Capítulo 12 - Vivendo na surdina

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Caminhei durante vários minutos pela passagem que me levaria até a caverna, mas cada minuto mais parecia como uma hora inteira. Eu sentia dores em todo o corpo, e a exaustão falava mais alto. E como se não bastasse, meus sentimentos estavam completamente destroçados. 

Depois do que me pareceu uma vida inteira, cheguei à caverna. Ela era completamente blindada com magia, o que me garantia uma proteção quase impenetrável — desde que eu não pagasse de idiota e falasse "Voldemort", tudo estaria ótimo. Vocês sabem por quê. O tabu e etc. Num canto, havia uma barraca que Severus armara tempos antes para quando esse dia chegasse. Posso ser boa em magia, mas em montar barracas... sou uma negação — tanto no mundo mágico quanto no trouxa. 

Peguei uma velha panela enferrujada que estava no canto e conjurei fogo para me manter aquecida durante a noite. Entrei na barraca e dormi do jeito que estava. 


-x- 


Na manhã seguinte, acordei grogue, ainda vestindo o uniforme de Hogwarts com o símbolo de Potter. Sorri tristemente ao vê-lo. 

Eu ainda sorria, bestificada, quando ouvi um ruído que me assustou para valer. Havia alguém comigo na caverna, e fosse quem fosse, chutou uma pedra no escuro ou coisa assim. Talvez fora isso o que me acordara. Tapei a boca, reprimindo um grito. Minha respiração era falha e meu coração estava frenético. Um momento depois, me lembrei dos meus feitiços de proteção, e isso acalmou um pouco meu coração. 

Foi aí que eu ouvi um pio muito familiar. 

— O que diab...? EDWIN?! 

Durante todo esse tempo eu nem sequer me lembrei que tinha uma coruja. Juro por tudo o que há de mais sagrado. Eu me sentia uma idiota. Como podia tê-la esquecido assim? 

E por onde andara — ou melhor, voara — durante todo este tempo? 

Ela não podia nem me ver e nem me ouvir. Mas piava, irritada e insistente, como se dissesse "você não pode se esconder de mim, sei que está aí". Removi meus feitiços, receosa, e a coruja voou para perto de mim. Apressei-me em refazer todos os feitiços e então, finalmente, me virei para ela. 

— Edwin! Oh, meu Deus, mas que dona desnaturada... Por favor, me perdoe! 

Ok. Vamos esquecer a parte em que estou falando com uma coruja e eu não parecerei tão louca. 

Edwin piou alto, um som ameaçador, como se me acusasse. Juro que não estou louca; ele realmente o fez. 

— Não foi por mal... Juro, não foi mesmo por mal... 

Um pio mais suave. "Eu entendo", era a mensagem. 

— OWN, EDWIN, QUEM É A CORUJA MAIS FOFA? 

Um pio arrogante (se é que isso é possível). 

— Menos — eu disse. 

Ele estendeu a perna e eu recolhi um rolo de pergaminho bem grosso. Sorri para a coruja e acariciei suas penas. 

— Você deve ter sido bem esperto... aposto que esteve em Hogwarts este tempo todo, né? Ah, Edwin, você é muito esperto! 

Argh, se coruja tem ego, o de Edwin é bem grande. 

Desenrolei o pergaminho enorme, e comecei a ler. 



Gaby! 


Espero que não se meta em apuros por nossa causa. Você sabe, por esta carta. Só queríamos que soubesse das últimas novidades. Aposto que você ficou curiosíssima. 

Bleeding Love Life Lies IIOnde histórias criam vida. Descubra agora