Ooh my honey
You got me workin' day and night
Ooh my sugar
You got me workin' day and nightForam mais de quatro semanas desde o encontro de Carmen com Bill e a conversa de Michael e Janet no lago. A reforma ainda não estava completa, mas a ansiedade do rapaz, e a paciência com todas as discussões em Hayvenhurst, tinham chegado ao limite. Ele iria se mudar. Diante disso, a equipe de funcionários do rancho, batizado de Neverland, havia sido convocada: todos deveriam estar, de mala e cuia, no dia seguinte, prontos para o trabalho.
Carmen era uma das mais jovens da equipe de cerca de 30 pessoas chamadas naquele momento. Na casa principal eram 15, isso sem contar o pessoal da segurança. Todos pareciam animados e o clima era tranquilo. Logo pela manhã todos deixaram as malas em frente a casa, fizeram um tour inicial, tiveram um café de boas vindas e foram apresentados aos seus quartos, bem confortáveis, diga-se de passagem: era um alojamento que ficava praticamente ao lado da casa principal. No entanto, Jorge, o chefe dos empregados pediu que não desfizessem as malas, pois alguns seriam designados para os aposentos de empregados do interior da casa principal, e essa informação já gerou uma certa tensão.
- Provavelmente os mais experientes... - especulavam uns.
- Ou só gente treinada em segurança... - diziam outros.
Jorge pediu que todos se reunissem na enorme sala de estar e começou a passar algumas coordenadas... Entre algumas chatices previsíveis, de "vocês todos são extremamente bem qualificados e recomendados", e outras questões óbvias como "a confidencialidade é ponto chave em nosso trabalho'', vieram pontos interessantes:
- A ideia de Neverland não é ser apenas uma casa para o senhor Jackson. Ele quer que aqui seja um local para receber crianças de orfanatos, hospitais, abrigos... Então não será incomum recebermos muitos visitantes e termos excursões neste local. Não esperem uma casa comum. O senhor Jackson não é mais um ricaço como os outros para quem vocês trabalharam. - explicava Jorge, de modo muito claro.
Após alguns burburinhos, o mordomo começou com a parte prática, que é a que todos queriam de fato ouvir:
- Pessoal, a divisão de setores foi decidida pensando no histórico de trabalho de vocês e no que cada um mostrou de potencialidade na entrevista e nos testes, ok? Nada é definitivo, e claro que algumas coisas podem ser trocadas ou mantidas conforme pedidos do senhor Jackson.
Jorge foi escalando as pessoas. Ele tinha algumas fichas nas mãos e ia chamando cada um e entregando este papeis, nos quais tinha a indicação do setor que a pessoa trabalharia, as orientações e procedimentos, horários e demais informações, além do local do alojamento. Alguns saíam mais felizes, outros meio insatisfeitos, outros aliviados. Quando Jorge escalou uma senhora meio gordinha para o andar térreo da casa principal, ela protestou:
- Oh não! Me deixe ficar com a parte de cima senhor Jorge! Eu sou camareira há muitos anos! Nada contra você menina - disse olhando para Carmen - mas acho que isso precisa ser feito por alguém experiente.
Carmen, assim como todos, já tinha feito o tour pela casa. Havia apenas um quarto no térreo. Na parte de cima eram mais... Nossa, muitos quartos, todos enormes. A moça já não se lembrava quantas suítes. Sem contar a demais salas que se tornariam outros ambientes no futuro...
Por que raios essa mulher queria ficar com a parte de cima?
Jorge estreitou os olhos e Carmem podia apostar que ele não gostou do que a senhora gordinha disse, por isso, se surpreendeu quando acatou o pedido da mulher, que se chamava Eleonor.
- Ok Eleonor. Pode ficar com os quartos de cima... Carmen, você cuida do quarto do térreo, só o quarto. É o quarto do senhor Jackson. Só você entra nele, tanto para limpeza, arrumação, levar refeições quando necessário, e tudo mais. Cuidará inclusive da arrumação do closet, da organização das roupas, enfim, de toda essa parte. Seu quarto será o aposento interno de empregada, fica do lado oposto da casa. Tem um interfone para que ele te chame se precisar. Depois combinaremos as questões de lavanderia e horários de refeições que podem ser bem específicos.
Queixos caíram... Mas Carmen não conseguiu deixar de sorrir, ainda que discretamente.
Depois que todos foram se dispersando, muitos a olhando com uma certa inveja, ela presumia, Jorge a chamou em particular:
_ Carmen, aqui estão as chaves. São três cópias: uma minha, uma sua e uma dele. Só nós três temos. Eu e você só entramos quando ele não está, para arrumação, ou quando somos solicitados. Eu deixaria Eleonor nisso pela experiência dela, mas pela atitude dela e conhecendo o senhor Jackson, acho que não se dariam bem. Você também tem experiência neste tipo de trabalho e sua tia trabalhou com ele, então creio que você possa dar conta. Vá entrando lá e se familiarizando com o espaço. Já aviso: está uma bagunça.
Ao entrar no quarto e fechar a porta atrás de si, Carmen ainda não tinha muita ideia do que fazer.
O quarto em si não lhe parecia grande coisa... Quer dizer, ele só era isso mesmo: grande. Tinha dois andares e muitas caixas, várias roupas espalhadas, roupas de cama, almofadas e muitos objetos que não pareciam ter nenhum sentido, nem juntos e nem separados... As orientações de Jorge para ela foram específicas e claras:
- Agora aquele quarto é incumbência sua. Azar da Eleonor, ou sorte... Depende... Está um caos! Não abra as caixas, mas o que está fora, tente ajeitar, coloque nos armários, ajuste na mobília. Faça o possível para estar apresentável. Ele virá hoje a noite ou amanhã, ainda não sabemos.
Agora ela estava ali, às 9h da manhã, presa dentro do quarto de Michael Jackson, com um monte de tralha dele, e sem ele para lhe dizer o que era tralha de fato ou não.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Michael Jackson - Improvável
FanfictionSerá que uma pequena mudança, uma única decisão diferente, de um único personagem da narrativa da vida poderia ter feito os rumos de uma história mudar completamente? Carmen, assim como tantos brasileiros, fugiu da vida escassa do lado Sul da Améri...