ew, feelings

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woodwork

Fico vegetando na frente do calendário, sentindo minha mochila pesar nas costas e lamentando por ter que encarar a verdadeira realidade e não a que eu inventei. A qual eu não precisaria encarar Louis depois de ter passado meia hora trocando beijos com ele até alguém sentir nossa falta e começar a gritar nossos nomes.

— Filha, você vai se atrasar! — minha mãe grita da cozinha.

Cinco de janeiro, quinto dia do ano, primeiro dia de aula depois dos feriados. O novo "pior dia do mundo".

Desço as escadas na maior má vontade e logo vejo Ruel e meu pai na sala de jantar enquanto tomam o café da manhã.

Ruel mexia com a colher em seu cereal com leite, sem a menor animação.

— Bom dia — começo meio hesitante ao ver a cara de velório do meu pai e de Ruel—Onde estão Kate e Luccas? — questiono jogando minha mochila no chão e puxando uma cadeira para me sentar.

Papai olhava tristemente para sua caneca de café e acho que nem ouviu o que eu disse.

— Pare de drama Carter, o único com um motivo plausível para estar desanimado aqui é o Ruel. — mamãe entra na sala de jantar e vem até mim com uma tigela de cereal — Bom dia, querida.

— Bom dia. — respondo ainda não entendendo nada.

— Luccas descobriu que minha mãe e meu pai estão se divorciando e não reagiu muito bem, então mamãe levou ele no parquinho para ver se ele se animava um pouco. — Ruel responde sem olhar diretamente para mim.

— Sinto muito.

— Tudo bem. — ele solta um sorriso quase inexistente.

— s/n, tem certeza que aquele rapaz não é seu namorado? — meu pai pergunta me olhando com esperança.

— Quê? — pergunto confusa.

— Para com isso Carter! Seu pai está melancólico desde que você o contou que não namora o Louis e que aquilo não passou de uma brincadeira dos seus amigos. — Marlee justifica se sentando para tomar seu café da manhã.

— Mas ele até te chamou de "minha namorada" — tenta argumentar.

— Louis é um idiota pai, não deveria acreditar em tudo que ele diz. — levo uma colherada de cereal até a boca.

Minha mãe me olha com um sorriso suspeito.

— Idiota é? Você não parecia pensar isso na sacada.

Puta merda.

— Como é?

— Vamos logo s/n, você vai se atrasar para a aula. — mamãe me puxa da cadeira e joga a mochila em mim quando ouvimos a buzina do carro de Noah e Chloe, ignorando completamente o ponto de interrogação na minha testa.

— Mas mãe...

— Mas nada, anda logo.

Ela praticamente me expulsa de casa e fecha a porta em seguida sem me dar uma explicação se quer.

— Bom dia, flor do dia. — Noah cantarola quando eu chego até o carro.

— Bom dia Noah. — deixo um beijo na sua bochecha quando ele desce do banco da frente e entra no de trás comigo.

— Bom dia s/n. — Chloe diz do banco do motorista me encarando pelo retrovisor.

Aceno com a cabeça e começamos o caminho até a escola. Fomos o caminho inteiro com Noah deitado no meu ombro falando sobre o que sentiu em cada uma das trezentas e duas vezes que ele assistiu o vídeo que a Zendaya gravou para ele.

❛𝗻𝗼𝘁 𝘁𝗵𝗶𝗻𝗸𝗶𝗻' 𝗯𝗼𝘂𝘁 𝘆𝗼𝘂❜Onde histórias criam vida. Descubra agora