Capítulo XII - 2°

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Marília.

Como já era de se esperar, em plena madrugada eu dirigia pela rua em uma velocidade absurda até a casa da minha mãe. Só queria me esconder e ficar em baixo do edredom dela, fingir que nada havia acontecido.

Eu havia fechado as janelas do carro, me permiti descontar toda minha raiva ali dentro. Eu gritei, esmurrei o volante algumas vezes, mas no final, nada daquilo adiantou.

O caminho parecia mais distante, minha visão estava embaçada pelas lágrimas, o céu ainda estava escuro e o amanhecer parecia que ainda iria demorar.

Ao parar em frente a casa da minha mãe, buzinei para o segurança que instantâneamente abriu o portão e ao estacionar o carro ali, desci, fechando a porta do mesmo.

Meus passos até a porta da frente, foram rápidos. Peguei a chave que ficava junto á chave do carro e coloquei na tranca, essa que após alguns giros, abriu.

Entrei, fechando a porta logo depois e subi as escadas correndo. Meus olhos se enchendo de lágrimas de novo, a saudade apertando no peito.

Ao chegar em frente ao quarto da minha mãe, entrei e ao perceber que ela dormia sozinha, me joguei na cama ao seu lado, escondida em baixo dos lençóis.

Minha mãe assustou-se, levando a mão ao coração e logo em seguida me olhou.— Marília, pelo amor de Deus, eu tenho amor a minha vida.

— Eu briguei com a Maraisa.- Concluí com o som abafado, ela puxou os lençóis, me deixando complemente descoberta e me olhou esperando que eu falasse.

Expliquei sobre a briga e fiz questão de falar cada detalhe, eu precisava de alguém que me dissesse o que fazer, apesar de saber bem que não adiantaria.

Mas ainda sim, eu precisava de alguém sincero e eu sabia que minha mãe seria essa pessoa.— Cê disse que ela tava fazendo tempestade em copo d'água, Marília?

Eu me manti em silêncio e quando a ouvi falar aquilo, realmente parecia que eu havia dito um absurdo.

— Cê invalidou tudo o que ela sentia.- Reclamou, eu sentia deu olhar sob mim, me cobri com o lençol.— Ela colocou pra fora o que a incomodava e você, ao invés de compreender e fazer o possível para mudar, cê diz que ela tá fazendo uma tempestade em copo d'água!?

Tudo o que eu podia fazer, era ouvir. Afinal, eu não tinha muito o que dizer, escutando aquilo sair da boca dela daquela forma, me fazia sentir mal.

Contei o resto do que houve, escondida em baixo do lençol e ao terminar, ela puxou o lençol, eu a encarei, seu rosto com a expressão extremamente irritada.

— Como que cê tem coragem de dizer uma coisa dessas á ela? - O seu tom irritado me chamou a atenção, mas tudo o que fiz, foi me esconder novamente no lençol.— Cê acha que ela é insegura por que ela quer? Tenha santa paciência.

— Eu sei que não, mas saiu.- E não menti, eu realmente não queria ter dito aquilo pra ela. Acredito que por ter me alterado demais, acabei dizendo o que não deveria.

— Segure essa sua língua.- Concluiu, puxando o lençol do meu rosto, não queria encarar seu olhar irritado, então desci meu olhar para o pano branco que cobria a cama.— A Maraisa é uma mulher maravilhosa, que sabe dividir seu tempo muito bem.

— Eu sei, mãe.

— Não parece.- Seu tom de voz estava se alterando, seu rosto não parecia mais sonolento. Ela realmente parecia decepcionada comigo. — Cê mal tem tempo pra ela e nem liga pra isso, como consegue passar dois meses inteiros sem nem, se quer, vê-la?

— Eu acho que me acostumei com isso.- Sussurrei mais pra mim mesma, mas ela acabou por ouvir.

— Cê ama ela mesmo? - Me perguntou, sua expressão cansada, ela esperava uma resposta minha para aquela pergunta.

Reincarnation {Malila}Onde histórias criam vida. Descubra agora