Capítulo 21 - Reencontros

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Quando acordei, surpreendi-me por estar sozinha e no escuro. Perguntei-me como ainda estava viva. Por um instante ou dois até acreditei que havia de fato morrido, mas logo descartei a hipótese. Minha última lembrança era de ser enfeitiçada e então acordei ali. Obviamente, alguém me capturara para Lestrange. Claro que era outra pessoa, pois se fosse ela, eu já estaria morta ou pelo menos estaria pendurada em algum lugar, sangrando, chorando e implorando pela morte. Balancei a cabeça para me livrar de tantas bobagens. O gesto pareceu colocar meu juízo no lugar, pois logo decidi que tinha que sair daquele lugar. 

A iluminação era precária e, por essa razão, tudo o que pude distinguir entre o breu foram as pilastras que firmavam o alicerce da construção. Tentei apurar a visão, sem êxito. Todavia, havia familiaridade. Eu já vira aquele lugar antes, só não conseguia me lembrar da ocasião. Tateei, buscando uma saída. Tentei ser tão silenciosa quanto fosse possível, a fim de não me denunciar. Precisava ser cuidadosa até saber com o que estava lidando. Porém, era uma procura infundada que não me trouxe resultado algum. Era muito difícil enxergar, mas não deixei isso me impedir de tentar. Fui tropeçando e esbarrando, ora na parede, ora numa pilastra. Havia uma porta, a qual eu abriria de qualquer jeito assim que a encontrasse. Pensei em produzir um pouco de luz com um feitiço, mas não sabia com o que estava lidando, por isso achei melhor não me arriscar. Cuidadosamente, prossegui, mesmo às segas. Bem, isso até eu me enroscar em algo e cair de cara no chão. Arfei, mas não fui a única — e nesse momento senti um frio no estômago. Além de não estar sozinha, enrosquei-me nas pernas de meu companheiro — por isso caí. 

- Senhor Olívaras? — questionou a voz feminina e muito doce, que logo reconheci. 

- Luna? — murmurei. 

- Quem é? — perguntou. 

Imediatamente liguei os pontos e decifrei o enigma. Já sabia onde estava. Eu tinha deixado aquele lugar havia pouquíssimo tempo. Não cheguei a adentrar o cômodo onde estava no momento, mas... Estava de volta à mansão dos Malfoy. Estava no porão deles, o que fazia sentido. Realmente me capturaram para Lestrange... exatamente como imaginei. 

Eu estava em sérios problemas, mas no momento o que importava era que reencontrara uma amiga muito querida. Estava sem varinha, mas mesmo assim consegui produzir luz para vê-la. Deu um pouco mais de trabalho do que pensei, mas funcionou. Logo pude enxergar com clareza e ver Luna e o Sr. Olívaras. Estavam muito maltratados e abatidos. Abracei Luna. 

- Oh, é tão bom te ver. — murmurei. — Mesmo sabendo que estamos todos ferrados, é ótimo ver você. 

Luna pareceu muito surpresa em me ver. 

- Gabriella! — exclamou. — Lamento ver que foi capturada e estou surpresa. Não pensei que pudessem te pegar. 

Dei um sorrido triste. 

- Eu fui descuidada. — disse. — E agora Lestrange provavelmente vai me matar. 

- Você parece bem tranquila, mesmo diante disso. — afirmou. 

- Ah... me desesperar só tornará tudo pior. — comentei. Ela acenou com a cabeça em concordância e me deu um sorriso amistoso. 

O Sr. Olívaras estava dormindo num canto, então Luna e eu nos sentamos um pouco afastadas para não o perturbar e conversamos bastante sobre diversos assuntos. Fui ouvinte na maior parte do tempo e ouvi com muito interesse todas as curiosidades que ela tinha para contar e também as histórias. Luna era muito inteligente e perspicaz, e era fascinante escutar tudo o que ela tinha a dizer. 

Sem varinha ou pertences, não tinha como saber há quanto tempo eu estava ali. Podia presumir que fazia um bom tempo, já que Luna e eu conversamos muito. E enquanto ela me contava uma das aventuras que viveu com seu pai, a porta no topo da escada se abriu e instantaneamente eu fiz desaparecer a luz que criara. Involuntariamente, fiquei assustada, tanto que cheguei a tremer um pouco. 

Bleeding Love Life Lies IIOnde histórias criam vida. Descubra agora