Harry tinha marcado o teste de quadribol para hoje. Eu estava animada; nunca havia visto um jogo deste esporte. Quero dizer, não tecnicamente — acho que os filmes não contam, certo? Eram apenas efeitos especiais. Já aqui...
Assisti ao teste, rindo ao ver Hermione enfeitiçar o garoto que queria ser goleiro, Mclaggen, para dar a Rony o posto.
Ah, o amor é lindo.
Quando os testes acabaram, eu desci da arquibancada para o campo. Estivera sentada ao lado dos sonserinos e eles me davam nos nervos. Quero dizer, quem é que vai querer ficar sentada ao lado de pessoas irritantes de tão arrogantes? Eu que não, huh. Achei melhor me juntar a Harry, Rony e Hermione antes que perdesse de vez a cabeça — e isso não é difícil de acontecer.
— Parabéns, Ron. — Eu o abracei e, pela visão periférica, vi quando Hermione franziu o cenho. Teria que explicar a ela que o amava... apenas como amigo. Mas confesso que era engraçado ver o ciúme em seu rosto. Ai. Esqueça que deu disse isso; que maldade a minha. — Harry, ótimas escolhas! — Eu o abracei também, meu coração acelerado. Eu adorava demais esse garoto.
— Será que você é boa em vôo como é em feitiços não-verbais, Gabriella? — perguntou Harry, olhando-me de um jeito especulativo. Eu sorri.
— Duvido — eu disse. — Eu sei que não sou tão boa assim; nunca sequer encostei um dedo numa vassoura.
— Eu também não sabia voar — disse ele. — E eu...
— Harry, você voava numa vassoura de brinquedo aos dois anos de idade — eu disse. — Não me compare com você.
Passaram-se dois segundos para eu perceber que tinha dito besteira.
— Ops.
— O quê? — Harry estava pasmo.
Eu dei uma gargalhada.
— Hei, eu estava só brincando — eu disse, nervosa. — Só brincando.
Concentrei-me em um pedaço de linha que largava do tecido de minha roupa para que ele não visse o pânico estampado em meu rosto. Isso Harry só descobriria... no ano seguinte! Eu não devia me lembrar disso.
Não mesmo.
— Vem aqui. — Ele me ignorou, ou talvez estivesse se divertindo com meu pânico, achando que era por causa da vassoura. Em parte era, na verdade. Puxou-me pela mão e me entregou a firebolt.
— Não, Harry. — Eu me assustei. — Eu não sei...
Ele me ensinou a manusear a vassoura e logo eu estava no ar. Surpreendentemente, eu fui extremamente bem, veloz, com meus cabelos soltos ondulando suavemente atrás de mim. Eu voava com certa elegância, podia apostar. Tudo estava perfeito, até que a vassoura parou abruptamente e me lançou no ar.
Assim, do nada.
Segurei firmemente no cabo da mesma e deixei um grito agudo escapar de meus lábios ressecados pelo vento gélido. Eu estava pendurada no ar, e a vassoura se sacudia, tentando me derrubar de qualquer maneira, numa violência incomensurável. Olhei para o chão, que estava extremamente longe de meus pés, e soltei minhas mãos num átimo, antes que eu tivesse tempo para pensar na distância entre meus pés e o chão sólido e estável.
Lá embaixo, pude ouvir muitas pessoas gritando. Todos esperavam que eu caísse e que virasse pasta de Gabriella. Com um olhar para a arquibancada — é nessas horas que eu agradeço ao papai do céu por ter me dado uma visão tão boa —, vi quem me amaldiçoara.
Pansy Parkinson.
Enquanto eu caía livremente, a raiva se apossou de mim.
Aresto Momentum, pensei.
Fiquei paralisada no ar, meus pés exatamente a um metro do chão. Meu olhar estava fixo em Parkinson, numa careta que evidentemente mostrava o que eu queria fazer a ela. Retirei meu feitiço, e meus pés tocaram o chão com leveza, e eu podia jurar, com graça.
Mal estava de pé, a salvo no chão firme, caminhei até onde Pansy estava, nas arquibancadas, rodeada pelos merdas dos sonserinos. Puxei a varinha de minhas vestes.
— Vadia... — murmurei, por entre os dentes.
Ela puxou a varinha das vestes também e já se preparava para me amaldiçoar.
— Cruc...
— Impedimenta! — bradei. A força de meu feitiço fez com que ela caísse no chão. Bufei, cética, encarando o animal sagrado da Índia a minha frente. — Você ainda ousa usar uma Maldição Imperdoável em mim, sua vaca?!
Ela se ergueu, preparando-se para atacar novamente. Mas eu não a deixaria ir tão longe. Concentrei-me de uma maneira que nunca havia feito antes, para lançar meu feitiço com toda a força que meus poderes tinham.
— Estupefaça!
A garota voou muito longe, e tombou pesadamente, desacordada, num dos degraus da arquibancada.
Bem feito!
Um sorriso maldoso e satisfeito preencheu meu rosto. Nesse momento, eu senti que podia muito bem ser da Sonserina só pela maldade que eu acabara de fazer. Não. Eu não podia me permitir sentir pena daquela coisa. Ela ia usar a Maldição Cruciatos. Na verdade, ela teve bem menos do que merecia.
E, então, de repente, eu também estava voando. No início, eu não entendi o que estava acontecendo, até que eu percebi que tinha sido estuporada. Não demorou muito e eu bati em alguma coisa sólida, levando-a comigo ao chão. Seja lá o que fosse, amorteceu minha queda.
Cara, essa doeu.
Virei-me para ver em que (ou quem) eu esbarrara, só para levar um choque.
Embaixo de meu corpo dolorido e provavelmente machucado, estava Draco Malfoy, desacordado, e havia um profundo corte em sua cabeça, que deixava o sangue fluir livremente.
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Bleeding Love Life Lies I
RomanceA minha vida mudou drasticamente. O que antes era apenas fantasia, agora é total realidade. Eu tenho de viver cada dia como se fosse o último, pois eu não sei como vou acabar nessa história. Eu posso morrer a qualquer momento. Só o que eu não posso...