— Claro que não, você ouviu tudo o que eu te falei? - Dona Ruth repreendeu a filha que suspirou cobrindo o rosto.— Ela gosta de você e você gosta dela. Seus sentimentos não estão envolvidos no passado, quando suas memórias voltarem você vai continuar apaixonada por ela. Aí você vai magoa-la, magoar a si mesma e magoar o Murilo.
O silêncio tomou conta do quarto e em poucos segundos os soluços da loira voltaram a tomar conta dele.
— E o que eu faço? - Perguntou com a voz chorosa abafada pelo travesseiro.
— Dê um tempo para ela.- Ruth pediu vendo a mais nova lhe olhar e aproveitou para passar os dedos por suas bochechas, limpando as lágrimas que caiam.— Ela te ama, disso você já sabe. Quando ela perceber que seus sentimentos vão além das suas lembranças, vai ficar tudo bem.
Ainda nem acreditava que aquilo realmente estava acontecendo, claro que sabia que para Deus nada é impossível. Mas o que o faria entre milhares de pessoas, ela ser a escolhida?
Não fazia a mínima ideia do porquê aquilo estava acontecendo, mas seria eternamente grata por aquela oportunidade. Ficaria ao lado de sua filha, a abraçaria mais, a beijaria mais, aproveitaria o tempo com ela o máximo que pudesse.
Maraisa continuava encolhida na cama, coberta com seu lençol até a cabeça. Por mais que tentasse tirar sua mente que tinha a loira como único foco, falhava miseravelmente a cada tentativa.
Permitiu que suas lágrimas molhassem o travesseiro em um choro silencioso e fechou os olhos tentando, sem sucesso, dormir. Sentia falta da conchinha, sentia falta da respiração dela em sua nuca, sentia falta do braço dela sob sua cintura. Sentia falta dela.
No andar de baixo, Maiara brincava com o menino mais novo para que ele não sentisse o clima pesado que cercava a casa. Ele gostava de ter atenção e sem Marília ali e com Maraisa incapacitada de qualquer coisa naquele momento, ela faria com o maior prazer.
— Tia.- Chamou enquanto encaixava uma peça na outra de seus brinquedos de montar.— Cadê a mamãe?
— Foi andar um pouquinho para pensar.- Concluiu enquanto montava o seu, logo vendo o menino lhe olhar.
— E a titia igual tá melhor? - Perguntou vendo a mesma sorrir fraco assentindo.— Posso chamar ela pra brincar com a gente?
— Não amor, ela tá descansando ainda.- Comentou vendo o garotinho voltar a atenção para os brinquedos.
Achava incrível como o pequeno era tão esperto para três aninhos. Compreensívo, nem um pouco desobediente, carinhoso e encantava todo mundo. Marília realmente acertou em cheio, seu filho era alguém simplesmente único.
Queria sair com ele, levá-lo para ir ao parque ou fazer algo divertido. Mas não queria deixar sua irmã só, muito menos no estado deplorável em que estava.
Não sabia mais o que fazer, a morena era muito cabeça dura e por mais que tentasse abrir seus olhos, parecia que ela não queria. Estava presa em uma realidade na qual ela mesma criou.
Olhou mais uma vez para o pequenino ali concentrado em seus brinquedos e pensou no que fazer. Não tinha como dar tanta atenção ao Léo, pois tinha que cuidar de sua irmã e o garotinho gostava de estar sempre acompanhado e querendo ou não, aquilo o afetaria também.
— Leozinho.- Chamou vendo o menino lhe olhar tirando a atenção do brinquedo, esperando que falasse.— A tia vai levar você pra casa da vovó, tá bom?
— Por que titia? - O menino perguntou curioso, logo parecendo pensar.— Eu tô quietinho.
— A mamãe tá lá e a titia vai ter que sair.- Concluiu vendo o menino sorrir assentindo, logo voltando sua atenção para o brinquedo.
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Reincarnation {Malila}
Fiksi PenggemarUm mês após a morte de Marília, Maraisa faz um pedido á uma fonte dos desejos. Esse que para si parecia ser impossível, ao menos era o que achava até que em um dia como qualquer outro, decide dar um breve passeio pelo parque perto de sua casa. _____...