— Oh, meu Deus, Malfoy?! — Não pude deixar de exclamar.
Em desespero, coloquei-me de pé. Eu não sabia bem o que fazer; minha mente estava confusa, dando voltas.
Okay, disse a mim mesma (não em voz alta, pelo amor...). Tenho de levá-lo à ala hospitalar.
Com esse pensamento em mente, fiz com que seu corpo inerte flutuasse ao meu lado enquanto eu corria para a dita ala hospitalar. Assim que cheguei lá, tratei colocá-lo numa das macas, a mais próxima. Madame Pomfrey olhou alarmada para o enfermo, e depois para mim.
— O que houve?
— Eu o machuquei — eu disse, sem fôlego. Tinha corrido desesperadamente pelos corredores em busca de socorro para Malfoy. — Não por magia.
— Certo.
Ela conjurou um patrono — cuja forma eu não vi, tamanho era meu desespero — que provavelmente chamaria alguém para lidar com a situação. Outros dois se juntaram ao primeiro.
Madame Pomfrey começou a cuidar dos ferimentos de Draco. Eu fiquei enjoada com o sangue (é, eu sou fresca e não suporto ver sangue), mas não conseguia desviar o olhar do rosto anormalmente pálido e ensanguentado de Malfoy. Meio que me sentia culpada — eu nunca havia machucado ninguém. Não desta maneira.
Meu Deus, como ele era lindo quando não falava idiotices! Ahn... esqueça que eu um dia disse isso. Finja que jamais leu isto.
Fiquei olhando sua expressão calma com um aperto no peito. Ele não tivera culpa, não desta vez. Não merecia estar ali. Eu não merecia. Quem deveria estar ali era Pansy Parkinson. Passei meus dedos na pele lisa e gélida do rosto de Draco.
A chegada de três pessoas interrompeu meus devaneios. Olhei para ver quem eram, afastando minha mão do rosto do garoto. Dumbledore, Mcgonagall e Snape. Claro, quem mais poderia ser? Eu estava encrencada, muito encrencada.
Dumbledore olhou para Draco, depois para mim. Seus olhos eram perturbados. Acho que Dumbledore já devia estar se perguntando se fora uma boa ideia ter me trazido para Hogwarts. Desde que cheguei, não fiz outra coisa senão causar problemas.
E sempre com os sonserinos.
Mas, falando francamente, sou culpada nisso? São sempre eles quem em provocam. Sempre.
— O que houve aqui, Gabriella?
— Posso imaginar o que houve — disse Snape em sua voz fria como gelo. — Essa garota jamais gostou de Malfoy. Aposto que o machucou propositalmente.
Eu o fitei inexpressivamente. Esse professor sempre tinha que lançar seu veneno.
— Severus — alertou Dumbledore. Ele, mais que qualquer um, acreditava que eu seria incapaz de machucar alguém. Okay, tem muita gente aqui que também acredita nisso, mas...
Vamos ver por quanto tempo.
— Eu jamais machucaria uma pessoa por maldade — eu disse, olhando firmemente nos olhos de Snape. Dei alguns passos para que meu rosto ficasse a centímetros do dele. — Eu não sou uma pessoa má. Enunca serei.
Encaramo-nos por uma fração de minuto, ambos inexpressivos. É claro que por dentro a coisa era diferente. Quase podia ver os xingamentos através de seus olhos. Ele também podia ver o mesmo nos meus.
— Explique-me o que se passou — ordenou Dumbledore. Virei-me para poder olhá-lo nos olhos.
— Eu estava no campo de quadribol assistindo a escolha dos integrantes do time da Grifinória, e quando tudo terminou, Harry se ofereceu para me ensinar a voar. Eu estava voando quando algo deu errado. Alguém me derrubou da vassoura. Enquanto eu caía, vi que Parkinson, da Sonserina — meus olhos foram para Snape — murmurando uma azaração. Eu fui até ela; estava furiosa e a xinguei (não pretendo dizer do quê, pois não foram palavras descentes). Ela tentou usar a Maldição Cruciatos em mim e eu a estuporei. Vendo isso, Gregory Goyle me estuporou e eu caí em cima de Malfoy, causando o corte no menino. Foi o que aconteceu.
Os três me encaravam. Mcgonagall estava pasma, e Snape, desdenhoso. Dumbledore era difícil de interpretar.
Nesse momento, profº Slughorn entrou, carregando Pansy por meio de magia, assim como eu havia feito com Draco. Não estava machucada.
— A senhorita pode me acompanhar? — perguntou Dumbledore.
Minha reação me surpreendeu.
— Mas... — murmurei, e meus olhos dispararam para Malfoy, que dormia serenamente, ainda com a pele translúcida num tom estranho.
Surpreendentemente, Dumbledore sorriu para mim.
— Entendo — disse, apenas. — Quando o jovem Malfoy acordar, venha e me ver e traga boas notícias sobre ele.
Com isso, ele se virou para se retirar. Snape semicerrou os olhos para mim.
— Por que será que todas as suas confusões são relacionadas aos meus alunos? — Snape quis saber. Eu já tinha a resposta na ponta da língua.
— Os sonserinos não podem aceitar o fato de que eu rejeitei a Sonserina pela Grifinoria. — Eu sorri.
Com isso, Snape saiu. Acho que naquele momento ele estava em um dilema interior: matar ou não matar? Eis a questão.
Profª Mcgonagall sorriu para mim.
— Evite confusões com os alunos do profº Snape, está bem? — Ela tinha que me instruir. Afinal, eu era aluna da Casa pela qual ela era responsável; se eu me metia em problemas com alunos de outras Casas, os respectivos professores cobrariam dela. No caso, o professor, uma vez que eu só tinha problemas com sonserinos.
— Farei o que eu puder — eu disse a ela, sorrindo.
Ela se foi e eu me sentei numa cadeira ao lado de Malfoy. Eu não devia estar ali. Ele não gostava de mim — muito pelo contrário — e certamente não ficaria grato pela ajuda. Diria que era a eu culpada. Diria tudo o que eu não queria que ele dissesse. Mas, mesmo assim, não pude sair. Logo Pansy foi dispensada e madame Pomfrey também saiu. Ficamos apenas eu e ele.
Aos poucos, a cor voltou ao seu rosto, tom por tom, e seus olhos de um lindo tom de cinza se abriram. Eram olhos tão intensos. Ele passou a mão pelos cabelos lisos e loiros, tão claros que pareciam prateados e seu olhar encontrou o meu.
— Você está bem? — perguntei a ele com doçura. Vi a confusão perpassar em seus olhos. — Você se machucou. Bem, eu o machuquei, na verdade... Graças ao seu amigo Goyle.
Ele não disse nada.
— Sua cabeça está doendo? — perguntei, preocupada com ele. Não me entenda mal; faria isso por qualquer pessoa. (Okay, menos por Voldemort.)
— E isso é da sua conta? — perguntou rudemente Malfoy. Pude sentir a dor e a mágoa transpassarem por meu rosto. Mas o que eu estava fazendo? Isso era de se esperar, vindo de um sonserino filho da mãe como ele.
Fiquei olhando em seus olhos acinzentados e rudes por um longo tempo. Senti meus olhos marejarem.
— Que idiota eu sou — eu disse, mais para eu mesma que para ele. — E eu ainda me preocupando com você. Devia ter deixado você sangrar até morrer lá fora; mas não, eu te trouxe. E ainda PERGUNTO se está tudo bem. — As lágrimas saltaram e isso me deixou furiosa. Olhei para o lado, para longe dos olhos dele. Eu não sabia interpretar sua expressão. — Adeus, Malfoy.
Virei-me e corri para longe dele, o mais rápido que pude. Um choro irrompeu de meu peito, e eu ficava cada vez mais furiosa. Eu chorava tanto que não podia enxergar o caminho pelos corredores e estava frustrada por não entender o motivo de estar chorando.
Bati em alguma coisa, que a principio não vi. Podia ser uma parede, uma pessoa, uma estátua... mas devia ser uma pessoa, uma vez que me segurou firmemente, evitando que eu quebrasse a cara no chão. Um soluço escapou de meu peito e, piscando para me livrar das lágrimas, olhei nos olhos do estranho que me segurava.
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Bleeding Love Life Lies I
RomanceA minha vida mudou drasticamente. O que antes era apenas fantasia, agora é total realidade. Eu tenho de viver cada dia como se fosse o último, pois eu não sei como vou acabar nessa história. Eu posso morrer a qualquer momento. Só o que eu não posso...