Capítulo Cinquenta e Quatro

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PARTE I: TOM

Garotinhos nunca sabem seus limites. Sempre insistindo. Correndo longe demais. Muito perto da borda. Pedindo demais.

Mamãe, por favor.

Por favor.

Por favor.

E ela cede, não é? Faz dele mimado e fraco até que um dia ele chama e ela não atende.

Mamãe, por favor.

Por favor.

Por favor.

A beleza de ter uma mãe morta é que você aprende desde cedo que ninguém vem. Inocente ou culpado. Justo ou injusto. Ninguém nunca vem.


Então é melhor você saber nadar. 


Olhos cinzentos vazios o encaram. Amplos e invisíveis. O corpo flutuando em cima da água, começando a inchar. Tom o puxa para ele com sua varinha, observa enquanto ele balança contra a borda da ilha. Ele se agacha, passando o dedo ao longo do lado de seu rosto.

Regulus Black é realmente um menino muito bonito. Até meio apodrecido.

Inteligente também.

Você nunca pode confiar nos inteligentes.

Ou nos bonitos.

Tom sabe disso melhor do que ninguém.

De pé, ele caminha em direção à bacia no centro das rochas, assegurando-se, mais uma vez, de que o medalhão ainda está onde deveria estar. Ele se demora nisso por um momento. A cobra que está esculpida na frente distorcida pelo líquido em cima dela, fazendo parecer que está se contorcendo.

Quando ele soube de sua conexão com Salazar Slytherin quando menino, ele ficou bastante satisfeito. Orgulhoso. Mas quanto mais ele aprendia sobre o Fundador, mais esse sentimento se entorpecia. Salazar não tinha sonhos de poder. Apenas de defesa. Ele queria construir um muro ao redor do mundo mágico. Mas Tom, Tom quer vê-lo crescer.

O mundo mágico tornou-se complacente. Tantas habilidades mágicas permanecem subdesenvolvidas, tantos caminhos possíveis de estudo intocados - porque são vistos como imorais. É um pensamento provinciano e de mente pequena. Tom não tem paciência para isso. Mesmo na escola, ele achava a ideia de que alguma magia é "sombria" tediosa. Que houvesse uma seção "restrita" da biblioteca, rídicula. Essas ideias antiquadas precisam ser eliminadas. Especialmente se ele quiser alcançar o que deseja acima de tudo.

Seus olhos voltam para o medalhão, dedos finos roçando o topo da poção antes de se afastar. Ele está aqui porque Regulus Black está desaparecido há três dias. E Tom não precisa de Lucius sussurrando em seus ouvidos para saber que a lealdade de Regulus Black é tênue e que ele é inteligente o suficiente para causar sérios danos aos planos de Tom. Especialmente depois que ele encontrou aquele livro no quarto de Regulus. Aquele que colocou Tom neste caminho em primeiro lugar.

Então ele decidiu que seria prudente checar seu medalhão. Para ter certeza de que tudo estava como deveria estar. E eis que...

Ele considera o garoto morto, pressionando a sola da sua bota em sua bochecha. Ele se pergunta se ele conseguiu atravessar o lago? Ele encontrou o barco? Ou ele tentou nadar? Tom supõe que no final isso não importa. As defesas da caverna funcionaram.

Ele poderia trazer o corpo de volta. Ele sabe que Walburga e Orion vão querer. Eles são muito sensíveis a esse tipo de coisa – as antigas famílias bruxas – com suas criptas e tradições. Mas depois da façanha que Dumbledore fez com os corpos no Ministério, Tom acha que prefere usar Regulus para enviar uma mensagem.

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