Baumann
O caminho de carro até em casa é insuportavelmente desconfortável.
Os sussuros e cochichos dos meus pais no banco da frente só me deixam mais curiosa e atenta a cada palavra murmurada.
Diferente de Ryan, que brinca distraído e preguiçosamente com seu boneco do Homem de Ferro, prestes a cochilar em seu assento de elevação no banco de trás ao meu lado; me sinto incrivelmente inquieta.
Inúmeras dúvidas e palavras-chaves se embolavam no meu cérebro, resultando em uma péssima dor de cabeça.
Como e por que meus pais conhecem os Woodwork? Por que a Tames surtou quando ouviu o nome do meu pai? O que foi todo aquele show de horrores entre as nossas mãe? Ou melhor, nossa mãe?
— Então agora a culpa é minha? Você é inacreditável Ivan! Acha mesmo que eu iria levar a nossa família até lá se soubesse que Marlee e a... — sua voz falhou de um jeito que eu nunca vi antes — ela e a s/n estariam lá?
E lá vamos nós.
— Você poderia por favor parar de colocar palavras na minha boca? Não foi isso que eu disse, eu só disse que desde o princípio deixei claro que não achava uma boa ideia irmos até essa festa estúpida. - Ivan falou em um tom controlado, completamente diferente de Elara. Mas era possível e fácil, perceber que ele estava se controlando muito para manter a calma.
— Ah claro, desculpe, eu esqueci dessa sua baboseira sobre mal pressentimento e espiritualismo. Sinto muito querido, da próxima vez irei dar ouvido aos sinais do universo.
O tom de ironia na voz da minha mãe fazia com que até mesmo eu, que não tenho nada a ver com a discussão – eu acho – tenha vontade de socar sua cara.
E acredite, eu sei o quão desrespeitoso isso soa, mas não faz muita diferença. De qualquer forma, Elara Baumann não conhece sequer a palavra limite, imagine só respeito. Provavelmente deve pensar fazer parte do vocabulário da língua de seres de outro planeta.
Quando percebo que a discussão está apenas começando, solto um suspiro alto que acaba os calando por um momento, mas só o suficiente para que eu retire meu celular do bolso junto com os fones.
Ignoro completamente o silêncio intimidador, porque é essa a intenção do silêncio deles, não é como se tivessem parado de brigar porque meu suspiro deixou claro que estou cansada disso, Elara jamais faria isso. Não, essa não é ela. A verdadeira intenção é me fazer questionar a mim mesma o que acabei de fazer "Oh, sou uma filha tão terrível que acabei de interromper uma discussão importante dos meus papais" que grande merda.
Fingindo que não percebi o olhar cortante de Elara refletindo diretamente na minha direção através do espelho retrovisor, conecto o bluetooth com os fones e coloco uma playlist de músicas infantis antes de colocar os fones nos ouvidos de Ryan, tomando o devido cuidado para não acordar a criança que dormiu com o rosto apoiado em meu ombro.
Aumento o volume ao máximo e seguro sua pequena mão na minha, desviando o olhar para a janela e observando as ruas enquanto não chegamos.
Em um certo ponto, ela percebe que não vou encará-la e desvia o olhar para o marido.
— Sinto muito querido. Eu só não... Não sabia como reagir, já se passaram tantos anos... — Elara começou o seu show, sua voz baixa e mais falsa do que aquelas Barbies que têm o meio da cabeça careca, cortando o silêncio.
Observei quando sua mão se esgueirar devagar até a dele e entrelaçar seus dedos aos de Ivan.
Esse que permanecia em silêncio profundo, não emitindo um som sequer.
Seu olhar se ligou ao meu através do retrovisor, mas foi igual ao de sempre: inexpressivo, ilegível, incompreensível.
Ele não deixava que ninguém o lesse, nunca, pelo menos não desde que me entendo por gente.
— Eu te amo.
Ela não amava. Nunca amou, na verdade. Talvez Ivan até sinta algo por ela, mas algo bem próximo de pena ou remorso, mas não amor.
Elara só foi atrás dele depois que descobriu que eu existia, o que automaticamente, de certa forma, a daria acesso ao dinheiro de Ivan.
Pelo o que minha Oma me contou, muitas coisas estavam acontecendo quando Elara engravidou de mim – talvez essas coisas estejam relacionadas a Tames – e por isso, ela tinha o plano de abortar.
Mas ela só descobriu que esteva grávida depois de um longo período da gravidez, o que, perante a lei, a impedia de cometer um aborto.
No entanto, não de me colocar para a adoção.
No dia em que eu nasci, ainda no hospital, Ivan deu um jeito de me entregar à minha Oma ao invés de a adoção enquanto Elara ainda estava sob efeito da anestesia. Assim, sua mãe me levou para seu país de origem, Alemanha.
Dessa forma, ele não teria que viver com o peso de saber que entregou uma filha para um completo desconhecido.
Resumindo, quando Oma morreu, Ivan não teve outra escolha a não ser me trazer da Alemanha e me criar, de alguma forma, Elara descobriu a minha existência e voltou com ele, não por mim é claro, pelo dinheiro da herança.
Dessa relação de interesses, surgiu Ryan, e agora aqui estamos nós: Os Baumann.
Se começar a ligar os pontos, eu posso até conseguir descobrir a verdade sozinha.
O jeito como Elara falou que conseguiria a guarda de Tames de volta em um estalar de dedos e o choque no rosto de Ivan ao vê-la, só podem significar uma coisa: eu e Ryan temos uma irmã.
O que significa que as coisas que eles estavam lidando quando descobriram que Elara estava grávida de mim, era o bebê Baumann, s/n.
Por isso não conseguiriam lidar com uma criança no momento, porque já tinham uma.
Como Tames foi parar nas mão de Marlee e Carter? Eu não faço ideia.
É chocante e bizarro lidar com todas essas revelações? Sim, mas eu faço parte da família de Elara Baumann, já estou acostumada.
Por mais doida e cheia de furos que essa teoria seja, eu meio que acredito um pouco nela, porque criar teorias é a única forma de obter meias respostas, afinal, ninguém irá responder minhas dúvidas a não ser eu mesma.
— Eu sei querida, eu também. — a mentira é tão grande que ele sequer consegue sentir segurança nas próprias palavras.
𖧷
lina;
hj faz um ano de ntby 🥳😁
pensando nisso, eu pensei em postar mais uns dois capítulos hj, mas isso vai depender de vcs pq ultimamente a fic tá um flop ambulante
resumindo, se tiver bastante voto, eu posto, se não, não 😽
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❛𝗻𝗼𝘁 𝘁𝗵𝗶𝗻𝗸𝗶𝗻' 𝗯𝗼𝘂𝘁 𝘆𝗼𝘂❜
Fanfiction(🪴) 𝗻𝗼𝘁 𝘁𝗵𝗶𝗻𝗸𝗶𝗻' 𝗯𝗼𝘂𝘁 𝘆𝗼𝘂 ❪Louis❫ 𝗼𝗻𝗱𝗲 Louis e s/n mantêm um ódio banal um pelo outro desde o maternal. Obra inteiramente escrita por mim. Não permito adaptações. | 𝘄𝗿𝗶𝘁𝘁𝗲𝗻 𝗯𝘆 -ibeaver | 𝗮 𝗹𝗼𝘂𝗶𝘀 𝗽𝗮𝗿𝘁𝗿𝗶𝗱𝗴...