male perfume

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woodwork

Quando Louis vai embora, ele usa a porta da frente dessa vez, decidiu que não é muito seguro ficar usando a escada que está na minha janela e, agora que finalmente me tem como sua namorada, não quer arriscar perder a vida.

Namorada. Eu namoro o Louis. Isso é tão irreal visto que em todas as minhas lembranças com ele, todo o sentimento que eu sentia era ódio. Porém isso foi depois dele se afastar quando éramos crianças, mas eu não me lembro muito disso, não me lembro muito da minha infância.

Mamãe diz que é por conta dos traumas que tive que enfrentar naquela época, e ela tem razão. Todo aquele processo judicial, o pessoal da assistência social, tudo aquilo foi demais para uma criança.

Mas não quero pensar nisso agora. Eu quero pensar na felicidade que Louis me proporcionou, só isso.

Ele foi embora poucas horas antes do horário em que meus pais chegam, aliás, eles ainda não chegaram. Eu não queria que ele tivesse ido embora, eu queria que ele continuasse aqui, deitado na minha cama enquanto me beijava daquele jeito... Aquele jeito que ele me beija me faz parecer uma desesperada quando estou longe de seu toque. Mas é tão bom, tão quente e parece certo, parece certo estar com ele desse jeito.

Não tenho tanta certeza se é certo, mas é bom. Muito bom. E pra mim isso já é suficiente. O jeito como os músculos de seu braço se tencionavam enquanto ele suportava seu peso neles, o jeito como seu toque deixava minha pele queimando... Isso me faz quase correr para ele.

Me levanto da cama em um sobressalto, deixando a posição de estrela quando ouço o carro dos meus pais na garagem.

Caminho quase tranquilamente até a porta, levantando minha mão até a maçaneta e deixando minha tranquilidade se esvair. Eu namoro agora. Eu tenho um namorado, e isso é muito bom, devo acrescentar, mas como vou contar isso para os meus pais?

Eles nunca foram do tipo conservadores, afinal, papai quase me pagou para eu começar a namorar Louis, o que foi bem estranho. Mas agora é diferente, agora eu realmente gosto dele, eu amo ele e ele me ama, antes nós nos odiavamos e talvez esse fosse o motivo pelo qual papai aprovava tanto a nossa aproximação, mas e se agora ele odiar isso?

— Tames? — ouço mamãe gritar do andar de baixo.

Merda, não tenho muito tempo para pensar.

Olho com uma expressão culpada para o novo anel que enfeita meu dedo anelar e sussurro um pedido de desculpas em meio a uma careta insatisfeita quando o tiro e guardo de volta na caixinha, tomando o cuidado de colocá-la dentro da última gaveta da penteadeira.

Paro em frente ao espelho e respiro fundo, dando uma penteada no cabelo com os dedos, eles ainda estão uma bagunça depois da sessão de amaços com Louis, eu ainda estou uma bagunça depois daquilo.

Qualquer um estaria, é a porra do Louis Partridge gostosão do último ano, popular, faz parte do grupo de teatro, é amigo do pessoal do futebol, e eu já falei que é o maior gostoso do último ano? Não que ser do último seja grande coisa, porque eu sou e não é lá grandes coisas, mas porra!

— Já estou indo! — grito correndo para fora do quarto quando minha mãe me chama de novo, o medo de ela subir até aqui e ver minha cama bagunçada com cheiro de Partridge me faz correr mais rápido do que jamais imaginei que conseguiria.

Não que tenhamos feito algo muito "uau", eu continuo com a minha virgindade, não que eu a queira agora, isso parece um pensamento pervertido, acho melhor parar por aqui.

Mas a ideia de fazer aquilo é estranha, não um estranho ruim, um estranho bom e muito bem vindo.

— Por que demorou tanto? — ouço mamãe assim que desço o último degrau da escada e ela me cumprimenta com um beijo na bochecha.

— Nada, só estava... Hm. Estava no banheiro. — que mentira péssima. Era melhor ter dito que estava pensando no meu namorado gostoso, mas eles não sabem que eu tenho um namorado, muito menos um namorado gostoso.

Olho para frente e vejo meu pai me olhando desconfiado de seu lugar na mesa enquanto passa algum creme ou molho ou seja lá o que é aquilo, em uma fatia de pão.

Dou um sorrisinho sem graça por saber que fui pega mentindo e desvio o olhar.

— Venha, nós trouxemos comida. — mamãe diz me puxando até a mesa de jantar.

Franzo o cenho olhando para sua camisa ao avesso. Foi por isso que demoraram? Eles estam— Que nojo! Pensar em eu e Louis fazendo aquilo é estranho, mas não nojento, mas pensar em meus pais fazendo aquilo é abominável.

— Não estou com tanta fome. — falo me sentando em meu lugar de costume.

— Tudo bem, você pode apenas nos acompanhar. — Papai diz com um sorriso amigável. Mas o olhar em seu rosto deixa claro que eu não me safei da mentira.

Os próximos minutos se passam em um silêncio estranho enquanto meus pais comem a comida que trouxeram. Até que de repente, meu pai para quando está com o garfo prestes a entrar em sua boca e fica parado nessa mesma posição por alguns segundos me encarando. E eu o encaro de volta com cara de paisagem e inocência, um sorriso de anjinho – o qual me conseguiu muitos doces na infância – enfeitando meus lábios.

Posso ouvir meu anjo da guarda me avisando para correr.

— Você está cheirando a perfume masculino. — mamãe fala olhando para seu prato antes mesmo que meu pai tenha a chance de abrir a boca.

Que maravilha. Até calada eu cavo a minha própria cova.

— Não era isso que eu ia dizer, mas também é verdade. Colar bonito esse daí. — Carter gesticula com o garfo na direção do meu pescoço.

Colar. Colar bonito. Puta. Merda.

Engulo em seco e levo minha mão até meu pescoço, sentindo o pequeno pingente de coração gelado contra a minha palma.

Solto um riso de desespero.

— Você também acha? Eu também amei, achei bem bonito. Ele tem até o meu nome, acredita? Não bem o meu nome, mas se refere a mim. — que merda eu tô fazendo

Meus pais trocam um rápido olhar cúmplice com um sorrisinho antes de mudarem suas expressões para uma de pais sérios e responsáveis e direcionarem seus olhos na minha direção.

— Quem é? — mamãe pergunta largando os talheres de prata delicadamente no prato e cruzando as mãos sobre a mesa.

Pelo canto do olho, posso ver os lábios do meu pai se movendo enquanto ele sussura repetidamente "por favor Louis, por favor Louis".

— É... — levo a mão até a nuca e aperto dois dedos contra aquela região, um ato de nervosismo com o qual já estou acostumada; meu cabelo acaba se afastando daquela região com a ação.

— Misericórdia! Ele é um vampiro? Ou a porra de um lobisomem e arrancou a merda de um pedaço de carne do seu pescoço? — papai pergunta exasperado e eu me apresso em colocar minha mão sobre uma das "marcas que provam que você é minha" que Louis deixou no meu pescoço.

Jesus.

𖧷

lina;
gente, eu tenho uma conta no insta onde eu posto de tudo e mais um pouco (@/beav.reads) e tava pensando em começar a usar ela pra interagir com vcs, falar sobre a fic e coisas do tipo, o que vcs acham? vcs poderiam tirar dúvidas sobre a história, dar sugestões e outras coisas

❛𝗻𝗼𝘁 𝘁𝗵𝗶𝗻𝗸𝗶𝗻' 𝗯𝗼𝘂𝘁 𝘆𝗼𝘂❜Onde histórias criam vida. Descubra agora