Memórias de Marissol

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As ondas do mar, após mais ou menos dois anos, não acordavam mais o pequeno Rohan, pelo contrário, eram quase como uma canção de ninar que o embalavam para um sono tranquilo. O cheiro do mar agora era agradável, assim como a brisa fresca que sempre os protegia do calor forte que as ilhas nível-mar proporcionavam. Além disso, tinha mais tempo para tocar sua kalimba, a qual conseguiram trazer da residência Yusoh quando foram embora.

O que também haviam mantido de tradições, era o ensino de magia, porém, ao contrário de seu avô, Irina era calma, doce e paciente ao ensinar, além de prezar por feitiços defensivos e feitiços de cura.

— Você deve manter a calma ao castar esse feitiço, essa é a principal chave. Então, respire fundo. — Ela instruiu, colocando uma das mãos em seu peito. Rohan, de olhos fechados, obedeceu, respirando profundamente, com lentidão. — Lembra das três palavras?

— Sim... — Murmurou em retorno.

— Ótimo. — Irina, então, colocou um pequeno animal entre as mãos de Rohan. Era um filhote de ratinho do mato, o qual encontraram sozinho, parecendo incapaz de andar normalmente, então, sua mãe teve a ideia de ensiná-lo a curar o pequeno roedor. — Pense em como você quer ajudá-lo e murmure as palavras, cobrindo-o com a outra mão. Entendido?

— Entendido...

— Então, vamos... respire e fale.

Com grande concentração, Rohan falou as palavras que havia aprendido, tentando sentir a energia mágica sendo transportada para seus braços, mãos e dedos, porém, ainda não sentia nada.

— Não tem problema, meu bem, tente de novo. — Irina instruiu, colocando a mão por cima da sua. — Tente puxar de dentro essa energia, consegue senti-la aqui? — E com a outra mão, ela tocou novamente o meio de seu peito. Rohan afirmou com a cabeça e, mais uma vez, falou as palavras.

Uma pequena luz branca piscou e Rohan abriu os olhos, impressionado.

— Ótimo! Ótimo! Mais uma vez, sim? — Irina parecia animada, o que deixou o filho igualmente esperançoso.

Após mais três tentativas, onde apenas flashes piscaram, finalmente uma luz morna emanou de sua palma, cobrindo completamente o corpo do pequeno roedor que aos poucos parecia se mexer ali. Quando Rohan abriu os olhos, o ratinho o olhava, sentado em sua mão.

— Funcionou! Olha, olha o ratinho!

— Sim! Ele está bem agora! Viu como você consegue?!

Rohan estava completamente orgulhoso de si mesmo. Para um menino que mal conseguia fazer uma esfera de luz, curar um animalzinho era, de fato, uma grande demonstração de poder e inteligência.

— Sabia que esses feitiços são ensinados apenas para aprendizes entre dez e onze anos de idade? — Disse Irina, ainda agachada diante de si com um rosto reluzente.

— Sério?!

— Sério! Você, com sete anos, conseguiu fazer algo muito avançado. Talvez seja o pequeno aprendiz mais incrível que já conheci! — Rohan sorriu ainda mais, abraçou a mãe e recebeu um beijo forte na bochecha. — Então, futuro grande mago, vamos colocar o ratinho de volta onde encontramos? Ainda temos que coletar mariscos.

— Eba! Vamos!

Após deixarem o ratinho próximo a um aglomerado de árvores, andaram de volta para o chalé de frente para a praia deserta, queriam aproveitar a maré baixa para procurar por mariscos e algas.

— Achei um, achei um! — Em meio a praia, Rohan apontou para uma vieira disfarçada sob uma fina camada de areia, Irina se aproximou com uma cesta de folhas de coco e se abaixou ao seu lado.

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