big smile

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woodwork

— Apple pie!

Abro os olhos no instante em que as duas palavras deixam a boca de alguém próximo a mim.

Minha visão leva alguns instantes para focar novamente, assim como meus ouvidos demoram alguns segundos para voltarem a funcionar direito.

Percebo que voltei realmente à consciência quando sinto as mãos de Louis nos meus ombros e consigo entender o que está acontecendo ao meu redor.

Que merda.

Acho que acabei de ter um ataque de pânico ou a merda que isso tenha sido, em público.

— Você está bem? Me responda. — Louis pergunta com os olhos cheios de lágrimas, me fazendo perceber que ainda estou aqui, ainda não falei nada e sequer dei algum indício de que estou bem.

É porque eu não estou.

— Sim, sim. — balbucio ainda meio desnorteada e passo meus olhos ao redor do cômodo, na esperança de que nada disso tenha acontecido de verdade.

Mas aconteceu. E minha mãe correndo na nossa direção enquanto segura a barra de seu vestido e conseguindo, de alguma forma, se equilibrar em seus saltos para não cair ou torcer o tornozelo, é só uma prova disso.

— Aí meu Deus! O que aconteceu, você está bem? — mamãe pergunta quando Louis se afasta minimamente para dar a ela espaço para se aproximar.

Ver seu rosto assim tão perto de mim com a cabeleira loira toda bagunçada por conta da pequena corrida, me acalma consideravelmente, meus pulmões param de doer e finalmente voltam a aceitar o oxigênio.

Suas mãos se soltam do vestido e se encaixam cada uma de um lado do meu rosto, emoldurando-o e me puxando para mais perto.

— Tames? Filha, o que tá acontecendo? — suas palavras soam baixas e, de alguma forma, calmas, mesmo que o desespero esteja estampado em suas expressões e ações.

Fecho os olhos apreciando seu toque e desejando desaparecer daqui quando abri-los, mas isso não vai acontecer.

Quando os abro novamente, Marlee me encara em dúvida, mas apenas um nome já é o suficiente para acabar com todas elas.

— Ivan Baumann.

E com apenas isso, seu rosto se torna pálido e inexpressivo.

— Espera aí — Rachel diz antes de uma risadinha de desespero — esse é o nome do meu pai.

Mamãe se vira para ela com os olhos arregalados e então me encara de volta, começando a intercalar seu olhar aflito entre ambas.

— Me desculpe, mas quantos anos você tem? — Mamãe pergunta para Rachel, que parece assustada e talvez, até com um pouco de medo.

Fecho os olhos por um segundo enquanto o silêncio ainda não é rompido por sua resposta, mas os abro logo em seguida.

O ambiente ao nosso redor ainda continua parcialmente o mesmo: crianças brincando de um lado para o outro - são inocentes demais para perceber algo de errado. No entanto, alguns adultos percebem a pequena confusão de pessoas no canto da sala, mas não se atrevem a deixar sua curiosidade falar mais alto.

— Dezesseis. Um ano mais nova do que Tames e os outros. Tem algo de errado nisso, senhora Woodwork? O que está acontecendo?

Rachel não obtém uma resposta e começa a entrar em pânico depois de segundos demais em silêncio, mas não há muito o que fazer a respeito disso, Marlee saiu de órbita no instante em que o número dezesseis deixou sua boca.

❛𝗻𝗼𝘁 𝘁𝗵𝗶𝗻𝗸𝗶𝗻' 𝗯𝗼𝘂𝘁 𝘆𝗼𝘂❜Onde histórias criam vida. Descubra agora