Capítulo VIII - 2°

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A vida era, realmente, uma grande caixinha de surpresa. Nunca se sabe o que pode acontecer, a única certeza que tinha, era de que nada era impossível.

Voltar a vida, por exemplo, há quem duvide dessa possibilidade. Apesar de não ter limitações quando se tratava de Deus, as pessoas costumavam duvidar das coisas.

Marília se encontrava perdida em sua linha de pensamentos, deitada na cama junto a Maraisa que se encontrava escondida em seus braços.

As coisas não se ligavam, de alguma forma, ainda não entendia como tudo funcionava, isso só aflorava suas dúvidas.

Por outro lado, o dia cinco se repetia. Sua mente lhe torturava com a culpa de não ter dito, poderia ter evitado aquilo. Ela poderia levar o Leozinho no primeiro dia de aula, poderia assistir as apresentações de dia das mães.

— Amor, tá tudo bem.- Falou baixinho, consolando pela quarta vez sua esposa, logo tendo a mais velha agarrada em sua cintura.

Mas era como se não pudesse ter impedido, era só não andar mais de avião, quem sabe pudesse usar só o ônibus de turnê.

— Não, Marília, não está.- Afirmou fungando baixinho. Seu tom firme, como se estivesse com raiva, arrancou da loira um suspiro cansado, mas ainda sim, manteu-se em silêncio.

— Eu te vi morrer, eu te vi partir de novo e eu não pude fazer nada.- Concluiu entre soluços, sentindo suas lágrimas escorrerem.— Você acha que tem algo que me doa mais que isso? Eu sabia o que aconteceria e não pude te proteger, eu me senti tão impotente.

— Amor, você não podia fazer nada.- A loira tentava desde cedo lhe mostrar que ela não tinha culpa e havia feito o certo, mas ela não queria lhe escutar. — Se você tivesse feito algo, talvez eu nem estivesse mais aqui.

— Se eu tivesse salvo você, era só não pegar mais avião.- Concluiu com o tom abafado pelo pescoço da loira que soltou um suspiro cansado.

— Maraisa, aquele é o passado. Aquilo tinha que acontecer naquele dia e aconteceu, hoje eu tô aqui de novo.- Concluiu á loira olhando para Maraisa que tinha suas bochechas molhadas pelas lágrimas.

— Mas se eu tivesse impedido, você teria ido ao primeiro dia de aula do Léo, estaria nas festas do dia das mães.- Concluiu entre soluços, sentia sua parcela de culpa.

Marília afastou-se um pouco e passou as palmas de suas mãos pelas bochechas molhada da esposa, limpando os resíduos de lágrimas que haviam ali.

— Amor, você não pode mudar o passado.- Sussurrou voltando a prende-la em um abraço apertado.— Eu levei o Léo pra escola da mesma forma, eu fui as apresentações de dia das mães. Tá tudo bem.

Perséfone estava encostada no corrimão da escada, olhava atentamente as duas crianças brincando no chão da sala em completo silêncio.

Léo estava concentrado em seus carrinhos e bonecos de super heróis, já a menina mais nova brincava com alguns brinquedos de montar que haviam ali.

Poderia dizer que estava entediada, aquelas crianças estavam muito quietas. Sua mente lhe levava á mais cedo, em como quase conseguiu o que tanto queria.

Marcela pegou algumas bonecas e correu até a cozinha, um arrastado de cadeira ecoou pelo piso do coqmodo e em poucos minutos o barulho da água se fez presente.

A atenção de Perséfone seguiu até o sofá, o celular de Maraisa se encontrava bem alí. Sorriu ao se aproximar do mesmo e olhou para o menino mais velho concentrado em seus brinquedos.

— Léo.- O chamou, logo tendo sua atenção do mais novo que assustou-se ao vê-la ali. Deixou a cabecinha cair para o lado, não estava lhe reconhecendo.

Reincarnation {Malila}Onde histórias criam vida. Descubra agora