Está muito quente para o suéter que ele está vestindo. Ele continua puxando, o tecido coçando contra sua pele suada, tornando impossível ignorar. Ele tiraria, mas precisa de algo com mangas. Já tem uma voz irritante na cabeça dele dizendo que não é o bastante, que de alguma forma as pessoas vão saber. Que sua manga vai subir. Que vai sangrar pelo tecido. Deslizar para baixo em seu braço.
"Caramba, você parece miserável," Evan está encostado no pilar ao lado dele, esperando o trem chegar. Tem nas mãos um saco de pipocas cristalizadas que insiste em comer atirando pedaços para o ar e pegando-os com a boca. Ele continua olhando para o grupo de meninas do quarto ano à esquerda deles para ver se elas estão assistindo – elas não estão.
"Eu pensei que esse era o meu papel," Regulus diz secamente, os olhos examinando preguiçosamente a plataforma. "Eu sou o miserável, você é o otimista."
"O que isso faz de Barty?"
"Quando você descobrir o que Barty é, me deixe saber."
Evan ri. Sua risada é pelo nariz — faz com que pareça um eterno garoto de doze anos.
"Honestamente, eu não acredito que você voltou. Se eu fosse você, teria dado o fora daqui."
Sua mãe tentou impedi-lo, mas eventualmente ele conseguiu convencê-la de que ainda havia algum valor em sua educação, mesmo que fosse apenas porque o mantinha mais perto de Dumbledore. Atrás das linhas inimigas, coletando informações, etc, etc.
"Surpreendentemente," ele diz finalmente. "Eu gosto de estudar."
Evan bufa. "É por isso que você é tão miserável."
Regulus não pode evitar o sorriso que puxa em sua boca. "Provavelmente."
"Estou lhe dizendo, Reg, quanto menos você souber, melhor é a vida."
"Ah, o lema de vida de Evan Rosier. Na dúvida, seja um maldito idiota."
Ambos riem agora, chamando a atenção das meninas do quarto ano acima mencionadas. Regulus imagina que seja por causa do barulho e não por algum desejo subitamente materializado, mas Evan parece ter uma opinião diferente.
"Ei, segure isso, ok?" ele bate a pipoca no meio do peito de Regulus.
"Merlim, Evan, deixe isso para lá."
Mas não adianta, seu amigo já está se afastando, uma arrogância exagerada em seu passo. Regulus revira os olhos, recostando-se no pilar e olhando para a pipoca em suas mãos. É uma cor azul desagradável que Regulus não consegue acreditar que seja comestível.
Seu braço dói. Ele tem certeza que é apenas coisa da cabeça dele. Ou pelo menos é o que ele diz a si mesmo. Assim como ele diz a si mesmo que nada está preso na sua pele. Nada está se contorcendo na superfície. Tentando sair. Por mais que possa parecer que não. Ele enrola e flexiona os dedos, assim vai ajudar. Tentando pensar em outra coisa.
"Ei."
A palavra é suave e tranquila e ainda faz Regulus pular. Ainda o faz jogar a pipoca nojenta de Evan no chão. Ainda faz seu pulso acelerar.
Ele se vira para encontrar James atrás dele, sorriso tímido no rosto, olhos brilhantes. Não me olhe assim, Regulus quer dizer a ele, você não sabe o que eu fiz.
Ele abre a boca, mas nenhum som sai. Ele pretendia estar mais preparado do que isso, pretendia se envolver em uma armadura de apatia e indiferença. Ele não esperava que James fosse até ele e – mas é claro, ele deveria ter previsto isso. É tão parecido com ele.
Ele ficou quieto por muito tempo e pode ver a preocupação começar a crescer na testa de James. Ele deveria deixá-lo. Ele deveria se virar e ir embora. Ele geralmente é melhor nisso. Em ser um idiota.
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Choices
FanfictionPessoas cometem erros. Na maioria das vezes, pensa James, você deve perdoá-las. Se elas estão arrependidas. Se elas estiverem falando a verdade. Ele mesmo tomou algumas decisões questionáveis em sua vida. Alguns erros. Todo mundo está apenas tenta...