Capítulo 3 - E que comece a tortura!

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Enquanto o desespero consumia meu corpo lentamente, eu me perguntava o que seria de mim. Snape entendera que eu sabia o "segredinho" dele, não? Ele ia pegar leve comigo e me proteger, não ia? 

Ia? 

Eu não podia confiar inteiramente nisso. Eu não sabia, afinal, até que ponto Dumbledore prevenira-o a meu respeito. 

Senti um frio na barriga quando vi Snape e seus amigos Comensais adentrarem o Salão Comunal com os olhos em mim. Meus novos colegas de Casa observavam a cena sem pestanejar. Céus, como eu sentia falta da Grifinória naquele momento. Eu sabia que eu tinha amigos lá que me passariam a sensação de segurança e proteção. E aqui, o que tinha? O menino que entregara meus pais à morte? Uma menina que me odiava profundamente? Centenas de alunos que me repudiavam? 

Se eu disser que eu estou enrascada, estou apenas descrevendo a ponta disso tudo. 

— Senhorita Dumbledore? — O tom de voz dele me causou arrepios de medo. Nunca me sentira tão acovardada. 

— Sim, senhor? — Mantive a voz calma e vazia, pois jamais daria a eles o gostinho de saberem que me afetavam. Ha, ha, até parece que eu me rebaixaria desse jeito. 

— Precisamos conversar. 

Pronto. Fodeu de vez. 

— Pode falar — tive a cara de pau de dizer. Eu sabia muito bem que ele não queria conversar coisa alguma. Queria mesmo era me torturar, é claro, para manter a pose dele de fodão-que-matou-Dumbledore. E eu tinha que manter minha pose de bruxa de sangue puro rebelde que não tinha medo de nada. 

— Acompanhe-me, por favor. — O falso tom cordial da voz dele deixava claro que, por piores que as coisas fossem ser nesse ano escolar em Hogwarts, ele gostaria de manter suas pequenas sessões de tortura comigo em segredo. Está se perguntando por que me refiro ao pedido dele para conversar comigo de início de sessões de tortura? Ora, todos nós sabemos como este ano será para os alunos de Hogwarts. Não todos, é claro. Mais especificamente para pessoas como eu, que apóiam Harry. Quem se lembra de como o Neville estava quando Harry, Rony Hermione e ele tornam a se encontrar lá para o fim de Relíquias da Morte? Eu tinha absoluta certeza de que, comigo, seria algo assim. 

E preciso dizer: eu estava completamente apavorada. 

Oh, meu Deus, era o que eu pensava, enquanto punha a alça de minha bolsa vermelha por sobre o ombro, empunhava a varinha sob as vestes escolares e me levantava vagarosamente, com cada célula de meu corpo relutando em seguir em direção à dor. 

Apertei a varinha e a alça da bolsa com mais força para esconder o tremor de minha mão. Meu olhar encontrou o de Draco. O tremor aumentou. Agora era de ódio. 

Deixamos a masmorra e partimos para o corredor. Tomamos escadas — eu esperei seriamente que elas dessem um surto e mudassem várias vezes para as direções erradas, mas oi? Nem Hogwarts estava ao meu lado! 

Chegamos rapidamente ao corredor do sétimo andar. Meu coração disparou e meus olhos se encheram de lágrimas ao avistar aquela gárgula tão conhecida no fim do corredor em questão. Tudo que eu queria era correr e passar por ela, subir por sua escada em espiral e buscar conforto com Dumbledore. 

Mas ele estava morto. Não me confortaria. 

Talvez, na verdade. Ainda havia seu retrato na parede, mas nem de longe é a mesma coisa. 

Snape parou de repente no corredor, e os irmãos Carrow seguiram seu exemplo. 

— Muito bem. — Snape me jogou no chão, onde eu caí. Fiquei lá sentada, sem deixar minha expressão mostrar que cair de bunda no chão - literalmente - doera. Ele me olhava de cima, com expressão de nojo. — Você sabe onde Potter está. Quero saber agora

Bleeding Love Life Lies IIOnde histórias criam vida. Descubra agora