Capítulo 16

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Reaching out to touch a stranger

Electric eyes are everywhere

See that girl, she knows I'm watching

She likes the way I stare


Michael foi amparando Carmen até a porta do quarto. Ele nunca tinha estado ali e ficou curioso para ver o quarto da amiga.

- Posso te perguntar se os aposentos dos empregados são adequados? Eu pedi para serem. - disse ele, esticando o pescoço para dentro.

Carmen sorriu, abrindo caminho para que ele entrasse. O rapaz entrou suavemente, mas não havia muito para ver além dos móveis e objetos que eram da casa. Não havia fotos e nem decorações pessoais e pelo rosto de Michael, a garota percebeu que ele buscava algo mais.

- Decepcionado? Posso garantir que se comparado aos quartos de empregadas que já estive, me sinto em um hotel cinco estrelas. - garantiu ela.

- Você não gosta de fotos? - perguntou Michael.

Carmen sorriu. Sorriu aquele sorriso triste, que fazia Michael sentir que ela carregava um caminhão inteiro de tristeza dentro de si.

- No Brasil a gente não tem máquinas fotográficas que nem a sua, que cospem as fotos na hora. É caro tirar fotos. Eu não tenho muitas, e as que tenho ficaram lá. Tia Remy tem algumas...

Carmen estava sentada na cama, enquanto Michael estava parado na porta, encostado no batente. Ele sabia que era o momento de deixá-la em paz, mas ao mesmo tempo, sentia que precisava dizer alguma coisa, deixar uma ponta solta para voltar mais tarde... Ele não conseguia entender aquele sentimento, aquela necessidade de estar perto daquela moça.

- Bom, acho que vou aproveitar e tomar banho também, lá no meu quarto... é... vamos lá no estúdio mais tarde? Quero te mostrar umas coisas de harmonia vocal que você me perguntou mais cedo. - disse Michael, se atrapalhando um pouco nas explicações.

- Claro! Quem terminar primeiro bate na porta do quarto do outro, pode ser?

- Combinado. Até.

- Até.

Carmen esperou o patrão fechar a porta. Aguardou mais alguns segundos, esticou-se e a trancou. Depois deitou-se na cama. A cabeça girando... Uma confusão de pensamentos deixando-a tonta, mas fazendo seus sentimentos se tornarem claros como a água cristalina da piscina de Neverland: ela estava apaixonada por Michael Jackson.

- Estou perdida. - balbuciou para si mesma, com as lágrimas escorrendo-lhe dos olhos.

Michael entrou em seu quarto e fechou a porta. Olhou para o quarto, impecavelmente limpo e organizado, graças ao trabalho da moça que ele tinha acabado de ajudar. Abriu a gaveta do móvel ao lado da cama e pegou o último chocolate que ela tinha lhe deixado. Desembrulhou e mordeu um pedaço. Sentou-se na cama, depois deitou-se. Sentiu o perfume de lavanda nos travesseiros, o mesmo das roupas dela... deu para sentir claramente quando precisou segurá-la naquela manhã, tal qual como naquele noite que, apesar de terrível, lhe trazia boas lembranças... Fechou os olhos para lembrar da sensação. Abriu os olhos. Levantou-se. Terminou de comer o chocolate e foi para o banho e tentou não pensar especificamente em nada. Depois que saiu do chuveiro, ainda enrolado na toalha, passou pelo espelho. Ali, por mais que tentasse, não conseguiu deixar de pensar.

    "Ela não é do showbiz... Ela nunca ia entender isso... Um cara que tem que sair do banho e fazer a maquiagem? Nem sei se alguma mulher entenderia..." pensava Michael, reprovando seu próprio reflexo no espelho e lembrando que Carmen já o vira da pior das maneiras: seminu, grogue, sem o aplique no cabelo e com a maquiagem desfeita.

Michael Jackson - ImprovávelOnde histórias criam vida. Descubra agora