Capítulo 23

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Sete dias, exatamente uma semana depois do almoço e 5 dias depois de assinar o contrato, observei as ruas pouco  movimentadas, o sol ainda começava a sair, apreciei o caminho até o aeroporto. Não sei o que esperar dessa viagem, são muitas coisas pra resolver e nós não concordamos em nada, não falei com Henrique desde o dia no restaurante, ele ligou algumas vezes para confirmar a viagem e enviar o contrato mas pedi pra Louis não me passar nenhuma das ligações.

Não quero ser infantil, não é sobre ele ter pedido silêncio, as ocasiões que nos encontramos me deixaram insegura, eu não o conheço e já nos esbarramos em 3 lugares diferentes e em estados diferentes. Prefiro manter distancia até descobrir se ele é quem realmente diz ser, talvez eu devesse contatar meu detetive pessoal...

-Senhorita?- a voz de Kim me trouxe de volta a realidade.

-Hum?

-Chegamos.- Olhei pela janela  e percebi que já estávamos na pista de decolagem, vi o jatinho branco com listras azuis e alguns funcionários próximos a escada, me lembrou uma pintura que fiz na aula de artes dias antes.

-Obrigada.- agradeci quando Kim abriu a porta ao meu lado e desci do carro, o céu tinha tons alaranjados e alguns pássaros cantavam, olhei para cima no momento em que um avião sobrevoou o aeroporto com um barulho alto.

-Senhorita Montreal?- Um homem de cabelo grisalho e roupa de comissário andou na minha direção.- É um prazer conhecê-la, vou levá-la até o seu assento, me acompanhe.

-Pode me dar um minuto?

-Claro, como desejar.- Me virei e dei uma corridinha para alcançar Kim antes que ela entrasse no carro.

-Kim!- ela olhou pra mim confusa.

-Algum problema, senhorita?- Neguei com a cabeça.

-Só preciso que me faça um favor, entregue esse envelope a Milla, diga que ela só deve abrir caso algo aconteça comigo.- Coloquei o envelope marrom na mão dela.

-Mas senhorita...- interrompi.

-Não irá acontecer nada, apenas um procedimento de rotina, eu havia esquecido dessa vez. Por favor entregue para ela.

-Pode deixar, mas...a senhorita está bem?

-Estou, não se preocupe.- Me afastei dela e andei até as escadas do jatinho acompanhada do comissário, senti meus dedos tremerem um pouco e cerrei os punhos cravando as unhas na palma da mão.

Não era um procedimento de rotina, nunca precisei me preocupar com quem viajava, mas dessa vez achei melhor, milla estava no meu testamento mas eu precisava ter certeza que ela teria um valor imediato caso acontecesse algo, testamentos são burocráticos e... tentei não pensar mais nisso.

-Aqui, senhorita. - Sentei na poltrona indicada pelo homem, o jatinho tinha um tamanho normal, tudo tinha a estética preta e branca, a mesa preta na minha frente tinha um balde de gelo, uma garrafa de champanhe e duas taças. Olhei pela janela quando percebi a agitação do lado de fora, uma Mercedes-Benz G63 AMG preta estava estacionada, é um carro e tanto, todos os funcionários ficaram lado a lado, revirei os olhos.

-Ó todos saúdem vossa majestade.- imitei a voz dos filmes.

-Algum problema, senhorita?

-AI!- coloquei a mão no coração, o mesmo comissário que me trouxe até aqui esperava sério mas seus olhos entregavam a vontade de rir.

-Não quis assustá-la.

-Tudo bem.

-Só vim avisar que...- ele hesitou um pouco- bem, a carruagem real vai decolar em poucos minutos caso precise se preparar. Com licença.

Dama de EspadasOnde histórias criam vida. Descubra agora