Capítulo 9

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MARTIN

Cheguei em casa no início da noite, assim que entro em minha casa avisto a minha tia andando de um lado para o outro na sala parecendo aflita.

Ao me ver, ela vem em minha direção com uma cara nada agradável.

— Que história é essa de terminar o noivado seu muleque? —esbravejou enraivecida. — Você tem noção do que você acabou de fazer? A Samantha me ligou agora pouco me pedindo uma explicação por você ter terminado com a filha dela.

Solto um suspiro sentindo-me cansado.

— A senhora sabe muito bem que eu nunca amei a Lauren, estive com ela esse tempo todo porque eu me sentia na obrigação de atender a um pedido seu por você ter cuidado de mim após a morte dos meus pais. —explico e a encaro com firmeza. — Mas eu não consegui mas aguentar alguém tão esnobe como ela, só agora percebo que o nosso casamento não duraria nem um dia.

— A Lauren era a noiva perfeita para você, será que não percebe? —irritou-se me olhando em aflição.

— Ela era uma noiva perfeita, ou era o dinheiro dela que era perfeito, tia? —estreito os olhos para a minha tia que se surpreende com as minhas palavras. — Sou grato por tudo o que a senhora fez por mim, mas não posso mas permitir que você tome decisões por mim, já tenho vinte e seis anos sou adulto o suficiente para isso.

— Quando foi que você tornou-se tão ingrato? —indagou com impaciência. — Já esqueceu que fui eu quem te tirou daquele orfanato, que te dei um lar, se não fosse pela a minha ajuda você jamais seria quem é hoje.

— Como eu disse antes, eu sou grato por tudo o que a senhora fez. —assevero. — Mas a partir de agora, as coisas serão diferentes, não quero mais você intervindo na minha vida.

Não digo mas nada e saio da sala subindo a escada, ao chegar em meu quarto tomo um banho demorado e coloco uma roupa mais casual.

Desço novamente a escada e fico satisfeito por não encontrar a minha tia, penso em ir até o quarto de Amara mas ouço a sua voz vindo da cozinha.

Sigo até lá e sorrio ao vê-la ajudando a Mary a preparar o jantar, faço um som com a minha garganta chamando a atenção das duas mulheres.

— Boa noite, senhor. —Mary é a primeira a me cumprimentar.

— Boa noite, Martin. —Amara sorriu timida ao falar comigo. — Que bom que chegou, eu preciso falar com você.

— Claro, vamos até o jardim.

Ela pede licença a Mary e juntos seguimos até o jardim que estava sendo iluminado por algumas luzes da casa.

— Sobre o quê você quer falar? —pergunto apreensivo colocando as mãos no bolso da minha calça.

Começamos a caminhar lentamente pelo jardim, logo Amara solta um suspiro.

— Sabe, por anos eu me perguntei como seria quando eu te encontrasse, e de fato é maravilhoso estar com você outra vez. —ela faz uma pausa e paramos de andar ficando frente à frente. — Entretanto, nãos somos mais crianças, e a vida adulta é um pouco mais complicada.

Franzi a testa.

— O quê quer dizer com tudo isso?

Ela segura ambas as minhas mãos, e consigo notar o seu sorriso com a pouca luz que há.

— Fico feliz por você querer cumprir a promessa que me fez anos atrás, mas não me sinto bem morando aqui compreende? —ela me encara apreensiva. — Eu quero continuar tendo a sua amizade, mas eu quero voltar para a minha casa.

— Por acaso a minha tia te disse alguma coisa?

— Não. —nega rapidamente. — É só que não me sinto confortável aqui, e também não acho que a sua noiva irá gostar também.

— Sobre isso não se preocupe. —digo à vendo franzir a testa. — Nós terminamos.

— O quê? Mas por quê?

— Fui tolo em acreditar que um casamento sem amor funcionaria. —suspiro fundo enquanto encaro as estrelas. — Se você quer ir embora, não irei te prender aqui, mas como você mesmo disse eu também quero continuar a nossa amizade.

— Seus olhos são tão azuis. —paro de encarar o céu e abaixo a minha cabeça para encarar a mulher a minha frente que sorri.

Acabo sorrindo também.

— Já sei, te fazem lembrar o mar que você ver na TV.

Nós dois acabamos rindo, lembrando do nosso passado.

— Obrigado por me compreender, Martin. —agradece com um pequeno sorriso nos lábios. — Será que eu posso ir hoje?

— Já está tarde, não acha mais adequado deixar para ir amanhã?

Ela nega com a cabeça.

— Mesmo assim, ainda prefiro ir hoje.

Sorrio de lado.

— A minha casa é tão assustadora assim para você querer fugir tão rapidamente?

Amara sorri sem graça.

— Não é nada disso, é que tudo aqui não faz parte das coisas as quais eu estou acostumada. —explica dando de ombros. — Pode parecer meio idiota o que eu vou dizer, mas a simplicidade me agrada.

— Não, não é idiota. —a encaro com admiração. — A gente é como é.

— Certo, vou agora mesmo pegar as minhas roupas. —se anima e fez menção de ir embora mas seguro o seu braço com delicadeza.

— Eu posso ao menos te dar uma carona? —questiono soltando o seu braço.

— Não quero atrapalhar.

— Você não atrapalha em nada, somos amigos certo?

Ela sorri balançando a cabeça.

— Sim, somos amigos.

Saímos do jardim, fico na sala enquanto Amara arruma as suas coisas, enquanto isso vejo quando o marido da minha tia chega parecendo cansado.

— Boa noite, Martin. —me cumprimenta, respondo com um balançar de cabeça e o vejo subir as escadas.

Róger era um ótimo funcionário da empresa, e também me parece ser uma boa pessoa vive sempre na dele, e não gosta muita das atitudes da minha tia.

Me pergunto como os dois conseguiram se manter juntos por tantos anos.

Logo Amara surgi e me pede para se despedir da Mary, assim que ela retorna a sala seguimos até o meu carro.

No caminho vamos conversando sobre amenidades.

— Agora que não trabalho mas na sua casa, preciso urgentemente conseguir um emprego. —confessou parecendo preocupada.

Não sei se era egoísta ou não da minha parte, mas eu jamais iria permitir que a minha grande amiga trabalhasse como empregada na minha casa.

Nesse momento uma ideia acaba surgindo em minha mente.

— Acho que eu posso te ajudar em relação a isso. —afirmo parando o carro em frente a sua casa.

Amara me encara com a testa franzida.

— Me ajudar? Como?

— O quê você acha de trabalhar na minha empresa como minha secretária?

Amara arregalou os olhos me encarando com surpresa.

— Você está falando sério? Eu não entendo de nada dessas coisas e...

— Não precisa se preocupar, são coisas simples que com o tempo você aprende, a minha antiga secretária irá se mudar. —explico e olho para ela em expectativa. — E então, o quê me diz?

— Sim! —respondeu sem hesitar me abraçando com euforia. — Obrigada, obrigada, obrigada!

Amara ria e me agradecia sem parar, eu me sentia tão bem vendo-a tão alegre, na verdade estar ao seu lado me fazia bem.

Não Me Esqueça [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora