Capítulo 22 - Imprescindível

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Eu sabia que precisava encontrá-lo e falar com ele. Precisava dizer o que sentia. Era uma necessidade que tomava conta de mim por completo, naquele momento em particular. Era essa a necessidade que me forçava a caminhar pelos corredores em direção ao banheiro masculino, pois era ali que eu sabia que o encontraria. 

Intuição aguçada. 

Uma vez que estava perto da entrada, fiz meu feitiço da desilusão. Ninguém me veria adentrar o lugar. 

Abria a porta e entrei. Ouvi o estalo que ela fez ao se chocar com o batente, e a razão de todos os meus problemas me encarou sem me ver. Depois de um suspiro, ele se virou e encarou sua imagem no espelho. Uma lágrima escapou e rolou por seu rosto, caindo e se misturando com a água que corria livremente pela torneira aberta. 

— É nessas horas mais difíceis que vemos com quem podemos contar de verdade — eu disse. Só então desfiz meu feitiço. — Oi. 

Através do espelho, vi quando ele fechou os olhos, claramente se recuperando do susto. 

— Um fantasma me assustaria menos — disse ele, numa voz embargada. Ainda de olhos fechados, ele abaixou a cabeça e lavou o rosto, numa provável tentativa de se livrar das lágrimas. 

Naquele momento, eu não me importei com mais nada. Caminhei a passos largos até ele e o puxei para mim. Envolvi seu pescoço com meus braços e acabei me molhando, por não ter dado a ele chance de secar seu rosto. Ele envolveu minha cintura com força, tirando meu ar, mas isso não importava. 

Era ali que eu queria estar. Durante todo esse tempo, era isso o que eu queria. 

Levei minha mão até seus cabelos e os puxei. Ele me olhou nos olhos, e eu vi tudo o que ele ocultara até então. Nada precisava ser dito, nada. Não quando nos olhávamos daquela maneira. 

Ele também puxou meus cabelos, mas com muito mais calma e doçura que eu. Ele aproximou nossos rostos, e eu fechei meus olhos ao sentir seus lábios tocarem minha testa e descerem com leves beijos até encontrarem meus lábios. Não havia como verbalizar o que eu sentia enquanto nossos lábios se moviam em sincronia, enquanto nossas línguas se acariciavam de uma forma perfeita. Eu queria que o tempo parasse, eternizando assim aquele momento. 

Draco me apertou contra parede gélida, sem jamais partir o beijo. Eu o puxava pelos cabelos mais para perto, e ele se pressionava cada vez mais contra mim, acabando com a já inexistente distância. 

Só acabou quando eu senti que morreria por falta de ar. Eu estava sangrando amor, arfando paixão, respirando desejo. Meu coração apreciava uma vida que nunca lhe pertencera, ao mesmo tempo em que minha mente girava em meio às mentiras. Eu nunca odiei Draco Malfoy. Eu me apaixonara por ele no primeiro momento em que o vi. Eu sangrava amor, vida e mentiras de um jeito que nunca pensei que fosse possível. E eu podia ver isso tudo espelhado nos olhos de cor cinza, que eram tristes e felizes ao mesmo tempo. 

— Isso foi... — Procurei palavras para me expressar, mas não as encontrei. 

— Ótimo — completou. Foi tão fofo... tão bonito. 

Eu o abracei novamente. Tinha medo de vê-lo se tornar o Malfoy de sempre, aquele de quem eu não gostava. 

— Você não está bem — murmurei. — Não é só pelo que vejo. Sinto que você está mal. 

— Está tudo... bem. — Ele não me enganava. 

— Por que você tenta esconder essas coisas de mim? Eu sei de tudo e posso te ajudar. Sou a única que pode. Vamos embora, Draco. Eu, você... seus pais, para qualquer lugar. Eu protejo vocês! 

— Você fugiria com uma família de Comensais da Morte? — Claro que ele era cético. 

— Sim. — Dei de ombros. — Se gosto de um Comensal, terei de aprender a viver entre Comensais. 

— Não espere que eu confraternize com trouxas — disse. 

Eu semicerrei meus olhos. 

— Você é um idiota, sabia? — Beijei seus lábios. — Deve ser por isso que eu gosto de você. 

Ele começou um beijo cheio de desejo, que me fez desejar nunca mais me afastar dele. 

— Vamos fugir, Draco — sugeri. — Para longe. Um lugar seguro. 

— Você não me entende — disse. — Ele vai me matar, Gabriella. Assim que ele me encontrar. 

— Não, não vai — prometi. — Vou proteger você; Dumbledore e toda a ordem da fênix também. 

— Não é tão simples... 

Ele não pôde terminar a frase, pois nesse momento, a porta do banheiro se abriu e vimos Harry a nos encarar com descrença.

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