AMARA
Abro os meus olhos aos poucos, confesso que ainda estou um pouco tonta. Tento me mexer mas entro em pânico quando percebo que as minhas mãos e pernas estão amarradas.
Só então consigo entender a minha realidade, minhas mãos estão presas atrás das minhas costas enquanto eu estou jogada no chão.
Não posso gritar já que a minha boca estava com uma mordaça, totalmente em desespero me mexo no chão tentando me soltar mas é em vão.
Sinto algumas lágrimas desceram sobre o meu rosto quando lembro da última pessoa que eu vi antes de eu desmaiar.
Tento não pensar mais nisso e olho ao redor, percebo que estou em uma casa velha noto que está de manhã pela luz que entra pela janela.
Fico em alerta quando ouço o barulho da porta sendo aberta, mal posso acreditar em meus olhos quando o vejo.
Ele se aproxima de mim e tira a mordaça da minha boca.
— Aposto que você deve estar achando que enlouqueceu. —disse ele cruzando os braços sobre o peito. — Não é mesmo, filhinha?
— Por quê me trouxe até aqui? —perguntei o encarando.
Era de fato o meu pai, quando ele apareceu de frente a minha porta eu não consegui acreditar.
Então ele estava vivo?
Antes que ele dissesse algo, ouvi um barulho de salto e logo atrás dele surgiu quem eu menos esperava encontrar.
— Senhora Bárbara?
O quê realmente estava acontecendo? Eles se reconheciam de onde, e por quê me sequestraram?
— Posso ver pela a sua cara que você está cheia de perguntas. Vou esclarecer uma delas. —ela sorriu presunçosa. — Contratei um detetive para investigar sobre o seu pai, e acabei descobrindo que ele não estava morto.
Olhei para o meu pai confusa.
— Mas disseram que a casa em que você está pegou fogo. —comentei sem entender.
— Eu forjei a minha morte. —disse ele sériamente. — Haviam muitas pessoas atrás de mim, sem contar a polícia eu mesmo coloquei fogo na casa e fugi sem que ninguém visse, todos acharam que eu morri mas estive me escondendo durante todos esses anos.
Agora tudo estava explicado, para conseguir se livrar de todos os problemas a única solução seria essa, mesmo assim ainda havia uma dúvida.
— Por quê me trouxeram aqui? O quê pretendem com tudo isso?
— Quando a Bárbara me encontrou ela me contou que você está noiva de um homem rico, ela me propôs de sequestrarmos você e conseguir uma boa grana do seu noivinho.
— Pai, pelo amor de Deus pensa direito. —olho suplicante para ele. — Eu sou a sua filha, a sua única filha você não pode fazer isso comigo.
O meu pai me olhou sériamente.
— Não seja dramática, eu não vou te machucar. —confessou despreocupado. — Eu estou precisando de uma grana e o seu noivo vai me ajudar com isso.
Eu olhei para aquelas duas pessoas e me perguntei se eles haviam enlouquecido de vez. Pois quem em sã conciência faria o quê eles estão fazendo?
Tudo aquilo era uma loucura.
Meu Deus, a minha mãe e o Martin nesse momento devem estar morrendo de preocupação.
— Agora pouco ligamos para o seu noivo. —informou o meu pai. — Ele estava desesperado e estava disposto a dar todo o dinheiro dele só para você sair sã e salva, pelo o visto ele te ama mesmo.
— Pai, ainda dá tempo de você parar com toda essa loucura, por favor você é o meu pai.
— Eu já falei que não vou te machucar. —repetiu novamente.
— Você não, mas eu sim.
Bárbara surpreendentemente deu uma coronhada na cabeça do meu pai o fazendo cair no chão desmaiado.
— PAI! —olhei desesperada para o homem desacordado no chão. — Bárbara o que você vai fazer, por favor...
— Todo de ruim que aconteceu na minha vida foi sua culpa estúpida! Se não fosse por você o meu sobrinho teria se casado com a Lauren e teria colocado as mãos em toda a fortuna dela, foi você quem colocou o meu sobrinho contra mim. —ela me olhou com ódio. — Te matar com essa arma seria muito fácil, eu quero que você sofra.
Não tenho tempo de questiona-la pois ela sai da casa e volta carregando um botijão de gasolina e sai espalhando pela casa.
Sinto o desespero tomar conta de mim, assim que ela para na minha frente e me mostrar uma caixa de fósforo.
— Bárbara, pelo amor de Deus não faz isso. —imploro, mas ela apenas sorri enquanto jogo o fósforo no chão distante de mim. — Tenha uma boa morte, querida.
Ela sai e nos deixa aqui para morrer, em questão de segundos o fogo começa a se espalhar.
— Pai, acorda, pelo amor de Deus acorda! —grito desesperada.
Começo a tocir quando inalo a fumaça, quase choro de alegria quando vejo o meu pai se mexer e abrir os olhos em seguida.
— Graças a Deus! Pai me ajuda, por favor. —imploro enquanto o fogo cada vez se aproxima mais, tanto que já consigo sentir o forte calor.
O meu pai se levanta e olha atordoado para os lados, e em seguida olha em direção da porta.
— Pai não me deixa aqui! —peço em desespero. — PAI, PAI!!
Não adianta, ele ignora os meus gritos e sai pela porta me deixando sozinha para morrer.
Não me contenho mais, e começo a chorar sabendo que aquele seria o meu fim. Nunca imaginei que tudo acabaria dessa maneira.
Começo a tocir sem parar, o calor do fogo está muito forte, estou começando a perder a minha consciência quando vejo o meu pai entrar pela porta e vir em minha direção em seguida me pega em seus braços.
Mal consigo manter os meus olhos abertos, quando atravessamos as chamas sinto o fogo queimar o meu braço e acabo soltando um grito de dor.
Quando finalmente saímos da casa o mais longe possível o meu pai me coloca no chão e começa a chorar enquanto solta os meus braços e pernas. Olho ao redor e percebo que estamos em uma floresta.
— Me perdoa, me perdoa minha filha! —implorou segurando o meu rosto, me esforço para manter os meus olhos abertos. — Eu sou um monstro, sempre fui um monstro. Eu quase te abandonei lá dentro, eu prometo que eu vou mudar, vou me entregar a polícia me perdoa por tudo...
Sorrio fraco para ele, e seguro a sua mão que está em meu rosto.
— Eu te perdôo, pai... —sussurrei quase sem forças.
E no momento seguinte não consegui mas manter os meus olhos abertos, eles foram se fechando aos poucos e logo não vi mais nada.
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Não Me Esqueça [COMPLETO]
Storie d'amoreAmara Lindsay foi abandonada pela sua mãe em um orfanato com apenas oito anos de idade. No orfanato ela acaba conhecendo Martin Luther, um garotinho de apenas onze anos que acabara de perder os pais em um terrível acidente. Uma forte amizade cresce...