Capítulo Quarenta e Nove

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O sol mal está beijando o horizonte enquanto Remus corre pela rua, segurando sua mochila de lona ao seu lado. Está frio esta manhã, suas bochechas rosadas, dedos um pouco dormentes. O Volkswagen Camper azul enferrujado na frente dele buzina encorajadoramente quando ele ouve a porta lateral se abrindo.

"Você está atrasado!" uma voz grita, ecoando na rua vazia, assustando os pombos.

Remus bufa nos últimos metros até o carro, agarrando o teto e entrando. "Eu não estou atrasado," ele consegue dizer entre as respirações, deslizando em seu assento. Alguém fecha a porta. Remus bate no seu relógio para o motorista com um sorriso. "Veja, seis da manhã, em ponto. Estou literalmente na hora."

O velho revira os olhos, voltando-se para a estrada. Ele está ficando careca no topo da cabeça, com uma espessa barba ruiva cobrindo o rosto. "Atrevido," ele murmura, os olhos encontrando Remus no espelho retrovisor, incapaz de esconder sua diversão enquanto ele se afasta do meio-fio.

Remus se acomoda, acenando para os outros seis passageiros no trailer. Ele viu alguns deles em suas outras visitas, mas há pelo menos dois deles que são novos rostos - novos para ele de qualquer maneira. Nenhum deles fala, é muito cedo, Remus vira a cabeça para a janela e vê o céu se iluminar enquanto o dia lentamente se aproxima e eles deixam a cidade para trás. Prédios e carros se transformam em campos e autoestradas sem fim, o sol da manhã brilhando contra o asfalto.

A primeira vez que ele veio, ele fez isso por conta própria. Ele teve que pegar um trem e depois um ônibus, e depois caminhar por cerca de três quilômetros. Quando viu o sinal, seus pés o estavam matando.

"Parece que você está planejando ficar um pouco."

Leva um momento para Remus perceber que Arnold – o motorista – está falando com ele. Ele pisca, ainda meio adormecido, olhando para a bolsa em seu colo. Depois de alguns segundos, ele dá de ombros.

"Pode ser, nunca se sabe, eu queria... manter minhas opções em aberto, eu suponho," ele tenta dar ao velho um sorriso que não trai nenhum dos sentimentos girando dentro dele.

"Opções, hein?" Arnold pergunta, assentindo. "Bem, eu sei que muitas pessoas lá ficarão felizes em ouvir isso."

"Eu não estou prometendo nada, então não saia fofocando," Remus diz, meio brincando.

Arnold ri, é um barulho profundo, vindo direto de sua barriga. Como o Papai Noel. "Não, você não me parece do tipo que faz muitas promessas."

Remus morde a parte de dentro do lábio para se impedir de fazer uma careta, voltando-se para a janela. Mal sabe Arnold, Remus na verdade faz promessas o tempo todo, ele só não é particularmente bom em cumpri-las.

Em sua primeira visita, as coisas deram errado quase imediatamente. Após a caminhada de três quilômetros, ele chegou a uma placa de madeira pintada que dizia "Lupercal" no topo de uma estrada de terra, cercada de ambos os lados por matas densas. Em algum lugar, no final desta estrada, havia supostamente uma velha casa de fazenda que Remus deveria encontrar.

Moody havia dito especificamente para ele não fazer o primeiro contato na lua cheia, ele achou que seria mais seguro, e Remus não podia dizer que discordava. Veja, Lupercal é o maior grupo de lobisomens com todos vivendo em um só lugar que o Ministério já conheceu. Moody se refere a eles como o "Bando", mas Remus não consegue superar o desconforto que isso o faz sentir. Faz parecer que eles estão discutindo sobre animais.

"Sanduíche?"

Remus se vira para ver o homem ao lado dele, que estava dormindo na última vez que Remus verificou, oferecendo-lhe um Tupperware cheio do que parecem ser sanduíches de presunto e queijo. Remus ia recusar, mas ele não teve tempo de comer antes de sair e até mesmo a menção de comida faz seu estômago roncar.

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