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M E L


— Quantas vezes eu preciso te pedir perdão pra que você mude de ideia? — Disse Graziella andando agitada atrás de Melissa pela casa.

— Eu disse que já te perdoei, mas não vou mudar de ideia.

— Mas é uma casa na montanha. Uma casa na montanha, Mel. Você não pode morar lá e... e você disse que odiou o lugar.

— Tem razão. Na verdade eu ainda odeio, mas estive pensando e agora, não sei, acho que é exatamente do que eu preciso, Grazi, morar sozinha em um buraco na montanha. — Melissa parou de andar e colocou as mãos nos ombros de Graziella. — Eu cheguei à conclusão de que você tem razão.

— Tenho?

— Ãhã. Eu estava mesmo escondida aqui, fugindo do que realmente vim fazer nesse lugar. Se eu quero me reconectar com as coisas boas que eu e Rafael tivemos, acho que tenho que fazer isso sozinha. Bom, eu teria que fazer isso sozinha de qualquer maneira, mas eu quero dizer sozinha, sozinha. E já que comprei meio sem querer uma casa na montanha, acho que isso pode ajudar. E olha só, você tinha razão em outra coisa.

— Tinha?

— É. — Disse Melissa sorrindo de um jeito que assustou Graziella. — Você disse que Positano era um lugar mágico e tinha razão. Como num passe de mágica você me expulsou do seu apartamento e eu comprei uma casa. Isso é realmente algo sobrenatural já que eu não tinha mais intenção nenhuma nem de morar em Positano quanto mais comprar uma casa lá, e eu fiz isso. Se não é algum tipo de mágica então não sei dizer o que é. — Disse ela rindo.

— Parece que você não me perdoou mesmo. Vai ficar jogando isso na minha cara pra sempre, não vai? — Ela cruzou os braços fazendo um bico de birra.

— Vou sim. — Melissa deu um beijo no rosto da amiga e voltou a andar.

— Ok. — Graziella deu a volta em Melissa e a fez parar no corredor. — Então, então o que vai dizer ao Vince? Ele é o seu novo patrão, não é? Qual desculpa vai dar a ele pra não começar no trabalho agora que está melhor?

— Eu já falei com ele. Avisei que vou precisar de uma semana até conseguir deixar aquela casa habitável. — Melissa deu a volta em Graziella e seguiu para a cozinha.

— Ok, mas... pensa bem, Mel, lá não tem eletricidade nem água.

— Tem um gerador que Vince me garantiu que ainda funciona e um poço artesiano. Tem até um riacho ao lado, de sede eu não morro.

— Você está maluca, sabia? Você acabou de ter um piripaque por causa do seu coração e agora quer morar num lugar onde vai ter que subir sei lá quantos degraus todos os dias?

— Isso foi há uma semana, eu já estou bem e até onde eu sei exercícios são bons para o coração. Será que você me empresta alguns itens de limpeza? — Disse Melissa se dirigindo à lavanderia na cozinha. — Vou levar uma de suas vassouras, acho que posso comprar um rodo no caminho, mas tem uns produtos de limpeza sobrando aqui, vou levar alguns e devolvo novinhos assim que fizer minha primeira compra.

— Não, não precisa devolver nada porque você não vai.

— Oh então ganhei os produtos de presente? Obrigada pela gentileza. Então vou levar isso aqui também, e isso, e essas esponjas aqui. — Ela falava e colocava as coisas dentro de uma caixa de papelão, se levantou e entregou a caixa nos braços de Graziella. — Agora vem. Me ajude a colocar tudo dentro do carro.

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