Eu não posso me meter, eu não posso! Meu peito doía e minha cabeça pulsava intensamente com os pensamentos. Eu não posso fazer nada... não posso!
Entretanto, em contrapartida, só o que eu conseguia pensar era: eu não posso deixar Fred morrer. E não podia mesmo. Era quase como ser a responsável por sua morte. Eu sabia que ia acontecer, droga! Como ficar de braços cruzados?! NÃO DAVA!
E então aconteceu. Tudo tão rápido quanto poderia ser. Era uma mera questão de tempo, talvez até uma fração de segundo... e então, injustamente, tudo estaria acabado e Fred jazeria no chão, morto. A qualquer segundo agora...
Quando vi tudo ir pelos ares, meu único instinto foi de protegê-lo; e não deu outra. Quando a confusão acabou, Fred estava a salvo, sem um arranhão sequer. Não sei bem o que fiz, mas todas as pedras viraram pó ao nosso redor. Só eu chorava e ninguém entendia o motivo. Fred sorriu, agradeceu, cumprimentou, mas eu só sabia chorar feito um bebê. E quando os duelos recomeçaram, todos foram lutar, mas eu continuei ajoelhada no chão, chorando, desesperada. Draco envolveu minha mão com a dele e eu deixei que ele me levasse para longe dali.
Eu não fazia ideia de em qual andar me encontrava, nem em qual corredor. Draco me puxou para um canto embaixo de uma escada, onde era mais difícil de sermos vistos. Só então voltou a falar.
— Por que você está chorando? – quis saber. – Não aconteceu nada a nenhum de seus amigos.
— E é esse o motivo – eu disse. – Não me entenda mal... mas Fred deveria estar morto.
Ele demorou um pouco para tornar a falar; imaginei que talvez estivesse tentando assimilar o que eu disse.
— Mas você o salvou e por isso ele está vivo – interpôs. – E isso não é bom?
— É maravilhoso – respondi, fungando.
— Então por que está chorando? – Draco estava extremamente confuso.
— Porque eu não devia ter feito nada – desabei, chorando copiosamente, aos soluços. – Eu sei tudo que vai acontecer, mas não posso me meter, não posso fazer nada! E eu fiz e não sei quais as consequências disso!
Incapaz de falar qualquer coisa, Draco me acolheu num abraço apertado na esperança de me fornecer algum consolo. Eu aceitei de bom grado e me permiti a ter um momento de fragilidade.
— Então o que disseram sobre você ser vidente é real? – Draco questionou após um tempo. Franzi o cenho e me afastei dele, com os olhos ardendo e ainda soluçando.
— Ahn?!
— Muitos diziam isso de você – disse ele, dando de ombros.
Fiquei atônita por um instante, mas logo percebi que não era assim algo tão absurdo. Só parecia ser porque eu sabia da verdade, mas para alguém de fora, não seria estranho que eu fosse uma vidente.
— Não, não é isso – respondi de forma evasiva. – Numa outra oportunidade explicarei tudo com mais calma, mas agora não dá.
Draco não me pressionou para obter detalhes e fiquei grata por isso.
— Não fique assustada, Gabby – disse Draco, enquanto afagava meu rosto de forma delicada. – Você é a bruxa mais extraordinária que já conheci, e se tem alguém capaz de lidar com qualquer consequência por uma coisa que não devia ter acontecido, é você. – Ele me beijou docemente e de repente minhas preocupações não pareciam mais tão severas assim. Entretanto, nem a distração de estar nos braços de quem amo me desviou por completo de meus problemas. Eu não podia me dar esse luxo. Por isso, a contragosto, me levantei para me despedir dele. Não dissemos nada, e nem era necessário. O olhar era o suficiente. Acredito que tanto eu como ele sabíamos exatamente o que o outro queria dizer. E isso bastava.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Bleeding Love Life Lies II
RomansaContinuação de Bleeding love Life Lies I "Juntar os pedaços de meu coração. Era essa a tarefa que eu agora tinha. Meus dias, contados ou não, seriam como enfrentar o deserto com roupas de inverno, ou talvez uma nevasca com roupas de verão. Eu não p...