— Não, professor. Prefiro ficar em detenção o resto do ano — meu tom de voz era firme, decidido.
Dumbledore me radiografou com o olhar.
— Não entendo. Você é uma garota tão bondosa e afetuosa... Por que viraria as costas ao menino Malfoy?
— Por que ele não merece nenhum esforço de minha parte. — Eu me levantei da cadeira, nervosa demais para olhar para Dumbledore. Caminhei até a janela na parede atrás dele e fitei o horizonte com o cenho franzido, como se estive com raiva dele. — Quando eu estava preocupada, tudo o que ele fez foi me menosprezar.
Virei o rosto, lutando contra a raiva. Por que eu tinha de ser tão sensível? Isso às vezes me irrita seriamente.
— O amor pode amolecer até o mais duro dos corações — disse Dumbledore.
— Até mesmo o de lord Voldemort? — retruquei.
Bem, Voldemort não tem coração, isso é incontestável...
Dumbledore não disse nada.
— Mas, professor...
— Você já parou para pensar em porque Malfoy é assim? — Continuei de costas para ele, sem olhá-lo. — Já pensou em suas razões para ser do jeito que é?
Encarei o chão.
— Não.
— Mas eu já.
Eu me virei e o encarei, tentando ler aqueles olhos tão enigmáticos que tornavam a tarefa impossível.
— Mas eu quero suas próprias conclusões, Gabriella — continuou. — Veja isso como uma lição.
— Mas...
— Sem mas, por favor, Gabriella. Fique com ele por alguns momentos até que se recupere. É só o que peço.
Eu sabia que era inútil discutir. Sabia. Por isso assenti, com uma carranca no rosto. Eu achava isso inadmissível, inaceitável, mas se era isso que eu devia fazer...
Dumbledore sorriu, satisfeito.
— Acompanhe-me. — Ele se levantou.
Eu o segui até a ala hospitalar. Meu maxilar ficou trincado e eu me recusei a olhar para Malfoy. Já ele, me encarava abertamente. Qual era a daquele garoto, afinal? Ele me irritava profundamente.
— Como está, Sr. Malfoy? — perguntou Dumbledore, educadamente.
— Muito melhor estaria se não tivesse sido atacado. — Sempre arrogante.
Ultrajada, abri a boca para protestar, mas mudei de ideia a meio caminho. Não valia a pena gastar saliva com gente como ele.
Virei meu rosto, carrancuda, mas pela visão periférica podia ver Malfoy me encarar. Já estava prestes a perguntar se o ele tinha perdido alguma coisa na minha cara.
Ficamos em silêncio por um instante, até que a porta se abriu e a profª Sprout entrou com uma aluna da Lufa-Lufa, aparentemente do primeiro ano. Não vi o que ela tinha e logo Madame Pomfrey estava ocupada com ela.
— O que aconteceu foi um lamentável acidente — começou Dumbledore, tentando amolecer Malfoy. Será que eu preciso dizer a ele que Malfoy não o respeitava como eu? Que, diferentemente de mim, Malfoy não faria o que Dumbledore quer só por respeito?
Dei alguns passos para me distanciar e não demonstrar minha raiva.
Então, a porta se abriu num rompante, e os gêmeos Weasley entraram por ela.
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Bleeding Love Life Lies I
RomanceA minha vida mudou drasticamente. O que antes era apenas fantasia, agora é total realidade. Eu tenho de viver cada dia como se fosse o último, pois eu não sei como vou acabar nessa história. Eu posso morrer a qualquer momento. Só o que eu não posso...