O silêncio naquela sala era estupendamente assustador. Cada alma ali prendia a respiração, esperando pelo que quer que viesse a acontecer a seguir.
Eu não conseguia desviar o olhar de Tom Riddle — ou Lord Voldermort. Quero dizer... Tom Riddle, apesar de monstro "por dentro", era bonito "por fora", certo? Voldemort era... nojento. Tanto por dentro quanto por fora.
Um sorriso que me fez engolir a seco surgiu na face de caveira; os olhos vermelhos cintilavam — mais vermelhos que sangue recém-derramado. Eu tremia. Uma leve camada de suor cobria meu corpo, ainda afogueado pela cerveja amanteigada. Eu não queria falar. Não sabia o que falar. Nem como fazer isso. Parecia ter perdido a capacidade de abrir a boca e pronunciar qualquer coisa. Eu me senti totalmente ferrada.
— Então, Srtª. Dumbledore... fora da escola sem permissão — disse Severus. — Que situação interessante...
— Claro — concordei, cordialmente. — Note que o Sr. Malfoy aqui também se encontra nas mesmas circunstâncias. Não queremos que malfeitores saiam impunes, não é verdade? — Abri um sorriso enviesado para ele.
As palavras que dissemos eram essas. Mas uma coisa é certa; ele queria me estrangular pela burrice que eu estava fazendo — e eu também, pois para falar a verdade, estava me sentindo bastante burra.
— Agora, não sejamos tão rígidos, não é, Severus? — Voldemort se fez ouvir. Sua voz era mais fria do que a brisa mais gélida do inverno britânico; causou-me arrepios. — Regras podem sempre ser revistas... sob circunstâncias especiais. Creio que razões fortes o bastante para trazer esta jovem até nós se enquadram perfeitamente nisto.
— Ah, milorde, sempre tão misericordioso... — entoei, em zombaria, imitando quase com sucesso o tom de voz dele. De repente, eu só conseguia me lembrar do desespero da minha mãe, da luz deixando seus olhos. Aquilo era o meu lembrete; eu não podia mais me acovardar. — Não é isso que todos dizem a você, Lord das Trevas? Não é essa a mentira que todos contam quando estão se borrando de medo de você? É a sua misericórdia que você quer que eu conheça?
Outro sorriso na face de caveira. Um sorriso mais hostil que o primeiro, na verdade.
— Gaby... — alertou-me Draco.
— Calado, seu... — sibilei para ele, olhando-o de esguelha ameaçadoramente. Ele engoliu a bile e se afastou, indo para os braços da mãe, que me olhava, assustada. Voltei a olhar para Voldemort.
— Sempre soube que você era uma menina bastante informada — disse ele, avaliando-me. — Só não fazia ideia do quanto.
— Você não tem ideia do número de coisas que não sabe sobre mim — retruquei. — Mas esse não é o ponto.
Bellatrix riu. Ouvir aquela gargalhada foi a gota d'água para mim. Eu perdi de vez as estribeiras.
— Do que é que você está rindo, vaca nojenta e asquerosa? — Sibilei para ela. — Está se divertindo? Hein?
Ela continuou a rir.
— Vamos ver por quanto tempo mais você vai rir, vadia — eu disse. — Você tem ideia do motivo de eu vir aqui?
De repente, ela pareceu me levar mais a sério. Sua risada se esvaiu e ela me olhou, desconfiada, esperando que eu esclarecesse.
— O seu Lord acabou de dizer; sou bem informada — eu disse a ela. — Então... pense... some um mais um... ainda sente vontade de rir?
Aquele som abafado entre um grunhido e um grito de pavor tinha que ser de Draco. Sim, eu tinha certeza de que era ele. Devia ter percebido o que eu ia fazer. Estava apavorado. A tia dele não estava tanto, mas com certeza sabia que ia pagar caro pelo momento de diversão às minhas custas. Seus olhos dançavam entre mim e Draco, cada vez mais arregalados, cada vez mais cheios de entendimento.
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Bleeding Love Life Lies II
RomanceContinuação de Bleeding love Life Lies I "Juntar os pedaços de meu coração. Era essa a tarefa que eu agora tinha. Meus dias, contados ou não, seriam como enfrentar o deserto com roupas de inverno, ou talvez uma nevasca com roupas de verão. Eu não p...