Nicole Montreal tem 25 anos e um império para comandar, ela é de longe a brasileira mais intensa que você vai conhecer em Nova York. Qual palavra definiria a Nic? Tempestade, com certeza. Porém como a vida não dá ponto sem nó, tem um CEO gostosão qu...
- Oi. - Meu cérebro girou todas as engrenagens existentes para voltar ao modo "Inglês", mesmo depois de quase três meses morando aqui, ainda não estava acostumada em passar 24 horas rodeada por um idioma que não era o meu, o que me deixava bem cansada já que precisava me esforçar mais mentalmente.
- Oi. - Respondi. O garoto de cabelo castanho tinha olhinhos brilhantes quando falava, ele puxou uma cadeira e sentou ao meu lado para dividir a bancada da próxima aula, a sala começou a encher conforme o horário de começar se aproximava. Olhei para o lado, o desconhecido rabiscava algo com certa velocidade em um caderno de folhas sem linhas. Ainda não consegui fazer amigos aqui, não que no Brasil eu tivesse uma grande facilidade para isso, era estranho alguém interagir comigo espontaneamente. Comecei a mexer no cabelo para me distrair.
- Não pode se mexer. - Ele disse sem tirar os olhos do papel.
- O que?
- Preciso terminar o desenho. - Ele estava me desenhando?
- Ah.
- Pronto. - O garoto ainda sem nome me entregou seu caderno onde meu rosto estava desenhado com traços firmes, o lápis preto esfumado em algumas partes como um efeito sombra indicavam conhecimento de artes.
- Eu não sou assim. - Era bonito demais, como uma foto editada e não um espelho realista.
- Tem razão, o desenho não faz a jus a sua beleza, perdoe este mero admirador sem um talento divino a ponto de reproduzir tão belo rosto. - Estranho.
- Poeta?
- Ás vezes. - Ele sorriu, o sorriso mais lindo que já vi, seus olhos quase se fechavam e seu rosto se transformava em um bebê tentando imitar uma careta, desculpe, foi o melhor elogio que consegui pensar, mas era lindo.
- Não. - Senti o suor na minha pele, meu corpo tremia. - NÃO!
- Podemos acampar aqui, pode ver as estrelas. - Os olhos dele brilhavam na escuridão, o céu estava lindo e eu estava feliz.
- Não, por favor...
- Nosso casamento será em uma praia deserta.
- Se afaste dele... SAIA!
- Eu amo você, Nicole.
- Eu também...
- NICOLE! - Eu não podia me ouvir, não conseguia me mexer, todos aqueles momentos passando na minha cabeça sem parar, depois de anos. Os pesadelos haviam sumido há meses, esse era diferente, senti o mesmo frio na barriga daquele tempo mas agora por motivos diferentes, senti meu estômago se revirar.
- Podemos ir para o meu apartamento, se quiser.
Congelei, eu sabia o que viria e não poderia impedir, o sorriso inocente no rosto da minha versão mais jovem que acreditava cegamente no amor, senti as lágrimas rolarem pela minha bochecha enquanto assistia o filme de terror que meu cérebro preparou.
- Thomas?
- Sim?
- O que... - Tudo se passou como um borrão, no meu quarto, anos depois, eu gritava sem conseguir emitir som, presa em uma paralisia onde apenas meus próprios demônios me assombravam.
Não sei quando acabou, simplesmente apaguei, a luz do sol iluminava o quarto. Pandora se remexeu ao meu lado, acordando de um sono sem preocupações, tentei falar que daria tudo para ser ela por um dia mas minha voz não saiu. Rolei na cama para alcançar meu celular na mesinha, 06:23, abri o aplicativo de mensagens na conversa com Louis e avisei que trabalharia de casa hoje, uma mensagem de voz chegou minutos depois.
- Tuuuuuuudo bem, não é como se fôssemos destruir a empresa em um dia. - Ouvi Lily dizer "talvez" e uma risadinha antes do áudio encerrar.
Levantei da cama e o quarto pareceu girar por alguns segundos, não lembro a última vez que comi e Mila estava de folga hoje, desci para a cozinha pensando em algo rápido enquanto era seguida por Pandora. Abri a geladeira e sorri, Mila havia separado vários potinhos com refeições variadas, peguei um escrito "café da manhã" seguido de uma reclamação com letras garrafais sobre esquecer de comer. Peguei uma garrafinha de suco e andei até o meio da sala coberta com um tapete felpudo branco, sentei no chão de frente para a vista da cidade e comecei a comer, ou tentei começar. Pandora me encarava esperando ganhar um pedaço do que eu comia, revirei os olhos e dei um pedacinho de banana a ela, esquecendo que ela é uma vagabunda mimada que ignorou totalmente. Continuei a comer sob o olhar sanguinário do vigia enquanto tentava não pensar naquela madrugada, já passou, não preciso mais ter medo, ele está em um lugar que não pode mais me machucar.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ Não me perguntem oq tá acontecendo hehe, capítulo da semana tá entregue e na próxima talvez eu solte dois, sem certeza ainda.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.