Eu não sabia o que estava fazendo até me ver dar a senha à gárgula e subir a escada espiralar. O choro continuava potente e eu ficava cada vez mais histérica. Quando cheguei à porta, nem bati; abri-a num rompante.
— Professor. — Solucei.
Dumbledore e Mcgonagall me encararam, atônitos.
— Gabriella?! — Mcgonagall parecia seriamente preocupada. — O que houve?
— A senhora não pode me ajudar — eu disse a ela. — Mas o senhor pode, professor! — Respirei. Eu mal conseguia enxergar. Fora um milagre eu ter chegado ali sem enfiar a cara numa das paredes, estátuas, pessoas ou fantasmas. — Professor, dê a missão à outra pessoa. Eu não posso fazer isso!
— Missão? — Mcgonagall não entendia nada.
— Você pode, Gabriella — disse, apenas. Seu tom era paciente, leve e persuasivo.
— Não.
Houve um momento tenso de silêncio. Eu parecia louca; provavelmente estaria parecendo a Bellatrix Lestrange, titia do Draco: toda descabelada, com cara de doida e a ponto de lançar Maldições da Morte para todos os lados.
— Conte-me o que aconteceu.
Sem me importar com nada, nem com a presença da professora ali, despejei as palavras:
— Eu tentei convencê-lo de todas as maneiras, cheguei a tentar ser amiga dele. Pareceu dar certo no começo, mas ele é o que é; ofendeu-me e mandou eu me afastar. Não aguento mais, professor. Cansei de ser humilhada. A menos que queira me ver usando a Maldição Cruciatus...
— Você não seria capaz de torturá-lo — acusou.
Bufei, segurando o jorro de insultos.
Dumbledore me radiografou com seus olhos e não desviei os meus. Ele saiu detrás de sua mesa e colocou uma mão em meu ombro.
— Desculpe-me por ser inútil — eu disse rapidamente. Estava comportando-me como boba e sabia disso. Contudo, era inevitável; eu não podia mais aturar Draco e suas bobagens. — Eu tentei.
— Você não é inútil, Gabriella. Mais tarde você verá que é a única capaz de mudar o menino Malfoy. Tudo tem seu tempo.
Funguei, enxugando as lágrimas.
— Duvido.
— Verá que estou certo.
Eu sorri um pouco, dando-lhe as costas.
— Desculpe — murmurei.
— Não há o que desculpar — disse-me. — E de hoje em diante, faça o que seu coração mandar. Não tem mais que tentar convencê-lo por obrigação. Você fará isso se quiser, e se for conveniente a você.
Aquilo era jogo sujo. Mandar fazer o que meu coração quer?! Pelo amor de Deus, era chantagem emocional barata.
Se ele não fosse Dumbledore... Eu seria bem capaz de torturá-lo com a Cruciatus bem ali.
Okay, você não viu isso. Vamos deixar de lado esse meu comportamento momentaneamente infantil; eu sou incapaz de machucar.
Com um olhar que dizia estes meus pensamentos, deixei a sala.
Passei o resto do dia numa sala de aula em companhia de Mel, minha Yorkshire Terrier. Meu estado de espírito deve ter passado para ela, pois quando se cansou de latir e tentar brincar, deitou em meu colo e ficou quieta. Edwin também me encontrou e me fez companhia. Isso me animou a ponto de me fazer voltar para o Salão Comunal da Grifinória.
Passei pelo retrato da mulher gorda e...
— Quem morreu? — perguntou Harry. A pergunta era comum em tempos como aquele.
— Alguém morreu? — Hermione já parecia mais nervosa.
Ambos me encaravam. — Ninguém morreu — respondi. Eu estava com cara de enterro? Mas que p...
— Ufa — Harry suspirou.
— Você terminou com Fred? — perguntou Hermione.
— Não, não terminamos. Foi outra coisa.
Eu ia passar por eles em direção aos dormitórios quando me lembrei de perguntar:
— Rony está bem, certo?
— Como você ficou sabendo? — A pergunta de Harry foi mais por força do hábito. — Ele está mal, mas vai ficar bom logo.
Franzi o cenho e subi. Não queria pensar no culpado pelo que acontecera a Rony. Queria dormir e me esquecer de tudo.
— Então, no geral, não foi um dos melhores aniversários do Rony, não é? — comentou Fred, que me abraçava.
Todos conversavam entre si, menos Hermione e eu. Ambas observávamos Rony, que ainda dormia. Tínhamos razões distintas para estarmos assim. Enquanto Harry, Fred, George e Gina discutiam sobre o envenenamento de Rony, eu tentava não ouvir. Não queria pensar naquele arrogante asqueroso.
Quando Hagrid chegou, Madame Pomfrey reclamou. Só era permitido seis pessoas por vez na sala, então, aproveitei a deixa para me mandar.
— Eu saio.
— Você quer que eu vá também? — Fred percebera que eu estava mal.
— Fique com seu irmão; nos veremos depois — respondi.
— Okay.
Fui caminhar — vagar — pelos corredores do castelo para me acalmar. Nem reparei por quais corredores caminhei, mas quando me orientei, estava do lado de fora do castelo. Só notei tal coisa quando ouvi a conversa entre Dumbledore e Snape.
— Me prometa, Severo!
— O que faz aqui, Srta. Munis? — Snape arqueou a sobrancelha. Eu não fora nada sutil em minha aproximação.
— Estou um tanto nervosa e tentei me acalmar andando pela escola.
Ele iria replicar, mas...
— Quer falar a respeito? — perguntou Dumbledore.
— Não.
Alguns segundos se passaram. Dumbledore estava lendo minha mente ou o quê?
— Você pode convencê-lo, Gabriella. Sabe que pode.
— Podemos forçá-lo — sugeri. — Posso sequestrá-lo. Faço o mesmo com os pais dele.
Dumbledore me lançou um olhar de repreensão.
— Você pode fazer isso ser mais fácil; sabe como a situação é difícil para ele.
Respirei fundo.
— Se ele me chamar de sangue-ruim mais uma vez, a Maldição Cruciatos vai ser a melhor coisa que pode acontecer a ele.
Com expressão de poucos amigos, dei as costas a eles para voltar ao castelo, dez vezes mais irritada que antes.
— Garotinha arrogante e impertinente. — Era Snape quem reclamava, é claro.
Olhei para os dois por sobre o ombro, mas nada disse. Continuei a caminhar para o castelo, querendo quebrar tudo ao meu redor.
O jogo de quadribol da Grifinória contra Lufa-Lufa fora um fiasco. Mclaggen estragou tudo ao derrubar Harry da vassoura.
Durante esse jogo, Malfoy aprontava as escondidas. Eu podia ter ido conversar com ele, mas simplesmente não fui.
Quando Harry teve alta da ala hospitalar juntamente com Rony, recebeu um bilhete de Dumbledore para mais uma aula. Enquanto isso, eu prestava meus N.O.M's, e surpreendente fui bem em todos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Bleeding Love Life Lies I
RomanceA minha vida mudou drasticamente. O que antes era apenas fantasia, agora é total realidade. Eu tenho de viver cada dia como se fosse o último, pois eu não sei como vou acabar nessa história. Eu posso morrer a qualquer momento. Só o que eu não posso...