MARTIN
Fazia um mês que Amara havia vindo trabalhar para mim, e ela tem se esforçado o suficiente para se tornar uma ótima funcionária e realmente se tornou.
Mas infelizmente tenho notado que ela está estranha, raramente ela fala comigo a não ser com coisas relacionadas ao trabalho.
Amara nunca me trata sem ser de forma profissional e isso está me deixando confuso.
Isso vem acontecendo desde o primeiro dia em que ela veio trabalhar na empresa, depois de voltar de um almoço ela nem sequer se atreve a olhar em meus olhos.
Busquei por diversas vezes em minha mente mas até agora não consegui encontrar algo que eu tenha feito para ela me evitar tanto. Até já cheguei a perguntar-lhe, mas ela garantiu que estava tudo bem.
Mas era óbvio que não estava.
Amara sempre recusa qualquer convite vindo de mim, dia após dia eu me sentia ainda mais frustrado.
— Martin! —encaro Róger que está sentado de frente para mim na minha sala. — Por acaso você ouviu uma única palavra do que eu disse?
Solto um suspiro enquanto passo as mãos pelo o meu rosto.
— Você pode repetir por favor?
— Posso, mas antes você vai me falar o quê está acontecendo?
Penso em mudar de assunto, mas sinto que preciso desabafar com alguém e Róger me parece ser uma ótima pessoa para isso.
— A Amara tem me ignorado últimamente, e sempre que pergunto se há algo de errado ela sempre nega. —explico vendo Róger sorrir suavemente.
— Você gosta dessa garota não é mesmo? —questionou ainda sorrindo.
— Claro que eu gosto, somos amigos.
— Não é disso que eu estou falando. —ele endireita a sua postura e me encara sério dessa vez. — O quê quero dizer é que você gosta dela como um homem gosta de uma mulher.
Desvio os meus olhos dos seus, como eu queria dizer que ele está errado mas como eu iria negar?
Amara é uma garota linda, meiga e carrega uma doçura em seus olhos que é capaz de encantar qualquer homem.
Mas eu jamais tentaria algo com ela, pois eu sei que ela não me ver mais do que um amigo e também não quero estragar a bela amizade que temos.
— Talvez, mas isso não é importante.
— Claro que é importante, ouça bem Martin, negar os nossos próprios sentimentos nunca é a escolha correta isso só nos machuca ainda mais.
— Mas eu não posso estragar a nossa amizade. —confessei entristecido.
— Veja bem, acredito que dentro do seu coração esse sentimento de amizade que você sentia por aquela moça transformou-se em um sentimento bem maior e mais complexo, você acha justo esconder esse sentimento tão bonito a sete chaves?
Fico um tempo em silêncio meditando em suas palavras. Me apaixonar por Amara nunca esteve nos meus planos mas vendo-a todos os dias, observando cada gesto, cada sorriso aquilo fazia o meu coração palpitar dentro do meu peito.
Não foi fácil para mim compreender que novos sentimentos estavam surgindo em relação a Amara.
Sempre à enxerguei como a garotinha meiga que me dava forças em meus momentos de fraquezas, mas durante esses últimos dias a vejo como a mulher que eu queria que estivesse ao meu lado.
A mulher que eu queria dividir os meus momentos tantos bons como ruins, a mulher para me apoiar quando for preciso e eu sei que ela o faria sem hesitar.
— Mas e se eu disser o que sinto e perder a amizade dela que para mim já é tão especial?
— Você nunca saberá se não tentar certo?
Acabo sorrindo.
— Como um homem tão centrado como você consegue conviver com alguém como a minha tia?
Dessa vez Róger também sorri.
— Era sobre isso que eu estava falando com você agora pouco. —confessou ficando sério outra vez. — Eu vou me divorciar, a sua tia é uma mulher impossível de conviver. Deus é testemunha do quanto eu me esforcei para manter o nosso casamento prova disso é que estamos juntos há vários anos.
Eu não tirava a razão dele, eu confesso que ainda estou surpreso dele ter aguentado tanto tempo. Róger deve ter uns quarenta e cinco anos, ainda é jovem e tem direito de ser feliz.
— Eu vou comprar um apartamento e eu espero que você ainda me permita continuar trabalhando aqui.
Me levanto da minha cadeira e rodeio a minha mesa parando ao lado de Róger que também se levanta se virando ficando de frente para mim, coloco a mão em seu ombro e sorrio para o meu amigo.
— Quanto a isso não precisa se preocupar. —asseguro. — Independente se você esteja com a minha tia ou não o seu emprego sempre estará disponível para você.
Róger sorriu contente com essa informação e sem se conter me puxou para um abraço rápido.
— Muito obrigado, saiba que você é como um filho para mim.
Eu sabia que as suas palavras eram verdadeiras, desde que a minha tia me tirou no orfanato Róger sempre me tratou com muito carinho, até mais do que a minha própria tia.
Ele se despede de mim e volta ao trabalho, tento me concentrar em alguns papéis que estavam sobre a minha mesa até que alguém bate na porta.
— Entre.
Não demora para Amara adentrar a minha sala, parecia que hoje ela estava ainda mais linda usando uma saia social preta juntamente com um blusa rosa de seda com um terninho preto por cima.
Os seus cabelos negros estavam soltos caindo sobre os seus ombros.
— Com licença, vim perguntar se o senhor vai precisar de mais alguma coisa? —ela dá alguns passos se aproximando. — Caso não precise eu vou almoçar.
Solto um suspiro e me levanto decidido.
— Sim, eu preciso. —respondo com firmeza. — Preciso que você pare de me tratar dessa maneira.
Ela pisca algumas vezes parecendo surpresa com as minhas palavras.
— É impressão sua eu... —à interrompo.
— Não minta para mim, Amara, me conte o que está acontecendo? —peço e sigo até ela ficando na sua frente. — Eu fiz algo que te chateou é isso?
— Não, claro que não. —ela nega com rapidez.
Seguro o seu rosto com as minhas mãos e olho bem no fundo dos seus olhos.
— Seja sincera comigo, Amara.
Ela fica em silêncio, mas me surpreende quando se joga em meus braços me apertando em um abraço. Fico estático por alguns segundos até que volto a realidade e finalmente passo os meus braços ao redor da sua cintura.
Amara deita a sua cabeça em meu peito e me aperta ainda mais, beijo o topo da sua cabeça e ficamos em silêncio. Espero que agora ela esteja disposta a me contar o quê estava acontecendo.
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Não Me Esqueça [COMPLETO]
RomanceAmara Lindsay foi abandonada pela sua mãe em um orfanato com apenas oito anos de idade. No orfanato ela acaba conhecendo Martin Luther, um garotinho de apenas onze anos que acabara de perder os pais em um terrível acidente. Uma forte amizade cresce...