Capítulo 7 - A Festa

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E quando eu pensei que a festa seria interessante, não podia nem sequer imaginar que seria tanto assim. Eu bebia muita cerveja amanteigada — aliás, que bebida estupenda, esta — e dançava muito animadamente com Córmaco, que tinha um pique indiscutível. 

Ficar com ele era melhor do que eu planejara. Ele é um garoto maravilhoso — apesar de ser muito abusado. Cheio de mãos bobas, se é que me entendem. Isso fazia Malfoy subir pelas paredes ao lado de Parkinson. Blásio e Lia pareciam se divertir com a situação. 

Continuamos dançando durante vários e longos minutos. Enquanto eu estava ali, forçava-me a não pensar em tudo de ruim que tinha acontecido e que ainda estava por acontecer. Quero dizer, que mal tem tirar algumas horas de descanso? Não fizera nenhum progresso em semanas; algumas horas não mudariam isso. 

Ou pelo menos era o que eu insistia em pensar, ignorando aquelas pontadas de culpa no estômago, ou onde quer que fosse. 

Eu já ria tolamente depois de muitas cervejas. Digamos que... eu estava beirando o vexame, mas ainda tinha dignidade e postura. Estava lúcida, porém, bastante animadinha. Por fim, num dado momento, eu me cansei e, respirando fundo, olhei ao meu redor, parando de dançar, o sorriso tolo ainda no rosto. 

Havia um cara estranho adentrando a festa; percebi o profº Slughorn olhá-lo com uma expressão de óbvia tensão na face. Conforme o convidado indesejado — ou intruso; duvido muito que o professor tenha convidado aquele tipo de ralé para a festa dele — ia se aproximando de onde eu e Córmaco estávamos, percebi que deveria ser Yaxley, um dos malditos Comensais que assistiram à morte de Dumbledore na torre de Astronomia. Se não me engano, ele escapou por pouco de muitas maldições que lancei naquela noite. E, ao perceber isso, também me dei conta de que eu estava ferrada — ou pelo menos estaria se eu não usasse logo o cérebro. Não só porque aquele detestável loiro vinha ao meu encontro, mas porque outros estavam guardando a porta. A mensagem era clara: ninguém entra e ninguém sai

Àquela altura, todos começavam a ver a estranheza do momento. Aos poucos os dançarinos se tornaram espectadores, e Yaxley se fez ouvir: 

— Gostaríamos de conversar com a Srtª. , e fomos informados de que ela se encontra aqui, nesta festa. — Seu tom de voz estava pouco mais alto que a animada música. 

Durantes alguns instantes, só o que se ouvia era a dita música. Dei um passo à frente, atraindo o olhar de Yaxley para mim, e Córmaco rapidamente puxou-me para trás pelo braço. 

— Ele é do ministério... — começou, bem baixinho ao pé do meu ouvido. Seu tom era urgente. 

— Relaxe, Corm. Eu sei. Está tudo bem — retruquei friamente. Livrei-me de sua mão e caminhei mais para perto de Yaxley. 

— Dumbledore, se não se incomodar — corrigi-o. 

— Hm — desdenhou. — Tanto faz. Faça o favor de nos acompanhar, senhorita. 

Sorri para ele, como quem diz "você deve estar brincando". 

— Não sem ter um bom motivo, senhor — disse, com um tom meigo. 

— Temos assuntos ministeriais para tratar, e creio que a senhorita não gostaria de compartilhá-los com seus colegas — disse. A expressão era fria e hostil, e os lábios estavam repuxados sobre os dentes, como um cachorro rosnando. 

— O senhor logo irá perceber que está enganado — disse, de um modo bondoso, que em muito lembrava o modo de Dumbledore falar. Ele deve ter notado isso, uma vez que semicerrou seus olhos para mim, parecendo prestes a me arrancar a força dali. — Não tenho porque esconder nada de ninguém. 

Bleeding Love Life Lies IIOnde histórias criam vida. Descubra agora