Snape teve bastante tempo para me ensinar magia negra na teoria. Passamos juntos muito tempo no escritório, e acabei por perceber que ele estava gostando mais e mais de mim. E eu dele. Quando não usava a máscara da amargura, Snape era quase gentil e paciente. Lembrava-me vagamente o modo como meu pai me tratava quando vivo, e isso nos rendeu um momento embaraçoso.
— Qual é o problema? — O desespero dele ao ver as minhas lágrimas era tão chocante que quase me fez rir. Parecia mesmo meu pai. Ele nunca fora bom em lidar com lágrimas. Snape também não era.
— Você me fez lembrar meu pai — eu disse a ele. — Mas não importa. Esquece. — E ao dizer isso, livrei-me das lágrimas e me concentrei na matéria. Depois de pigarrear, ele voltou a atenção para outra coisa. Evitamos nos olharmos.
Passamos alguns minutos assim, tensamente. Mas só até...
— Ah, Gabriella! — Ouvi Dumbledore dizer. Olhei para seu retrato, sorrindo aberta e sinceramente. Somente ele e Severus me fizeram sorrir assim nestes tempos tenebrosos.
— Professor! É tão bom falar com o senhor! — Ele agradeceu com um aceno de cabeça.
— Devo dizer que estou muitíssimo orgulhoso de sua coragem — disse. — Severus me contou tudo o que andou fazendo. E devo acrescentar que lamento muito o que o menino Malfoy fez. Confiei que ele fosse mudar, mas acredito que a pressão que sofreu foi extrema...
Meu sorriso esmaeceu. Fiz um muxoxo de irritação.
— Sempre soube que ele não prestava — eu disse, franzindo meu rosto numa carranca irritada. — Mas tudo bem; tem volta. Não vai ficar assim.
— Gabriella. — O tom de voz dele era Severus. Estava me dando uma bronca! Como pode?
— O quê, professor? Não tenho porque fingir! Se eu pudesse, acabava com a vida dele! — Dei as costas a ele e caminhei de um lado para o outro umas três vezes, e enfim parei, respirando fundo. Questionei-me quanto à veracidade da afirmação que fizera. Eu seria mesmo capaz disso? — Mas isso não importa. Vou me vingar dele depois que eu achar a... o que quer que seja.
Dumbledore assentiu.
— Fico feliz que isso seja prioridade no momento. Devo dizer que deve priorizar isso ainda mais que os estudos normais da escola. Sabe que poderá retornar a Hogwarts quando tudo isso acabar.
— É, acho que é hora de ser um pouco mais rebelde — eu disse, sorrindo. — Ainda mais se tenho permissão.
— É, você tem. — Dumbledore sorriu. — Você tem... Como é que os trouxas costumam dizer? "Carta branca" este ano em Hogwarts. Desde que possa contornar os irmãos Carrow, está livre para fazer o que bem entender.
— O que bem entender — repeti, adorando ouvir aquilo. — Hm, bastante útil. Ainda mais agora que tenho Severus ao meu lado. Acho que o primeiro passo é reunir a AD. Nada melhor que um pouco de rebeldia.
— Como achar melhor — disse Dumbledore, sorrindo de modo carinhoso. — Mas devo alertar que tenha cuidado. Não só por você, mas por seus amigos e por todos os nossos planos.
— Só me pegarão se eu quiser, professor. O senhor sabe. — Pisquei para ele. Nada presunçosa, ahn?
Dumbledore riu.
— Outra coisa, professor. — De repente, algo me ocorreu. Fiquei até excitada apenas com as perspectiva. Eu quase quicava no lugar, agitada. — Será que... sei lá... Teria problema se eu aparecesse para visitar Harry, Rony e Hermione?
O semblante de Dumbledore se tornou pensativo.
— Não sei, Gabriella. Sabe que é arriscado, mas tenho plena confiança em você. — Ao ouvir isso, meus olhos se arregalaram. Acho que brilhavam como os de uma criança satisfeita com seus feitos. — Mas teria que ser um momento oportuno.
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Bleeding Love Life Lies II
RomanceContinuação de Bleeding love Life Lies I "Juntar os pedaços de meu coração. Era essa a tarefa que eu agora tinha. Meus dias, contados ou não, seriam como enfrentar o deserto com roupas de inverno, ou talvez uma nevasca com roupas de verão. Eu não p...