Capítulo 19 - Querendo Voltar Atrás

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Um tempinho depois, tive teste de aparatação. Fui incrivelmente bem e Hermione também. Já Rony não teve tanta sorte. 

Eu tinha dito que tentaria uma vez mais convencer Malfoy, mas mudei de ideia. Eu não brincara quando dissera que a Maldição Cruciatus poderia ser a melhor coisa a acontecer com ele caso ele voltasse a me insultar. Só de olhar para ele, fico fora de mim de tanta raiva. Ele era tão idiota, mesquinho e falso... Ele me cansava! Desisti dele e ponto. Fim de história. 

Quando Harry recebeu o bilhete de Hagrid (pedindo que fossem visitá-lo, pois a aranha Aragogue morrera), eu fui a casa deste para conversar com ele. Não éramos tão próximos como ele era com Harry, Rony e Hermione, mas eu devia servir de alguma coisa. Ele acabara de perder um animal do qual muito gostava, e, apesar de ser estranho ter amizade com uma aranha, eu entendia sua dor. Eu também gostava de animais de estimação. 

— Obrigado por vir; é muita gentileza de sua parte — foi o que Hagrid conseguiu dizer por entre as lágrimas. 

— Não precisa agradecer — eu disse, apenas. 

Eu o consolei durante algum tempo, depois voltei para o castelo. Acabei na Sala Precisa, que se transformou num amplo espaço praticamente vazio. Na parede leste havia uma estante de livros e uma "boneca" cobaia feita de pedra. Isso me fez querer treinar minha magia. Fiz isso; descontei na pobre boneca toda a raiva que eu tinha de tudo e todos. 

Depois de muito treinar, fiquei cansada e saí de lá. A parede mal se solidificou e eu notei a presença do irritante Draco Malfoy. Era de se imaginar que toda vez que eu rondasse por aquele corredor em específico eu o encontraria. Seu olhar encontrou o meu por um breve instante e tive a certeza de que ele queria dizer alguma coisa. Ouvi o som de uma coruja que se aproximava e me virei para recebê-la. 

— Oi, Edwin. — Sorri para a coruja de pelos negros e vi Edwiges com ele. — Coruja esperta, não? Se envolvendo com a mais bela, né? — Eu ri. 

Peguei a mensagem que ele viera trazer e as corujas se foram, depois que Edwin demonstrou seu carinho por mim com uma leve bicada na bochecha. Não me surpreendi ao ver Mel chegar choramingando. Ela sentia ciúmes de Edwin (sei como isso parece estranho). Ainda acariciando Mel, abri o bilhete. 


**** 


Gabriella, 


Tenho sentido uma mudança em você ultimamente e sei que há algo errado. É por esse motivo que vou aí amanhã à tarde para lhe ver. 

Precisamos conversar. 


Com amor, 

Fred. 


**** 


— Ow, Fred. — Suspirei, olhando ao meu redor e encontrando os olhos de Malfoy. Eu estava tão desligada que nem me dei conta de que Malfoy continuava a me olhar. 

Eu encostei-me na parede e encarei a caligrafia de Fred para não ter que olhá-lo. 

— Vai continuar fingindo que eu não estou aqui? 

Fiquei olhando naqueles olhos de um tom de cinza opaco por um tempo. Aquele olhar, agora eu percebia, era cansado, triste, assustado e derrotado. Fiquei tanto tempo a observá-lo sem me mexer que Mel até me mordeu levemente, saltou de meu colo e saiu indignada de perto de nós por minha falta de atenção. 

— Impossível fingir — eu disse, pressionando a mão mordida. Não houvera estrago. — Impossível. 

Passei meus dedos pela pulseira que não saía mais de meu pulso, mais por hábito. Eu fazia muito isso. Malfoy pegou minha mão para poder ver a pulseira mais de perto. Ele segurava minha mão de um modo delicado, como aqueles rapazes de antigamente faziam ao beijar a mão de uma dama. 

— Ela fica perfeita em você. Foi uma ótima escolha. 

— É. 

— Você ainda não descobriu quem te deu, imagino — disse. — Quem quer que seja a ama. Te deu até o coração. 

Eu sorri, olhando para o coração de cristal. 

— Concordo — eu disse. — Mas tem uma coisa que eu não compreendo. 

— O quê? — Ele levantou o olhar intenso para encontrar o meu. 

— Como é "não ser amigo" para você? — perguntei. — Quando não se gosta de uma pessoa, Malfoy, se fica longe dela. Você me pediu para ficar longe e eu fiz isso. E, agora, do nada, você chega querendo minha atenção! — Ele abriu a boca para falar, mas eu não deixei. — Não sou um brinquedo, Malfoy; tenho sentimentos. E agora quem te quer longe sou eu. 

— Mas... 

— Chega! Eu chorei feito louca por você, me deixei vulnerável e você só me feriu. Ninguém me magoa como você. Ah, mas isso deve ser reconfortante para você, não é mesmo? 

— Eu nunca quis magoar você. — Seu sussurro rouco quase me fez amolecer. Quase

— Chega, Malfoy. Eu não vou mais chorar por você. 

Não deixei que ele me falasse mais nada; corri para longe, deixando-o para trás. Quando saí de seu campo de visão, virei para olhá-lo. Ele estava no chão, cotovelos apoiados nos joelhos, a cabeça apoiada nas mãos. Quando o arrependimento me assombrou, murmurei em voz alta para eu mesma: 

— Ele merece isso. 

Virei as costas e continuei meu caminho. Não queria ver mais nada.

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