Capítulo 10

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AMARA

Já passava das dez da noite quando ouvi batidas agressivas na minha porta seguidas por uma voz que eu conhecia muito bem.

Eu já havia embarcado em um sono profundo após me despedir do meu amigo, por sorte hoje o vizinho me deu a oportunidade de dormir já que não ligou o som nesta noite.

Mas acabo se ser acordada por alguém com nome, sobrenome e endereço.

— Jane... —resmunguei o seu nome entredentes assim que abri a porta. — você acaba de me acordar sabia?

Ela me ignora e entra na minha casa, fecho a porta e me viro para encará-la.

— Sinceramente nunca pensei que você seria tão ingrata, me deixou no restaurante sem entender porque você estava lá com o seu chefe. —acusou-me severamente. — Nenhuma ligação sequer para me explicar.

— Desculpa, ok? —aperto a sua bochecha em brincadeira, ela dá um tapa na minha mão e sorri. — Vou te contar tudo.

Seguro na sua mão e a conduzo até o sofá, assim que nos sentamos levo quase uma hora para explicar absolutamente tudo o que me aconteceu.

Contei sobre a minha amizade antiga com o Martin, contei também sobre o nosso reencontro.

— Tudo isso é surreal demais. —declarou ela surpresa. — Então agora você vai trabalhar para ele?

Assinto sorrindo.

— Não é ótimo? —questiono empolgada. — De qualquer maneira o destino traçou o nosso caminho outra vez, para continuarmos com a nossa amizade.

— Amiga, eu estou achando que o destino está querendo é outra coisa. —insinuou soltando um risadinha.

Franzi a testa sem compreendê-la.

— Como assim?

Jane torce a boca para o lado e revira os olhos.

— Não seja boba, você me disse que ele terminou o noivado não acha que isso tem alguma coisa a ver com você?

— Comigo? —aponto para mim mesma ainda confusa. — Não entendo o quê eu tenho haver com isso.

— Amara, presta atenção. —ela faz uma pausa enquanto segura os meus ombros. — Vocês não são mais aquelas criancinhas, agora vocês são adultos talvez o sentimento que ele sinta por você não seja apenas amizade.

Encaro a minha amiga por alguns segundos e não me contenho mais, solto uma alta gargalhada.

— Jane você é louca. —retiro as suas mãos dos meus ombros e me levanto. — O Martin não está interessado em mim, ele me vê apenas como a sua grande amiga nada mais do que isso.

— Humrum. —desdenhou levantando-se. — Como sempre diz a minha mãe, o pior cego é aquele que não quer ver, vai por mim vocês ainda vão ficar juntos.

Fico em silêncio pensando brevemente em suas palavras. Será que... Não, claro que não.

Martin é um homem bonito, eu seria louca se caso dissesse o contrário, além do mais ele é gentil, educado e sem contar o sorriso genuíno que ele tem.

O quê estou pensando?

Somos amigos, tenho certeza que a minha amiga não deve saber sobre o que está falando.

— Chega desse assunto, vou voltar a dormir, você não quer dormir aqui?

— Não, na verdade acabei de sair do trabalho e vim direto para cá mas preciso voltar. —Jane beija rapidamente a minha bochecha. — Boa noite, e vê se pensa no que eu te falei, não perde a oportunidade de ser feliz.

Apena reviro os olhos, assim que Jane vai embora volto a me deitar na cama, entretanto o plano de dormir é destruído quando mais uma vez a música alta ecoa pela a minha casa.

Penso sériamente durante algum tempo em ligar para a polícia, chego até a pegar o telefone na mão mas logo desisto.

Acho melhor aceitar o meu destino de bom grado.

Não sei ao certo há que horas da madrugada consegui dormir, mas o importante é que consegui.

[...]

Alguns dias haviam se passado e hoje é segunda-feira o dia em que finalmente voltarei a trabalhar.

Nesse meio tempo, Martin e eu não nos vimos apenas conversamos por mensagens, ele disse que esteve muito ocupado últimamente.

Assim que termino de tomar o café da manhã ouço batidas na minha porta, franzo a testa sem saber quem é.

Pego a minha bolsa e sigo até a porta abrindo-a, me surpreendo ao ver Martin com um belo terno preto, que o deixava bem atraente sorrindo lindamente para mim.

— Martin, o quê faz aqui? —pergunto ainda surpresa.

— Vim buscá-la para o trabalho. —respondeu dando de ombros.

— Não precisava se dar ao trabalho, eu iria de ônibus.

— Não se preocupe, eu faço questão.

Não consegui mais esconder o meu sorriso, como ele conseguia ser tão encantador?

Quase que imediatamente as palavras de Jane surgem em minha mente mas logo tento esquecê-las, eu e Martin somos apenas amigos e mesmo se eu quisesse alguma coisa tenho certeza que não teria chance.

Durante o caminho vamos conversando e rindo de nossas próprias bobagens.

Ao chegar na sua empresa, algumas pessoas nos encaram provavelmente por termos chegados juntos. Tento não me importar com aquilo enquanto seguimos até o elevador.

Martin me explica pacientemente tudo o quê devo fazer, darei o máximo de mim para aprender o mais rápido possível. Começo a trabalhar com o quê foi me ensinado até que chega a hora do almoço.

— Tem certeza que não quer almoçar comigo? —Martin pergunta novamente me encarando em expectativa.

— É que eu combinei com a minha amiga de almoçarmos juntas já que estamos livres no mesmo horário. —explico enquanto saímos do elevador. — Mas eu prometo que da próxima eu vou com você.

O meu amigo sorri e então saímos da empresa.

— Irei cobrar.

Nos despedimos, o observo entrar em seu carro e seguir o seu caminho. Começo a andar também para o pequeno restaurante que tem aqui perto o qual combinei de almoçar com Jane.

Enquanto estou andando sou surpreendida quando alguém puxa o meu braço abruptamente me obrigando a me virar para trás.

Arregalo os olhos quando vejo que se trata de Lauren a ex noiva do Martin.

— Então você conseguiu o quê queria. —acusou, enquanto sorria amargamente.

— Eu não sei do que você está falando. —retruquei puxando o meu braço da sua mão.

— Você e o Martin podem até ficarem juntos mas você acha mesmo que ele vai querer algo sério com você? —a ruiva me olha dos pés a cabeça e solta uma risada desdenhosa. — Olha só para você, uma garota tão sem graça que interesse ele teria em você?

— Você está louca. —tento voltar a andar mas ela segura o meu braço outra vez, dessa vez com mais força.

— Eu vou voltar hoje para o México, espero que você perceba logo que vocês dois não tem a mínima possibilidade de dar certo, quanto mais rápido você perceber isso menos você irá sofrer queridinha.

Lauren soltou o meu braço e saiu deixando-me parada no meio da rua me fazendo meditar em suas palavras.

Uma coisa era certa, não éramos mais crianças tanto eu como Martin havíamos mudado. Ele conseguiu torna-se alguém na vida, enquanto eu sou apenas uma pessoa qualquer.

Não Me Esqueça [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora