Draco foi o primeiro a sacar sua varinha. Harry logo o imitou e eu já sabia no que ia dar. Fiz o feitiço da desilusão para não ser vista pela Murta-Que-Geme (que logo apareceu), e nem por Snape.
— Não! Não! Parem com isso! Parem! Parem! — Murta-Que-Geme surgiu e, do nada, começou a gritar. Acho que ela vira tudo, desde antes de Harry chegar, e só então se revelara. Vai saber.
— Cruci...
— SECTUNSEMPRA!
Foi pior do que eu imaginara ver aquela cena. Meu coração disparou, ansioso por cuidar de Draco e socar Harry por tê-lo machucado. Murta-Que-geme saiu gritando como uma retardada:
— Crime! Crime! Crime no banheiro! Crime!
Snape chegou ali e eu fiz o possível para não me entregar. Ele aos poucos conseguiu curar Draco, o que eu já sabia que aconteceria, mas não consegui me acalmar até ver surtir efeito. Assim que isso aconteceu, Snape levou o garoto para a ala hospitalar, para que ele recebesse mais cuidados. Pus-me para fora, onde encontrei Harry. Desfiz o feitiço, tornando-me visível. — O que você estava fazendo no banheiro com Malfoy? — perguntou-me. É claro que, aos olhos dele, isso era totalmente estranho. — E por que você está chorando?
Arfei.
— Depois eu... explico, eu tenho... tenho que...
Eu simplesmente saí correndo pelos corredores até a ala hospitalar, onde encontrei Snape ainda na porta. Ele não falou nada, apenas me lançou um olhar do tipo "eu sei o que você fez" e se foi. Eu sabia que ele iria procurar encrenca com Harry (como sempre).
Adentrei a ala hospitalar e vi Madame Pomfrey cuidando de Draco.
— Não pode ficar aqui, querida — disse ela.
— Preciso — eu disse, num tom forte que nem parecia minimamente afetado pelo choro recente. Para minha surpresa, Madame Pomfrey não replicou.
Sentei-me ao lado dele, numa cadeira que estava por perto. Segurei sua mão quando Madame se afastou e nos deixou "à sós". Ele não disse nada, nem se mexeu.
— Dói muito? — perguntei com uma careta.
Draco virou seu rosto para mim e eu pude ver o ferimento que já cicatrizava.
— Não. Agora, não.
Cheguei mais perto e toquei seu rosto, primeiro na parte livre de ferimentos e depois sobre um deles. Parecia ter dias, e não minutos. Ele fez uma careta; claramente eu lhe causara mais dor.
— Seu toque é suave — comentou. — Seus dedos estão tão frios que chega a ser bom.
Eu sorri.
— Fique bom logo.
Sua expressão rapidamente tornou-se sombria.
— Maldito Potter...
— Draco. — Meu tom de repreensão fez com que ele me encarasse.
— Ele me machucou de propósito — protestou.
— Não foi de propósito — repliquei. — Ele foi burro; nem sabia para que servia aquela maldição. Mas vamos ser francos: você também não estava tendo a melhor atitude.
— Isso, defenda o Potter — reclamou.
O ciúme era explícito em sua voz. Eu sorri com isso.
— Querido, você ia usar a Maldição Cruciatus.
Ele não se deixaria culpar.
— Sem danos físicos.
Bufei.
— Harry é meu amigo e sei que ele não usou essa maldição com intenção de te machucar. Ele não conhecia o Sectumsempra.
— Mas você conhece.
— Sim.
Apertei mais sua mão entre as minhas, sentindo uma vontade crescente de dizer a ele tudo o que eu sentia, mas nada disse. Apenas olhei em seus olhos, esperando que ele visse ali meus sentimentos.
— Eu queria ficar aqui com você, mas eu não posso — eu disse. — Volto amanhã, assim que puder. Isto é, se você quiser.
— É claro que quero que você venha — disse. — Mas...
— Mas?
— Eu quero um beijo. — Ele sorriu.
Eu ri, olhando para Madame Pomfrey.
— Confundos!
Ela pareceu confusa por um instante, e eu sorri com malícia para Draco.
— Te amo. — Não resisti em dizer, mas... falei em português. Ele piscou, sem entender, e eu o beijei com vontade. E as famosas borboletas ficaram inquietas em meu estômago.
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Bleeding Love Life Lies I
RomanceA minha vida mudou drasticamente. O que antes era apenas fantasia, agora é total realidade. Eu tenho de viver cada dia como se fosse o último, pois eu não sei como vou acabar nessa história. Eu posso morrer a qualquer momento. Só o que eu não posso...