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MAJU

Quando eu desci em São Paulo tá a um frio de roer os ossos, avistei o carro que ficou de me buscar hoje e ouço a voz da Ana né chamar pela janela.

Falando em Ana, bom, ela não me demitiu, mas me tratou feito lixo a porra da semana inteira, me dizendo que eu não estava concentrada, ou que eu estava horrível nas fotos, que eu estava cansada por causa do fim de semana "animado" que eu tive, que eu era irresponsável com minha imagem e mesmo dizendo que as broncas que ela me dava não tinham nada a ver com o fato de eu ter ficado com o ex marido dela e sim por que ela que cuidava da minha carreira eu sabia que o motivo não era bem esse.

No dia seguinte, terça feira, peguei ela no corredor do hotel discutindo com alguém no celular, e quando ela me viu disse alguma coisa pra outra pessoa e logo desligou a chamada.

Na quarta feira conseguimos adiantar alguns trabalhos da quinta pra não correr o risco de perder o vôo e mesmo assim aqui estou eu, quinta feira, correndo até a área de embarque torcendo pra dar tempo de entrar no avião.

Agora sobre o Lennon, estávamos bem, ele me ligava todos os dias, dizia que estava morrendo de saudades e que quando chegasse de volta ao rio iríamos sair juntos.

A gente tinha conversado um pouco mais sobre toda loucura do fim de semana e chegamos a conclusão que nada foi premeditado, foi mero acaso ele e a Lisa terem ficado e foi mera bebedeira minha situação com o Felipe.

Na quinta feira a noite quando ei cheguei no rio recebo uma mensagem do Lennon dizendo que estava no estacionamento esperando por mim e não consegui esconder o sorriso quando cheguei perto do carro vendo ele do lado de fora, todo marrento com um boné preto tampando metade do rosto. Me aproximei do preto cruzando os braços pelo pescoço dele e o beijando.

- Tá cheiroso heim... Que isso...

- Pra tu - deu uma piscadinha divertida.

- Bora, tô cheia de fome - disse dando a volta no caro e colocando a mala no banco de trás.

- Minha mãe chamou a gente pra jantar lá, quer ir? - ele perguntou e eu sabia que ele tinha ficado nervoso pela minha resposta.

- Ela me chamou? - perguntei e ele concordou - Então vamos.

Conseguia sentir o clima ficar mais leve depois da minha resposta, e senti que ele acabou relaxando mais. Seguimos pra Ipanema com tranquilidade pela rara falta de trânsito na avenida.

Chegando na porta do apartamento ele já foi abrindo e entrando comigo seguindo  ele um pouco sem graça, tá que eu já cansei de vir aqui e que não era novidade nenhuma estar com a família dele. Só que depois da separação dona Silvana acabou se afastando de mim pra defender o filho e eu não julgo.

Fui direto na cozinha e acabei dando um susto nela e na Maria que estavam cochichando alguma coisa.

- Oi minha filha, que saudade - ela disse me abraçando

- Oi tia, saudades também - disse me soltando e indo abraçar a Maria também.

- Oi Majuzinha - ela disse abafado no meu abraço.

A família dele sempre me acolheu muito bem mas acabaram virando as costas pra mim depois que decidi me separar, eles pegaram o lado dele e não quiseram me ouvir e eu acabei ficando magoada principalmente com a mãe e a tia dele.

Mas vida que segue, quero colocar um ponto final nessa bagunça, focar no preto que me olhava nesse momento do outro lado na mesa de jantar com cara de bobo enquanto passava as pernas pelas minhas em baixo da mesa.

Búzios - 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora