Ilhevéu

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A figura que sorria para eles era um idoso, com um ar familiar. Quem era este? Sentia que havia lhe visto antes em algum lugar, mas era difícil saber pois a figura masculina estava distante demais para que fosse analisada com mais precisão. Mover-se em direção a ele com certeza não era uma boa ideia, então, permaneceram de pé, encarando-o por alguns segundos, até que algo começou a acontecer.

Ouviram uivos distantes, como se apenas fossem sons da natureza se fazendo presente. Mas após alguns segundos, sentiram o chão tremer levemente. Algo se aproximava.... e em um piscar de olhos uma horda de árvores andantes surgiu, vinda de todos os lados.

Era um grande exército de árvores que se moviam ferozmente para cima deles. De diversos tamanhos, todas eram incrivelmente ferozes e perigosas, pois passaram a atacá-los como se estivessem caçando suas presas.

— Achei que árvores andantes eram criaturas pacíficas! — Gritou Rohan enquanto desviava de uma das árvores, correndo em direção a seu cajado que havia sido jogado de lado alguns metros a frente. Rapidamente, ao pegar sua arma, canalizou uma magia de impacto, usando uma das pontas para bater na grande planta que possuía cortes em seu tronco com formato de olhos e boca, pronto para atacá-lo com seus galhos. O golpe fez com que ela voasse alguns metros para trás e emitisse um som grave que pareceu ser um grito.

— Não são árvores andantes comuns! — Yuren falou de volta, deslizando pelo chão por entre duas delas e, com a foice, cortou-as em duas partes. — Foram despertadas por magia obscura!

— Não significa que devemos destruir todas! Vamos tentar ter cuidado!

Rohan detestava destruir ou machucar qualquer coisa natural, fossem elas animais, plantas ou lugares ainda intocados por mãos humanas, como aquela floresta e aquelas árvores que, infelizmente, pareciam mortais demais para apenas ficarem parados esperando que elas os destruíssem.

Árvores andantes não eram animais, mas poderiam ser consideradas criaturas e eram, obviamente, vivas. Elas eram despertadas, ou seja: precisavam de magia para que acordassem como seres andantes e pensantes. Eram, em um geral, pacíficas, atacando somente se vissem seu habitat ser ameaçado ou se sentissem ameaçadas. Estes seres surgiam ao entrarem em contato com resquícios de magia no ambiente, mas sabia que também poderia ser feito um feitiço específico, lançado em uma área florestal, e esperar que alguma árvore despertasse, o que geralmente era raro. Então, para que uma horda de árvores andantes ferozes estivessem atrás deles, aquilo certamente não significava algo bom.

Continuaram batalhando por mais algum tempo e assobiando diversas vezes à espera dos dragões que, por algum motivo, ainda não tinham voltado da caça.

— Acho que algo pode ter acontecido a Azuri e Narya! — Rohan gritou para Yuren que havia transformado em um bonsai uma das árvores que se jogou em sua direção.

Ambos estavam descabelados, arranhados por todos os lados, sangue escorria de seus cortes, mas ainda estavam bem. Talvez pudessem ter acabado com aquela horda com mais facilidade, quem sabe usando o mesmo método que usaram com o exército do outro General Branco, mas provavelmente a inteligência daquelas árvores eram maiores e seus comportamentos pareciam mais caóticos. Usar de feitiços destrutivos também teria sido uma decisão mais rápida para se lidar com a situação, entretanto destruir aqueles seres que foram transformados contra sua vontade, seres que são diretamente parte da natureza, não era algo que Rohan pudesse se forçar a fazer tão facilmente.

Foi quando Purin caiu no chão com um grunhido que o mago percebeu que não poderiam continuar derrubando as árvores andantes de uma em uma... eles precisavam agir.

— Purin! — Gritou rapidamente e aquilo despertou também o bruxo que virou no mesmo momento, procurando pelo feneco que estava prestes a ser atacado pelos galhos finos e fortes como estacas.

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