Fui prisioneira durante um longo período. Não consegui escapar do porão, nem mesmo com Narcisa e Draco tentando me ajudar de todas as maneiras possíveis sem levantar suspeitas. Tudo se tornou ainda mais difícil devido ao fato de Draco não poder ficar muito em casa. Ele, afinal de contas, estava estudando regularmente em Hogwarts. Era simplesmente suspeito demais que ele ficasse em casa justamente quando sou prisioneira em seu porão. Somava-se a isso o fato de que Voldemort queria que eu ficasse segura e sob seu comando, de modo que era vigiada de perto por comensais da morte, vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. E Narcisa, coitada, não conseguiu me livrar dessa vez. Durante todo esse período, ela tentou incansavelmente me ajudar, mas não foi bem sucedida. E para completar, eu também não consegui fazer nada para me salvar. Acho que apanhar, ser alvo de diversas azarações e tentativas de invasão de pensamentos todos os dias contribuiu severamente com isso. Eu chorava com frequência, pedia a Deus, Jesus, Merlin e qualquer um que pudesse ouvir que por tudo o que fosse mais sagrado, me desse uma luz, uma ajuda ou o que fosse possível oferecer. Desespero não define, tamanhas eram as proporções do que sentia. E nada adiantava. Não importava o quanto tentasse, não conseguia libertar-me.
Voldemort andava muito ocupado (graças a Deus) e raramente sabia-se dele. Seus Comensais continuavam forçando a barra comigo, tentando extrair informações (que me neguei a dar), mas isso não chagava aos ouvidos dele. Faziam o que bem entendessem comigo. Não demorou para que o mesmo começasse a acontecer com Draco. Ele, que se mostrou mais teimoso do que jamais achei ser possível, dava um jeito de tempos em tempos vir me ver. Chegamos a nos ver umas quatro vezes. Nada acontecia entre nós além de uma conversa e uns abraços apertados, nada que indicasse intimidade — mesmo sendo encontros às escondidas. Nada muito diferente do modo como eu reagiria ao ver Harry, por exemplo. Entretanto, não importava. O pouco que tínhamos bastava para acalmar nosso desespero, mesmo que momentaneamente. Não sei dizer ao certo o que aconteceu durante essas breves visitas, mas só pude presumir que, em alguma dessas ocasiões, ele acabou sendo visto por algum comensal. Só posso imaginar isso, pois sei que o boato de que Draco saía furtivamente de Hogwarts para vir me ver chegou aos ouvidos dos comensais, que mais do que depressa obtiveram as respostas para todas as suas dúvidas invadindo a mente de Draco. Pelo que soube, bastou um momento na mente dele e Lestrange conseguiu o que queria (sim, mas é claro que foi ela quem invadiu a mente do garoto). Então, do dia para noite, minha farsa de que o odiava ruiu, como eu já sabia que aconteceria mais cedo ou mais tarde.
Isso, enfim, trouxe Voldemort até mim.
Já havia muito tempo que eu estava presa. Não surpreendentemente, meio que perdi noção de tempo, de modo que não sei exatamente quando isso aconteceu. Àquela altura, estava muito frágil e debilitada, e minha mágica estava muito, muito fraca. Não que adiantasse de alguma coisa... me mantinham cercada por barreiras de proteção e eu não conseguia me defender. E logo depois de ser torturada (mais uma vez), Voldemort mandou me levarem para a sala onde eles tinham suas reuniões. A mesma sala onde eu o conheci, meses antes. Para minha surpresa, assim que os comensais me jogaram no chão, ele mandou todo mundo sair. Eu estava tonta, mas consegui ver Draco relutando silenciosamente. Por sorte, Narcisa o puxou para fora, e então, estávamos sozinhos.
- Meus amigos me contaram algumas coisas muito interessantes a seu respeito, Munis — disse Voldemort, enquanto observava Nagini arrastar-se ao longo da mesa. — Soube que você e Draco Malfoy já não então mais em atrito. Ao que parece, você perdoou a indiscrição de seu amigo. — Pus-me de pé, usando a cadeira como apoio para conseguir. Minhas pernas vacilavam e eu temia não conseguir ficar de pé, mas não podia permitir que ele visse o quanto eu estava debilitada. Voldemort me observava atentamente. — Ainda não confio inteiramente em você, devido ao seu passado, mas acredito que o jovem Malfoy estava certo no que disse a seu respeito no dia em que você chegou aqui. — Agora Nagini se enroscava na cadeira atrás dele e Voldemort acariciava a cabeça da cobra. Estremeci. — Por não poder confiar em você, não vai a lugar algum e espero que entenda que não posso deixá-la em liberdade. Mas te dou minha palavra de que no futuro receberá um tratamento muito melhor. Sei que poderei confiar em você eventualmente. — Eu continuava sem falar nada. Estava tonta e sentia náuseas, resultado de tantas azarações. — Mas agora vamos ao que interessa. Quero saber o que busca — disse ele, num tom sombrio e assustador. — O que a levou a Hogwarts, ao Ministério e, mais recentemente, a esta casa.
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Bleeding Love Life Lies II
RomanceContinuação de Bleeding love Life Lies I "Juntar os pedaços de meu coração. Era essa a tarefa que eu agora tinha. Meus dias, contados ou não, seriam como enfrentar o deserto com roupas de inverno, ou talvez uma nevasca com roupas de verão. Eu não p...