Indönya Ullumeá

67 6 19
                                    

Rohan, ainda abraçado ao mais velho, olhou na direção da voz. Min'Rutai estava parado em frente a outra das quatro portas principais que levavam ao jardim. Por outro lado, Ahmose e Halima não estavam mais ali.

— É impressionante. — Min'Rutai continuou.

O sacerdote, então, se aproximou com passos lentos e muito silenciosos. Ele se abaixou diante de ambos e tocou nas duas armas caídas sobre a grama, analisando-as com cuidado.

— Gostaria muito de treiná-los com elas... — Ele falou, sorrindo cansado. — Mas acho que vocês vão se sair bem sem minha ajuda.

— E por que não nos treina? — Rohan perguntou, também abrindo um sorriso.

— Meu caro, não precisa fazer perguntas quando já sabe as respostas. — Então, o sacerdote levantou. — E também, estou cansado... seis mil anos de vida não fazem bem a ninguém.

— Realmente, Yishai. — O mago concordou, apertando a mão de Yuren que parecia tremer ao seu lado.

Então, o homem deu uma risada a mais, chacoalhando seus ombros. Ele caminhou até um dos bancos de pedra e se sentou, relaxando o corpo, parecendo despreocupado demais, ou talvez exausto demais.

— Vocês são tão inteligentes quanto Annika e Watsana. — Disse Yishai. — Mas Annika era muito... imprevisível, foi difícil convencê-la de muitas coisas. E, sinceramente, todo aquele pacto que ela fez me pegou desprevenido. Garotinha muito, muito imprevisível... — O homem mais velho apertou os lábios, mudando um pouco sua expressão. Ele não parecia gostar de Annika. — Aquela teimosia a fez perder a batalha, não é mesmo? É difícil conseguir algo quando você trai a confiança de quem mais ama...

— Você parece se divertir com isso tudo. — Rohan continuou a falar enquanto tentava manter Yuren ao seu lado. O mais velho, apesar de parado no mesmo lugar, provavelmente usava cada fibra de seu corpo para não se mover.

— Ah, meu caro... na verdade, estou exausto. Mortais reclamam tanto de brigas e desentendimentos de família, mas experimentem estar em uma briga familiar de milênios. Não recomendo.

— Quem é você? — Perguntou, por fim. Sua paciência já estava se esgotando.

— Pois é, acho que essa parte não é fácil saber, não é como se alguém me conhecesse. — Yishai suspirou novamente, dando de ombros. — Meu nome é realmente Yishai, sou neto de Khantan e Yahyani.

— O que... — Rohan estava pasmo, assim como Yuren que, ao seu lado, colocou-se de pé ao ouvir aquilo, segurando a foice branca em mãos. Rapidamente se levantou também, segurando o mais velho pela cintura com um dos braços e, com a mão livre, segurando a espada preta.

— Ah, não precisam disso. — Yishai falou. — Não pretendo lutar contra ninguém, estou cansado. Na verdade, se quiserem me matar, fiquem a vontade. Eu tentei fazer isso algumas vezes antes, sabe? Mas é um pouco difícil quando se é imune a todas as armas do mundo a não ser essas duas aí. — Ele apontou para a espada e a foice. — Foram as armas que mataram minha mãe e meu tio também. Herança de família.

Yishai riu novamente.

— Por que não as usou antes então? Se queria tanto morrer... — Yuren finalmente se manifestou e sua voz saiu fria, robótica.

— Aí que está. Meus avós impediram que qualquer membro da família pudesse tomar essas armas. Eu sabia onde elas estavam, mas não consigo entrar no bosque... esse pequeno paraíso foi onde meus avós, meu tio e minha mãe iam para relaxar. Vocês viram, não viram? Ficou um pouco diferente, mas ainda é o mesmo lugar... é o jardim onde viviam. O palácio não existe mais, é claro.

Histórias de Sol e LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora