Harry tomou sua poção da sorte para ir falar com o profº Slughorn. Antes, me ocorreu várias vezes a ideia de ir até ele e lhe contar que ele deveria fazer isso, mas... Eu sabia que não devia alterar o rumo das coisas. Devia deixar tudo seguir sem minha interferência, até porque eu nem deveria estar no mundo bruxo. Eu meio que não deveria fazer parte dele. Dumbledore me afastara desse mundo durante tanto tempo que eu nem conseguia mais saber se realmente pertencia a ele. Isso me trazia lembranças de nossa conversa.
(...) — Senhor... Eu não quero ser invasiva, mas... Pelo que sei, eu deveria ter ido a Hogwarts há seis anos... A menos que eu não vá, é claro.
— Você está certa, você deveria ter ido há seis anos, mas eu não deixei você ir. (...)
O motivo era Voldemort.
Ele me manteve longe e isso era compreensível. Meus poderes, aos olhos dele, podiam ser úteis para o lado das trevas. Eu apostava que o Lord das Trevas nem sabia que eu existia, e era essa a intenção de Dumbledore: que eu ficasse oculta, que minha existência passasse despercebida por Voldemort. Com sua morte no fim daquele ano, as coisas se complicariam, e meus poderes poderiam fazer a diferença... se eu estivesse devidamente preparada.
Foi por esse motivo que comecei a passar bastante tempo na Sala Precisa. Pareceu surtir algum efeito, uma vez que percebi uma melhora em minhas habilidades. Mas isso adiantaria de alguma coisa? O momento pós-guerra seria pior que a guerra em si. Eu conseguiria salvar alguém? Quantos eu perderia na batalha? Como seria essa batalha? Eu tinha tantas perguntas sem respostas...
Foi aí que decidi que não queria me lembrar do ano seguinte; de seus acontecimentos, quero dizer. Já seria ruim ter de perdê-los; eu não queria saber antecipadamente. Bem, se isso ajudasse, talvez, mas...
Eu poderia salvá-los? Isso dá muito que pensar. Seria essa minha missão, no fim? Salvar a todos?
Passava da meia-noite e eu andava literalmente invisível pelo castelo. Não, eu não peguei a Capa de Invisibilidade de Harry; meu feitiço da Desilusão é bom, assim como o de confundir. Isso me dava a liberdade de andar pelo castelo sem me preocupar em ser pega. Foi quando vi Harry indo à sala de Dumbledore para mostrar as memórias referentes às horcruxes que conseguira obter de Slughorn.
Ow, Deus, está chegando cada vez mais próximo...
Eu não aguentava mais saber que Dumbledore estava prestes a morrer e eu não podia fazer nada. As lágrimas surgiram; era tão difícil estar de mãos atadas. Parecia tão errado não impedir que isso acontecesse, mas se era o que Dumbledore queria...
Fui dormir, pois estava precisando.
Kátia Bell voltou do hospital St. Mungus no dia seguinte, o que significava ao menos uma vitória para o time da Grifinória no quadribol, uma vez que Córmaco Mclaggen sairia do time.
Depois do dia de aulas, fui para fora do castelo e me sentei no gramado à beira do Lago Negro. Sentei-me ali mesmo e apoiei a cabeça nos joelhos, me concentrando apenas no som dos grilos e do vento.
— É bom te ver de novo.
Eu não virei para olhá-lo. Sabia que a expressão em seu rosto acabaria com minha coragem, minha decisão.
— Oi, Fred.
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Bleeding Love Life Lies I
RomanceA minha vida mudou drasticamente. O que antes era apenas fantasia, agora é total realidade. Eu tenho de viver cada dia como se fosse o último, pois eu não sei como vou acabar nessa história. Eu posso morrer a qualquer momento. Só o que eu não posso...