AMARA
Confesso que estou nervosa a medida que começo a arrumar a mesa do café da manhã, assim que termino ouço algumas vozes vindo da direção da sala.
Fico um pouco distante da mesa, Mary pediu que eu ficasse assim que terminasse de arrumar a mesa caso alguém precisasse de algo.
Não demora para eu avistar uma mulher elegante e com longos cabelos negros com aparentemente uns quarenta e poucos anos, ao seu lado estava um homem de terno com provavelmente a mesma idade que ela.
Eles se sentam e em seguida a mulher me olha.
— Você deve ser a empregada nova. —concluiu me olhando dos pés à cabeça me deixando desconfortável. — Pode fazer os seus afazeres não vou precisar de você por enquanto.
— Sim, senhora.
Saio com passos lentos mas a minha vontade era de correr o mais longe possível daquela mulher, estar no mesmo ambiente que ela é intimidante.
— Que cara é essa menina? —Mary questionou assim que cheguei na cozinha.
— Meu Deus Mary, quem é aquela mulher com cara de megera?
Mary solta uma risadinha baixa.
— Aquela é a Bárbara Coleman, a tia do dono da casa. —explica. — Tome cuidado com ela, a senhora Coleman costuma ser bem má quando quer.
Assinto e solto um suspiro, o quê eu estava pensando? Que seria fácil trabalhar em uma casa de pessoas ricas?
Confesso que apesar de hoje ser o meu primeiro dia aqui, já estou me arrependendo.
Para a minha sorte ou azar o restante do dia segue com rapidez, mas não posso dizer o mesmo da minha semana.
A semana havia passado como uma lesma paraplégica, até que finalmente o final de semana havia chegado.
Mary não mentiu quando disse que a tal Bárbara era má, ela realmente era muito exigente, me fazia trabalhar como uma condenada.
Não sei nada sobre a família a qual eu trabalho, sei apenas que aquela mulher não faz nada a não ser dar ordens e fazer compras.
Em relação aquele homem de olhos azuis, são poucos as vezes que nos esbarramos pela casa.
Ele trabalha muito e quase não come em casa, acho que o único da família que se salva é ele. Já que ainda não posso opinar sobre o marido da magera, pois também mal nos vemos.
— Eu te amo, minha linda.
— Eu também amo você.
Volto a realidade ao ouvir os pombinhos se declararam ao meu lado no sofá.
Como hoje é domingo decidi chamar a minha amiga e o seu namorado para assistirmos ao um filme juntos aqui na minha casa.
— Ei vocês vocês! —aponto para os dois que me encaram segurando a risada. — Chamei vocês aqui para me fazerem companhia e não me fizeram de vela.
Ambos gargalharam.
— Não fiquei com ciúmes bobinha. —Jane que estava ao meu lado me puxou para um abraço. — Nós também amamos você.
— Vou fingir que acredita. —à empurro de leve e volto a encarar a televisão afim de escolher um filme.
— A propósito Amara, a Jane me contou que você está trabalhando agora em uma mansão?
Desviei a minha atenção da TV e olhei para Simon que estava sentado ao lado da namorada.
— Estou, mas confesso que estou sentindo falta do resmungão do senhor Enrico. —confessei soltando um suspiro.
Jane arregalou os olhos.
— Sério amiga? Lá é tão ruim assim?
— O trabalho em sí não é ruim, ruim mesmo é a tia do dono da casa.
— Credo! —ela fez uma careta. — Não vai me dizer que ela é igual aquelas vilãs das novelas?
— Se não for igual é pior. —dou de ombros.
— Mas e o seu chefe bonitão? —questionou curiosa.
— Bonitão é? —Simon repetiu franzindo a testa.
A minha amiga virou-se para encarar o namorado e beijou a sua bochecha.
— Você é mais bem bem. —afirmou, ele apenas sorriu então ela se virou para mim. — Me conta, ele é ainda mais lindo pessoalmente não é?
Apenas sorri.
— É, ele é realmente muito bonito. —confesso e vejo-a me olhar maliciosa. — Pode parar de pensar bobabem, nós apenas nos falamos uma ou duas vezes nada mais. E além do mais ele tem noiva.
— Claro que um homem daqueles não estaria dando sopa. —disse ela.
— Eu ainda estou aqui sabia? —Simon dá um empurrão de leve com o ombro na minha amiga.
Nós duas apenas gargalhamos achando graça. Esses dois juntos tornam a minha noite bem agradável.
Por fim paramos de conversar besteiras, e enquanto Jane faz pipoca fico escolhendo um filme.
Eu particularmente prefiro comédia romântica, mas os meus amigos não tem o mesmo gosto, então acabamos optando por um filme de ação.
Assim que a nossa sessão pipoca termina, o casal se despede de mim e vão embora deixando a minha casa em um ambiente solitário.
Sinto tanta falta da minha mãe, mesmo eu sendo muito nova não esqueço o quanto ela me amava, me pergunto onde ela está nesse momento.
Tento não pensar mais nisso para não ficar triste. Tomo um banho rápido, escovo os dentes e vou dormir.
Mas assim que fecho os meus olhos, a música eletrônica alta invade a minha casa. Solto um grunhido raivoso.
— Eu não mereço isso.
[...]
— Bom dia, Mary. —cumprimento a minha mais nova amiga que faz uma cara surpresa ao meu ver.
— Bom dia, meu Deus menina o quê aconteceu com você? —pergunta referindo-se ao meu estado.
Não dormi nada noite passada, o barulho foi até as cinco da manhã. Quase não consegui me levantar para vir ao trabalho hoje.
— Nada não. —respondo dando de ombros. — Vou vestir o meu uniforme e já começo a te ajudar.
Assim que saio da cozinha de maneira totalmente destraida, acabo esbarrando em alguém fazendo alguns papéis que a pessoa segurava caírem no chão.
— Me desculpa! —peço e me abaixo imediatamente para juntar os papéis.
— Sempre nos esbarrando. —arregalo os meus olhos ao ouvir a voz do meu patrão.
Ele também se abaixa para me ajudar a recolher os papéis. Levanto a minha cabeça e o encaro, ele sorri gentilmente.
Assim que pegamos todas as folhas nos levantamos entrego as que peguei.
— Novamente me desculpe, eu sou um completo desastre.
— Não se preocupe, isso acontece. —novamente ele sorriu com gentileza. — Só tome mais cuidado, ou você poderá se machucar.
— Certo. —concordo com um balançar de cabeça. — Com licença.
Faço menção de sair mas ele segura o meu braço suavemente.
— Eu ainda não sei o seu nome. —constatou soltando o meu braço em seguida.
Abro a boca para respondê-lo, mas sou interrompida por uma vez feminina.
— O quê faz ai parada? —olho para frente e percebo a senhora Coleman se aproximar. — Vá vestir o uniforme, eu tenho algumas tarefas para você.
— Sim, senhora. —olho para o loiro. — Com licença, senhor.
Saio dali a passos largos, sem evitar de soltar um suspiro. Foi uma péssima idéia trabalhar aqui.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Não Me Esqueça [COMPLETO]
RomanceAmara Lindsay foi abandonada pela sua mãe em um orfanato com apenas oito anos de idade. No orfanato ela acaba conhecendo Martin Luther, um garotinho de apenas onze anos que acabara de perder os pais em um terrível acidente. Uma forte amizade cresce...