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Eu voltei para casa.
E foi a pior decisão que eu poderia ter tomado.

—- Que porra tá acontecendo aqui?
—- S/n..
—- O que você está fazendo aqui? —- Perguntei a Charles.

—- Eu vim conversar com a sua mãe.. eu achei que você pudesse estar doente, sumiu tão repentinamente. —- Eu cerrei os olhos.

—- Eu só não quero falar com você.
—- S/n..
—- Cara, vaza daqui.
—- Olha o respeito. —- Angela falou me fazendo revirar os olhos no mesmo instante.

Aquele cara não devia ter o mínimo de respeito possível!

—- Vocês estão na minha casa. Por meios legais. Saí da minha casa. Eu vou subir e quando eu descer, eu juro, que se você não estiver longe, você não vai mais conhecer o "jovem talento". —- Eu saí. Quando eu cheguei ao quarto bati a porta com tanta força que eu mesma me encolhi com o susto..

Eu não aguentava mais. Sinceramente.

...

Cassie havia chamado eu e as meninas para sua casa. Eu fui mas por que Maddy insistiu muito.

—- Olhem.. o Nate é uma boa pessoa. - Eu gargalhei.
—- Foi mal.

Era um saco ficar ali, parecia que os únicos assuntos conhecidos pelas garotas era: sexo e garotos. Era exaustivo de verdade.

Eu e Rue mexiamos no celular, de vez em quando ela me mandava alguma mensagem mesmo estando do meu lado. Nós duas só queríamos ficar em casa. Jules havia chegado à pouco tempo, mas não estava gostando nada.

—- E você, S/n?
—- O que têm?
—- Você e Ashtray.. - Kat falou, eu revirei os olhos, não era possível.

Quantas pedras eu havia atirado na cruz na minha última vida?

—- O que você quer dizer?
—- Bem, todo mundo repara o jeito que você olha para ele, é nítido!
—- Eu olho para todo mundo assim. —- Falei desinteressada, a última coisa que eu queria era falar da minha vida amorosa para as maiores fofoqueiras da cidade.

—- Se bem que no dia que eu fui na conveniência tinha uma garota com ele, você sabe?
—- Eu sei. —- Maddy mudou o assunto antes que eu pudesse dar uma resposta maior para Cassie.

E voltaram a falar de sexo, inacreditável.

...

Eu, Lexi, Rue e Jules saímos de lá assim que tivemos a chance e fomos para uma sorveteria.

—- Caramba, eu não aguentava mais. - Rue foi a primeira a se pronunciar.

—- É sempre assim, elas fazem da nossa casa um.. —- Lexi fez uma careta. Nós duas compartilhavamos irmãs parecidas.

—- Vocês viram a Kat tentando falar do "Cinzeiro" ? Como se ela tivesse algo haver.
—- Mas bem.. agora que estamos aqui, apenas nós não é.. - Jules começou.
—- Eu gosto de Ashtray. —- Se eu negasse seria pior.

—- Mas eu não quero falar sobre isso, não façam igual as garotas. —- Elas concordaram levemente.

Mas Rue me olhava como se não fosse surpresa nenhuma e eu sabia que para ela não era, foi a primeira a perceber.

—- Você leu a carta do seu pai? - Jules perguntou, e eu me lembrei que das minhas amigas, eu só havia contado à Rue.

—- Eu li. Ele não é meu pai.
—- Como?
—- Sou fruto de uma traição. Meu pai é Charles Moore..
—- Caramba, parece história de livro, sério. —- Eu sorri. Realmente parecia.

Acho que as meninas concordaram em não perguntar mais nada, porque depois disso nós mudamos de assunto até a hora de ir embora.

...

Eu estava assistindo um filme, Angela estava do meu lado, porém estava em silêncio.
Eu odiava aquilo.

Mas era melhor estar em silêncio do que brigando com ela.

Às vezes eu me perguntava quando aquilo iria acabar e seríamos uma boa família. Mas por enquanto a resposta para a minha pergunta era: Nunca.

Salto temporal:
22 dias


Minhas notas realmente haviam subido desde o começo do tratamento psicológico, mas não era eu quem iria admitir isso.

Ashtray e eu estávamos mais próximos que nunca, pelo menos no meu ponto de vista.

E era véspera do aniversário de Rue, o combinado era que seria na casa de Lexi.

—- Você acha que ela vai gostar?
—- Impossível não gostar. —- Ashtray me deu um selinho antes de ir até a cozinha.

Fez havia concordado em não fazer Rue procurar nenhuma de nós o dia inteiro, e ele havia me mandado dez mensagens sobre o quanto ela estava reclamando por Jules não está atendendo ela.

Eu só conseguia rir.

Rue sempre tentou organizar festas de aniversário, mas nunca conseguia. Ela sempre dizia que o TDAH fazia ela se desconcentrar ou desistir muito rápido das coisas.
Então todo ano éramos nós que fazíamos os aniversários dela.

—- Ash, pode ajeitar as luzes? Meu celular está tocando.

- Claro vai lá. —- Eu saí para o exterior da casa.

—- Alô?
—- Lembra de mim?
—- Não sei nem quem é você. —- Fiz uma cara confusa.

—- Mas eu sei quem você é.
—- Que frase clichê.
—- A cicatriz em sua perna, que eu deixei, mas a que você mais faz questão de esconder. O esfaqueamento do começo do ano. —- Eu hiperventilei.

— Como você sabe?!
—- Eu estou perto.
—- Fala igual gente.
—- Eu estou.

—- Você quer dinheiro?
—- Nada vai me deixar mais feliz que te ver em um hospício. —- E desligou.

Quantas pedras eu atirei na cruz na minha última vida?!

Eu voltei para dentro de casa rapidamente, Ashtray veio me perguntar se estava tudo bem e eu apenas concordei, não ia deixar com que isso estragasse o aniversário de Rue.

O relógio na parede marcava 23:37.

Da conveniência até aqui eram 21 minutos, o tempo de abrir a porta 2. Ia dar corretamente. Eu esperava.

...

Eu me arrumei muito rápido mas eu acho que foi o suficiente, Rue com certeza iria estar com uma roupa comum.

—- S/n, está tudo bem mesmo?
—- Já disse que sim, Ash. —- Eu sorri para ele. Sabia que não ia mudar nada, mas tentei passar confiança.

Meu celular apitou, desconhecido, eu apenas coloquei o celular no silencioso.

Ouvimos um carro se aproximando da casa, eu troquei um olhar com Lexi.

O cálculo das horas havia batido perfeitamente. Pois quando eu abri a porta para Rue o relógio marcou 00:00.

E os olhos da garota brilharam assim que entrou na casa.

The Other Perez- Ashtray e S/n PerezOnde histórias criam vida. Descubra agora