— Você é um... — Eu não completei a frase, mas nem precisava. Minha expressão dizia absolutamente tudo.
— Srta. Munis. — O tom de Snape era um aviso para que me comportasse. Olhei para ele. Não, o fuzilei com o olhar. — Isso não teria acontecido se tivesse usado o Feitiço Escudo — disse ele, como justificativa para o que aquele maldito sonserino havia feito comigo. Maldito. — Não é culpa dele que a senhorita não tenha capacidade para se defender.
Minha boca se abriu num "O" de reprovação. Irritei-me.
— Tudo bem, professor. — Levantei. Não havia percebido que permanecera sentada no chão, ainda no mesmo lugar onde caíra. Na verdade, estava brava demais para me lembrar de pequenos detalhes como este. — Enfeitice-me o senhor, então.
Ele semicerrou os olhos para mim. Parecia não entender meu tom de desafio, mas sabia que eu tinha a capacidade que ele afirmava que não tinha. Com certeza, Dumbledore já lhe falara sobre minhas habilidades.
Preparei a varinha com o cenho franzido, assim como os lábios. Snape logo lançou seu poderoso feitiço estuporante não-verbal, que ricocheteou em meu feitiço escudo — não-verbal — e voltou para ele. Eu não havia percebido que estava tão determinada, até que a força de meu escudo o jogou para trás com força arrebatadora, fazendo-o cair ao chão. E, detalhe, levando muito mais mesas consigo no processo do que eu levara.
Tenho de confessar que segurar o riso não foi uma tarefa das mais fáceis.
Sem alterar a expressão, fui até ele e peguei em sua mão, puxando-o para cima. O professor ficou de pé, sem jamais tirar seus olhos de mim. Não soube interpretar a sua expressão.
— Meu feitiço falado é mais forte — eu disse. Pretendia falar num tom de voz que só ele ouvisse, mas a raiva era tamanha que os que estavam por perto arfaram; claramente tinham escutado. — Sinto muito, professor — eu disse, mais alto, a raiva ainda evidente. — Devia ter feito isso com o feitiço de Malfoy. — Tudo o que ele fez foi me dar as costas e ir atormentar Harry e Rony. E Harry ganhou uma detenção, como sempre. — Muito bem, Malfoy. — Esbocei um sorriso debochado para o loiro a minha frente. — Use o feitiço que quiser. Pode até berrar o feitiço, se quiser. Dessa vez, meu escudo estará aqui. — Eu ri, sem humor algum.
Perdi a noção de quantas vezes o fiz cair. Pelo menos ele sentiria muito mais dor do que eu depois. Era isso o que me confortava.
Quando a torturante aula chegou ao fim, fomos todos para o intervalo. Eu estava meio aérea e notei distraidamente que Harry, Rony e Hermione falavam sobre um bilhete de Dumbledore, relacionado às aulas de Harry.
Então, eu me lembrei do que se tratavam as aulas.
Perguntei-me se deveria ter acesso a essas lembranças bloqueadas por magia, por mais que estivesse vivendo o momento em questão. Terá sido o feitiço de Dumbledore demasiado fraco? Os meus poderes eram fortes o bastante para banir o feitiço dele de minha mente?
Eu não sabia qual hipótese era mais provável, ou se alguma o era, de fato.
O tempo passou rapidamente, tanto que logo eu já caminhava em direção às masmorras com Harry, Rony e Hermione, para a aula de poções com o profº Slughorn. Mais uma vez, a memória voltou a minha mente. Tudo foi acontecendo exatamente como eu me lembrava. O que mudou foi que eu fuzilei Draco com o olhar quando o vi caçoar de Hermione.
Esse garoto me dava nos nervos.
Li atentamente as instruções do livro umas cinco vezes antes de começar a fazer a poção, que era a tarefa do dia. Afinal de contas, essa era a primeira vez que eu faria uma coisa dessas — e já começava logo por uma difícil, a poção do morto-vivo. Eu esperava sinceramente que o caldeirão não explodisse ou coisa assim.
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Bleeding Love Life Lies I
RomanceA minha vida mudou drasticamente. O que antes era apenas fantasia, agora é total realidade. Eu tenho de viver cada dia como se fosse o último, pois eu não sei como vou acabar nessa história. Eu posso morrer a qualquer momento. Só o que eu não posso...