— Oi, Draco — eu disse.
Ele se virou para me encarar, sobressaltado. Seu uniforme estava desarrumado de um jeito casual.
— O que você está fazendo aqui?
Eu sorri, mexendo numa velha vassoura empoeirada jogada num canto.
— Esse lugar está meio sujo, não? — Eu ri. — Limpar!
Mesmo sem varinha, o feitiço foi forte e eficaz. O lugar ficou brilhando. Os objetos pareciam novos.
— Bem melhor. Você podia ficar doente com toda aquela sujeira.
— Você não respondeu à minha pergunta — disse, em sua arrogância.
Eu ri.
— Quero conversar com você; só isso.
Ele semicerrou os olhos.
— Como foi o seu natal? — perguntei.
— Por que você se importa? — ele quis saber. — Você me odeia.
— Não odeio — retruquei. — Você é quem parece me odiar só porque não sou sangue puro como você, e isso é fato.
Ele não disse nada; apenas encarou os sapatos.
— Meu natal foi ruim — respondeu à meia voz, depois de alguns minutos. — Péssimo.
— Eu lamento.
Ele riu amargamente.
— Como se fosse sua culpa. — Balançou a cabeça, e pareceu que ele disse mais para si que para ser ouvido. — E o seu?
— Foi bom. — Eu sorri. Parecia estar conseguindo algum progresso. — Fiquei com os Weasley nos últimos dias. Ganhei ótimos presentes...
Inconscientemente, minha mão tocou a misteriosa e belíssima pulseira. Draco reparou nisso.
— Bela pulseira — comentou.
Eu sorri.
— É, sim. Foi meu presente favorito. É uma pena que eu não possa agradecer à pessoa que me deu.
— E por que não?
— Eu não sei quem me deu. Não vi quem o mandou, ou a coruja e nem ninguém. Quem quer que seja, foi muito cuidadoso. Nenhum dos Weasley viu o presente chegar. Tão misterioso...
— O que você diria a essa pessoa? — Draco quis saber.
— Hm... Acho que eu abraçaria, beijaria e agradeceria mil vezes, em primeiro lugar. Depois diria que tem um ótimo gosto para presentes. E é claro que perguntaria se cada pingente tem um significado.
Ele assentiu.
— E do seu namoradinho, o que ganhou? — O tom de voz dele mudou.
Mostrei o colar.
— Fred não gostou nada de meu presenteador secreto.
Eu não soube interpretar a expressão que ele fez.
— Mas não foi para conversar sobre o que fizemos no natal o motivo de você ter vindo me procurar.
Eu sorri marotamente para ele.
— Não só por esse motivo — admiti.
Ele se virou de costas para mim, aparentemente não querendo me mostrar sua expressão.
— Espero que não continue com aquele assunto. — Era meio que um pedido.
— Desculpe, mas devo fazer isso — eu disse. — Draco, eu preciso fazer você entender.
Ele estremeceu.
— Esqueça, Gabriella. Esqueça.
O modo como ele pronunciava meu nome... seu sotaque era tão lindo!
Ainda em silêncio, caminhei até ele. Peguei sua mão, ele ainda de costas para mim, e a outra passei ao redor dele, tocando sua barriga. Seus músculos eram rígidos sob minha palma. Apertei seu corpo contra o meu, pondo meu queixo em seu pescoço. Seu cheiro era tão bom.
— Confie em mim, por favor, Draco. Eu imploro. Deixe que eu ajude você. Não faça essas coisas. Você está machucando as pessoas; primeiro a Bell e hoje será o Rony. Você tem que parar.
Ele ficou quieto por um tempo tão longo que eu até me preocupei.
— Draco?
Ele tirou minhas mãos rudemente de seu corpo e se afastou de mim. Quando me olhou, seus olhos eram torturados, mas a expressão era de repulsa, nojo e arrogância.
Totalmente Malfoy.
— Desista; eu não quero ferir seus amigos nojentos, mas vou fazer isso se for necessário. Não me importo com nada e nem ninguém. Não quero você aqui e não quero mais falar com você. Pare de tentar ser minha amiga, pois eu não te quero por perto! Fique longe de mim e não se meta mais em minha vida, sua sujeitinha de sangue ruim!
Eu pisquei, olhando para ele, assimilando suas palavras. Conforme elas penetravam minha mente, as lágrimas se acumulavam em meus olhos, e aos poucos caíam. Não pude impedir o choro desesperado, então, saí correndo de lá para que ele não me visse chorar. Tudo o que eu podia ver era aquele rosto arrogante, furioso e absurdamente lindo. Rosto que eu queria ferir.
Eu tinha que entender que não podia confiar nele. Esse é o Malfoy e eu não posso mudá-lo.
Sou mesmo muito idiota.
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Bleeding Love Life Lies I
RomanceA minha vida mudou drasticamente. O que antes era apenas fantasia, agora é total realidade. Eu tenho de viver cada dia como se fosse o último, pois eu não sei como vou acabar nessa história. Eu posso morrer a qualquer momento. Só o que eu não posso...