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Horário desconhecidoDor, muita dor, foi o que senti quando acordei e o que tenho sentido desde que me encontrei nesse lugar há exatos 212 dias atrás.
Estava presa na camisa de força e com os pés atados ao teto novamente, não falava, não chorava, não gritava, só aceitava.
Todo meu corpo doía e eu tinha consciência de que poderia fazer tudo aquilo parar, só precisava dizer um nome.
- já sabemos da garota, só fale quem é! - o homem gritou novamente com seu sotaque carregado e se abaixando na altura do meu rosto, eu não me importei, não ligava, meus olhos estavam focados além dele - de novo - disse em russo e outro choque foi produzido por aquela coleira bizarra, senti a dor, mas não senti nada por dentro, tinha aprendido a não me afetar.
- ela não vai falar - os soldados começaram a discutir sem se importar que eu estava presente, não faziam ideia que eu falava russo e também não faziam ideia de que eu sequer falava, não abrira a boca desde que fui jogada neste lugar para morrer.
- se nos deixasse fazer o que queríamos - um dos recrutas falou e eu apenas ignorei, sabia do que eles falavam e não me importaria, nada do que eles fizessem poderia me fazer entregar Eleven, teriam que me matar primeiro.
- nós não estupramos! - a voz do general falou alto, um homem conhecido por mim e quem o visse falando deste jeito não imaginaria o ser desprezível que era - de novo - minha cabeça fritou e a pele de meu pescoço queimou ao mesmo tempo que um líquido quente e denso escorreu de meus olhos embalando levemente a visão.
- se ela não vai nos dar o que queremos podemos transformar ela no lugar - um dos oficiais de patente alta disse.
- temos aquele cientista traidor - outro completou e todos olharam para mim, um deles se aproximou agarrando a seringa.
- vamos te deixar mais calma - disse e os presentes riram sabendo que aquelas drogas me fariam alucinar.
Fui dopada novamente ou pelo menos deduzi isso quando acordei em uma prancha e presa por correntes na vertical.
- é o soro do tal laboratório? - a voz de algum dos russos disse.
- o próprio, só que com melhorias, dez vezes mais forte, não temos problemas se ela morrer é só um teste - o homem respondeu e eu desejei isso com todas as forças, quando estava em Hawkins achei que aquela seria a noite da minha morte, mas na realidade seria a noite em que eu desejaria ter morrido.
Dois homens se aproximaram de mim, um usava um jaleco branco e aquilo não me trouxe boas lembranças, mais dor me atingiu quando um líquido amarelo foi injetado no meu pescoço, queimava por todo meu corpo, mas eu continuei parada.
- dane-se ela aguenta outro não está nem se mexendo! - o russo gritou para o de jaleco que rapidamente inseriu mais uma vez a substância, por dentro eu estava queimando de dor, por dentro a Sunny de 17 anos gritava por Steve, mas por fora... nada.
- o cabelo ficou vermelho - o homem de jaleco disse se aproximando e pegando uma mecha dos curtos fios.
Eles se afastaram e voltaram com uma lata de refrigerante.
- amasse - ele mandou me olhando e eu continuei olhando para frente entediada, sabia o que eles estavam fazendo e mesmo que essa idiotice desse certo, não faria nada - anda! - gritou quando eu continuei parada, o charuto pendia em sua boca e observei quando ele retirou o mesmo e aproximou a parte acesa da pele do meu pescoço, outra queimadura, eles deveriam tentar inovar.
Não era como se eu já não tivesse experienciado todo aquele lugar, os choques, as câmaras de gás, os campos de trabalho, os cortes, as chicotadas, as consultas com o médico, as drogas, tudo.
- levem para o quarto! - gritou para os seus lacaios, apenas olhava enquanto eles se aproximavam com as armas de choque.
Fui jogada de volta para o cubículo feito de concreto queimado, não podia mexer minhas mãos, pois a camisa de força ainda estava presente, não tinha movimento dos meus pés que eram presos por uma corrente grossa.
Me sentei na cama colocando as pernas contra o peito e encarando a parede, quem olhasse de fora pensaria que eu estava catatonica, talvez estivesse, mas se realmente estava gostaria que meus pensamentos tivessem parado também, pois sabia que em poucos segundos as drogas fariam efeito e eu veria eles.
Tudo que eu mais desejava era vê-los, mas quando eles estavam dentro da minha cabeça eu só queria que fossem embora e quando a imagem de uma Eleven apareceu no canto do sala eu fechei os olhos.
Não é real, não é real, recitava o mantra mentalmente, ela não estava ali.
- como minha heroína eu escolhi minha irmã - a voz da mais nova invadia meus ouvidos e eu só queria que ela parasse, não era de verdade - e para o meu trabalho eu fiz um diagrama do nosso quarto na cabana do nosso pai - porque ela não parava? - a minha irmã salvou pessoas, e ela era famosa - não ela não era, ela não consegue nem se salvar.
Aqueles eram os únicos momentos que eu chorava, quando eu via eles.
- ela era a pessoa mais corajosa que eu já conheci - ela não é corajosa ela não consegue nem abrir a boca para falar.
Abri os olhos e sorri vendo que a imagem da garota havia sumido, ela não deveria estar aqui.
- Espero que tenha descansado - a voz do russo se fez presente novamente e eu não o olhei encarando o ponto em que anteriormente estivera Eleven.
O homem se aproximou e deixou em minha frente dois copos um cheio de remédios e outro com água, ele preparava quatro seringas com o líquido amarelo, aparentemente aumentariam as doses, ele virou a quantidade desnecessária de remédios na minha boca e engoli com a água enquanto virava a cabeça esperando que injetasse o líquido.
- boa menina - o homem falou me lançando um sorriso nojento que nem recebeu meu olhar.
Ele saiu da sala enquanto a dor se espalhava pela minha cabeça, encarei a porta de metal vendo meu reflexo.
Magra, extremamente magra, os cabelos anteriormente loiros e medios agora eram de um tom escuro de ruivo e muito curtos, me lembrava exatamente do dia em que cortaram ele... fora no mesmo dia em que me mandaram para convivência.
Ficar presa dentro daquele espaço minúsculo era pior do que as torturas, porque lá dentro eu via eles, lá dentro eu tinha a certeza de que as possibilidades de vê-los de novo eram quase nulas.
As vozes de Steve e Dustin gritavam na minha cabeça toda noite, ouvir eles e não poder estar por perto era pior do que qualquer choque.
As chances para revê-los podiam ser nulas, mas me prendia na ideia de que um dia iria, eu podia parecer uma morta-viva, mas esses desgraçados deveriam tomar mais cuidado com o que falam perto de mim, ou me matavam logo ou na primeira oportunidade eu vou escapar.
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T H E S U N - STRANGER THINGS S.H
RomanceSunny Henderson era muitas coisas, mas egoísta não era uma delas, a garota conhecida em Hawkins por estar sempre sorrindo e ser trainee no escritório do delegado tomou para si a responsabilidade de ajudar sua mãe muito cedo. Durante o conturbado pro...