Mamãe?

As palavras mal saíram da minha boca quando corri para os braços da minha mãe. Os seus braços magros rodearam o meu corpo e me apertou com força.

Tantos e tantos anos eu esperei por esse momento, estar nos braços dela novamente, sentir o seu cheiro e estar no seu calor.

O meu rosto já estava completamente molhado pelas lágrimas, enquanto eu apertava ela com medo de que aquilo fosse um sonho.

— É a senhora mesmo? —perguntei me afastando aos poucos, em seguida seguro o seu rosto com as minhas mãos. — Eu não estou sonhando?

A minha mãe estava mais velha, mas ainda sim ela era um linda mulher apesar do seu rosto denunciar o quanto sofreu nos últimos anos, seus cabelos tinham alguns fios embraquiçados e no seu olhar havia doçura.

— Sou eu meu amor, sou eu. —respondeu começando a chorar. — Me perdoa, me perdoa por eu nunca ter voltado.

— Não precisa pedir perdão, mãe. —a abracei novamente sem conter os meus soluços. — Estar com você novamente é uma alegria que não consigo explicar.

Ficamos durante algum tempo abraçadas, até que me separei dela e me virei para olhar para o meu noivo que me olhava com ternura fui até ele e o abracei.

— Obrigada, obrigada! —agredeci e me afasto para olhar em seus olhos. — Obrigada por trazê-la de volta.

— Não precisa me agradecer, eu faço qualquer coisa para te ver feliz. —disse e beijou a minha testa, em seguida olhou entre a minha mãe e eu. — Vou deixar vocês à sós, qualquer coisa é só me chamar, com licença senhora Nelly.

Ele me deu um beijo rápido e subiu a escada desaparecendo das nossas vistas, me virei outra vez para a minha mãe e segurei as suas mãos e juntas nos sentamos no sofá.

— Você deve ter muitas perguntas. —disse ela enquanto apertava a minha mão de leve. — Prometo responder cada uma delas.

Suspirei fundo, e me preparei para falar.

— Antes de tudo eu preciso saber por quê você nunca voltou para me buscar naquele orfanato? —questionei abismada.

A minha mãe soltou um alto suspiro e me observou atentamente.

— Sabe meu bem, o seu pai quando nos casamos era bom comigo até que depois que você nasceu, inicialmente ele era o pai perfeito até que as coisas mudaram. —explicou e me olhou de maneira triste. — Cuidar de uma criança nem sempre é fácil, principalmente quando não se tem dinheiro suficiente, o seu pai começou a trabalhar em dobro para nos sustentar até que ele começou a beber.

Um silêncio se formou enquanto a minha mãe fechava os olhos parecendo lembrar de cada cena.

— Foi então que ele começou a ficar agressivo. —continuou ao abrir os olhos. — E a medida que você foi crescendo ele começou a se envolver com coisas ilegais, e ele acabava descontando em mim todas as frustrações do dia.

Eu lembrava das vezes que eu encontrava a minha mãe chorando, o meu pai às vezes quando chegava de bom humor me tratava bem, mas quando era o contrário ele gritava comigo e me colocava de castigo.

— Enquanto ele me batia eu até aguentava, mas quando ele bateu em você eu tinha que fazer algo. —ela soltou as minhas mãos e acariciou o meu rosto. — Te deixei naquele orfanato para te proteger, no mesmo dia recebi a notícia de que o Armando enquanto tentava assaltar uma casa, a casa pegou fogo e ele acabou morrendo no incêndio, nunca encontram o corpo já que a casa inteira ficou em chamas e não restou nada.

Pensar que o meu pai havia tido esse final tão trágico chegava a me entristecer.

— Pensei em voltar para te buscar, mas o que faríamos? A realidade é mais dura do que podemos imaginar minha filha, eu não tinha emprego muito menos família como eu iria conseguir te dar tudo o que você mereceria? —ela enxugou as suas lágrimas e continuou. — Ao menos no orfanato você estava segura, e além do mais o seu pai ficou devendo a alguns criminosos, eu nem sequer pude voltar para a minha própria casa ou eu morreria se eu não pagasse as suas dívidas.

Pensar que a minha mãe havia passado por tudo aquilo partia o meu coração.

— Eu sinto muito por tudo o que a senhora teve que passar. —admito e beijo rapidamente o seu rosto.

— Fiquei morando em um abrigo por todos esses anos, me mantive como pude eu jamais iria te arrastar para essa vida, Amara. —seus olhos marejaram. — Te deixar lá foi a minha única opção, mas saiba que não houve um momento sequer que eu não tenha pensado em você.

— Eu sei que sim minha mãe. —à abraço mais uma vez. — Mas agora as coisas serão diferentes, eu vou cuidar de você assim como você cuidou de mim.

Ela se afastou e me encarou com gratidão.

— Você teve sorte de encontrar aquele rapaz, foi o detetive que ele contratou que me encontrou, e a propósito foi ele quem me deu esse lindo vestido que estou usando. —ela sorriu orgulhosa. — Dá para ver que ele te ama muito.

— E eu também o amo muito. —confessei enquanto me lembrava o quanto Martin era especial para mim. — Vou te contar tudo sobre a minha vida, e te falar como eu sou a mulher mais sortuda desse mundo por ter o Martin ao meu lado.

— E eu vou ouvir tudo com muita atenção, minha querida. —garantiu sem disfarçar a empolgação. — Eu não posso recuperar todo esse tempo que perdi longe de você, mas a partir de agora quero fazer parte da sua vida novamente e criar novas lembranças, lembranças boas.

Sorri para ela e assenti.

— Não se preocupe, ninguém irá nos separar novamente.

A partir dali falei tudo sobre mim a minha mãe, contei sobre a minha vida no orfanato falei também como conheci Martin e resumi um pouco da nossa história juntos.

Ela ficou encantada com cada detalhe que contei, o seu sorriso aumentou mais ainda quando soube que conheci o México aproveitei e lhe prometi que qualquer dia nós duas iremos lá.

Claro que também falei sobre a minha melhor amiga, ela me exigiu que eu às apresentasse em breve.

Sinceramente eu estava tão feliz, tudo aquilo parecia surreal. Eu havia encontrado a minha mãe, tudo graças ao Martin cada dia mais eu me sinto agraciada por Deus, por ter recebido um presente tão especial como ele.

Não Me Esqueça [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora