Capítulo 11 - Relembrar

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Fred me abraçou pela cintura e observou atentamente minha expressão. 

— Você parece irritada — comentou. Parecia estar preocupado, ou talvez temesse que eu não tivesse gostado do beijo. 

— Esse Malfoy — murmurei. — Ele me dá nos nervos. 

Ao perceber meu olhar sobre ele, Malfoy recomeçou a andar, sem jamais tirar os olhos de nós. Ignorando-o, virei-me para Fred e o beijei com mais entusiasmo que antes. 

Ficamos mais um tempo juntos, mas logo ele teve que ir. Despedi-me dele, e fui para a torre da Grifinória, louca para me aquecer. 

— Onde você estava? — Harry quis saber, assim que me viu passar pelo buraco do retrato na parede. 

— Estava nos terrenos, com Fred — eu disse. 

Ele riu. 

— Então, você e o meu irmão... — Rony não completou, mas nem precisava. 

— É, Ron. Acho que sim. 

Percebi muita gente me encarando sem nem se preocupar em disfarçar. Acho que isso significava que eu e Fred seríamos o assunto principal nas semanas seguintes. 


Pelo tom de nossas conversas, percebi que Harry estava cada vez mais obcecado por Malfoy. Como sempre, eu costumava nada dizer (até porque não havia nada que eu pudesse dizer). Apenas ouvia e comentava, ocasionalmente. Rony e Hermione eram céticos; como eram no livro. 

Ainda era difícil aceitar que eu fazia parte desse mundo fantástico. Só não sei até quando poderei chamá-lo assim. Afinal, Voldemort estava à solta. 

Bom, enfim, Harry me contou o que acontecera com Kátia Bell enquanto voltavam de Hogsmeade naquela tarde. Rapidamente recuperei essas memórias, ficando aflita e ansiosa. Harry notou isso. 

— Você está bem? — Ele franziu o cenho, tentando ler minha expressão. 

Pestanejei. 

— Estou. Só fiquei... surpresa. 

Não consegui me concentrar em nossa conversa, então, menti que estava com sono e subi para o dormitório. 

Faria uma visita a Dumbledore, assim que ele voltasse, na segunda-feira. Eu precisava de respostas. 


Era manhã de segunda-feira. 

O dia passou num piscar de olhos; estava muito focada em minhas dúvidas, e mal percebi o tempo passar. E, assim que minhas aulas extras com Snape no final do dia chegaram ao fim, passei pela gárgula no fim do corredor do sétimo andar. Felizmente, Dumbledore estava em sua sala. 

— Gabriella? — Ele não esperava me ver ali. 

— Oi, professor. — Sentei-me na cadeira defronte a sua mesa, como a perfeita folgada que era. 

— Em que posso ser útil? 

Respirei fundo. 

— Em muitas coisas. 

Olhei para ele. Claramente esperava que eu fosse mais clara e objetiva. 

— O que aconteceu com a Bell... Professor, nós sabemos que Harry está certo a respeito de Malfoy. 

Um minuto se passou. Durante este tempo, meus olhos não saíram dos dele. 

— Sabemos? 

Okay, isso é muito... Dumbledore. Mas eu já não aguentava mais. 

— Sim, sabemos! — bradei. — Eu me lembro de tudo! 

E realmente lembrava. Até o fim do Harry Potter e o Enigma do Príncipe, pelo menos — olha, eu me lembrei do nome! 

Dumbledore não pareceu nem um pouco feliz em saber que eu tinha recuperado as memórias. 

— E por que só me contou agora? — indagou. 

Optei pela verdade. 

— Eu tive medo que o senhor me fizesse esquecer de novo. Eu não quero esquecer. E... foi voltando aos poucos, geralmente depois que eu vivia o momento... Ou o que era pra acontecer, sabe? Mas, então, tudo me voltou à mente. Tudo sobre este ano! 

— Imaginei que isso pudesse acontecer — confidenciou. 

Minha boca se abriu num "O" de espanto. 

— E por que o senhor não me disse nada? — perguntei. Acho que mereço saber de algo relacionado a mim. 

— Porque trabalho com hipóteses. 

— Eu gostaria de conhecê-las, senhor — eu disse. 

Ele sorriu. 

— Você e Harry são iguais — disse. — Não me admira que se dêem tão bem. 

Ruborizei imediatamente. 

— Creio que seus poderes, jovem, são mais surpreendentes do que imaginamos. Suas dimensões podem ser infinitas, mas só você pode mostrá-las. Depende de você. 

Assenti. 

— Quanto ao menino Malfoy, ele está perdido no mundo da incerteza — disse-me. 

— E o senhor quer resgatá-lo — supus. 

— Exato. 

Inspirei pesadamente. 

— Professor — comecei —, acho que é uma perda de tempo. 

— Nisso discordamos — disse-me, com seu olhar severo. — O jovem Malfoy está confuso, mas podemos ajudá-lo. 

— Podemos? — repeti. — O senhor quer dizer que eu devo ajudá-lo? 

Ele sorriu. 

— Todos merecem uma chance — disse. — Ele também. Mas, agora, a senhorita precisa ir. Harry chegará em instantes... 

— E ele não deve saber de tudo o que sei — completei. 

— Não agora. 

Sorri para ele e corri para fora do lugar. Eu ainda estava confusa, mas eu acharia uma nova oportunidade de esclarecer minhas dúvidas.

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