Capítulo Quarenta e Quatro

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PARTE I: SIRIUS

Ele está de saída. James está em um turno com Marlene e seu apartamento está vazio e terrível e ele nem se importa se ele vai fazer algo estúpido porque, francamente, Remus pode ir se foder. Ele está de casaco, chaves e dinheiro tilintando nos bolsos, varinha enfiada na manga, pronto para ir, quando ouve o som de passos na escada. Sirius congela, olhando para a porta. Ele ouve o som da fechadura estalando, observa enquanto a maçaneta da porta gira. Ele diz a si mesmo que não tem ideia de quem está do outro lado, que ele deveria pegar sua varinha, se preparar para uma luta. Porque pode ser qualquer um. Mas ele não faz.

Remus para no meio da porta encarando, Sirius pensa, irracionalmente chocado ao vê-lo considerando que ele mora aqui. Se alguém deveria estar chocado, é Sirius.

"Você vai fechar a porta?" ele pergunta eventualmente, a voz monótona.

"Oh," Remus está com a voz áspera, como se tivesse gritado. Na verdade, ele inteiro parece bastante áspero – machucado, arranhado e sujo. Ele fecha a porta, mas não se aproxima. Sirius acha que nunca ouviu a casa deles soar tão quieta.

"Sirius?" Remus diz finalmente, sua voz vacilante. Sirius tem que fechar os olhos por um minuto porque ele está com tanta raiva, mais do que raiva, não há nem uma palavra para o que ele está. Mas é óbvio que Remus não está em condições de discutir isso agora, então ele tem que apenas... encontrar um lugar para guardar isso.

"Tire suas roupas," diz ele enquanto joga sua própria jaqueta no sofá. "Vou ligar o chuveiro."

"Eu—"

Mas Sirius já está andando pelo corredor. Ele está preocupado que se ele tiver que falar sobre isso agora, ele não será capaz de se aguentar. Não será capaz de segurar.

Ele está testando a temperatura da água quando ouve Remus se arrastando atrás dele. Sirius provavelmente se concentra um pouco mais na água do que o estritamente necessário, ouvindo o som de Remus dobrando cuidadosamente suas roupas e colocando-as em cima do vaso sanitário. Eventualmente, Sirius se força a se virar.

É trabalhoso para ele não reagir ao estado em que Remus está. Ele já o viu ruim antes, mas isso – seu corpo está coberto de hematomas e vergões, como se alguém estivesse batendo nele. Sem nem pensar, Sirius sente que está estendendo a mão, mas Remus se esquiva, olhando para baixo como se estivesse envergonhado. A mão de Sirius congela no ar e depois cai.

"Você está com fome?" ele pergunta eventualmente, engolindo o nó em sua garganta. "Tome um banho, vou fazer alguma coisa."

"Você não precisa," Remus diz, os olhos ainda no chão de ladrilhos.

"Ok. Isso significa que você não quer nada?"

Ele observa Remus franzir o rosto inchado e se pergunta o que diabos ele está pensando. E onde diabos ele esteve e como diabos ele pôde ir embora com tanta facilidade, mas não. Não. Essa linha de pensamento não é útil agora.

"Se você for fazer de qualquer jeito, então—sim, eu gostaria. Por favor," seu discurso é empolado. Rígido.

"Ok," Sirius diz novamente. "A água está quente."

"Obrigado."

"Claro." Sirius dá um passo em volta dele, indo para a porta.

"Sirius—"

"Agora não," é tudo o que ele diz, sem se incomodar em parar no caminho para a cozinha. Ele agarra o balcão quando chega lá, pressionando as palmas das mãos na superfície fria e abaixando a cabeça. Sua respiração treme enquanto ele inala. Ele não tem ideia do que está fazendo. Não tem certeza de com quem ele está mais bravo; Remus ou Dumbledore. E esses ferimentos... se ele descobrir quem colocou essas malditas marcas em Remus, ele vai—

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